Pesquisadores desenvolveram uma ferramenta para analisar o envelhecimento de alguém em relação a cinco habilidades importantes para a vida humana. Nomeado pelos pesquisadores do estudo como relógio de capacidades intrínsecas, o instrumento apresentou resultados positivos para averiguar a queda da qualidade de vida no envelhecimento. Em homens, por exemplo, esse declínio começa principalmente aos 67 anos, enquanto em mulheres é aos 42 anos.
O artigo, publicado na revista Nature Aging, foi baseado na ideia de capacidade intrínseca. Esse conceito foca habilidades físicas e mentais relevantes para humanos em diferentes momentos da vida. Na pesquisa, cinco capacidades foram levadas em consideração: cognição, locomoção, bem-estar psicológico, habilidades sensoriais e vitalidade.
A partir do deterioramento ou da continuidade desses fatores, é possível investigar como ocorre o envelhecimento de alguém e propor estratégias para manter a capacidade funcional de humanos. O problema é que não havia uma ferramenta biológica para mensurar a relação entre idade e essas capacidades. Até existem métodos não biológicos para essa finalidade, mas eles exigem diversos equipamentos e profissionais.
O estudo buscou superar esse gargalo. Inicialmente, os pesquisadores tiveram acesso a dados de 933 pessoas que participaram de um estudo clínico francês. A partir dessas informações, eles identificaram uma molécula no sangue humano que traz informações sobre o estado de diferentes capacidades intrínsecas, incluindo as cinco que o estudo focou. Essa foi a ferramenta nomeada como o relógio de capacidades intrínsecas, já que foi possível acessar a relação entre envelhecimento e as cinco habilidades analisadas na pesquisa.
No caso, o estudo concluiu que quanto mais velho alguém fica, maior a chance de apresentar deficiências nessas cinco capacidades. Mas existem algumas peculiaridades, como no caso de sexo biológico. No geral, mulheres começam a apresentar declínio nas capacidades intrínsecas aos 42 anos. Homens, por outro lado, tendem a manifestar essa queda aos 67 anos. No entanto, em relação à capacidade cognitiva, o cenário é outro: o declínio em homens começa aos 72 anos e nas mulheres, aos 86 anos.
Além dos dados das 933 pessoas, o estudo também contou com um segundo grupo de participantes de cerca de 2.500 indivíduos. O objetivo era observar se os dados do relógio, além de trazer informações sobre o envelhecimento de uma pessoa a partir das habilidades físicas e cognitivas, também poderiam indicar riscos para diferentes causas de mortalidade, o que realmente ocorreu.
Doenças cardiovasculares e AVC (Acidente Vascular Cerebral) foram duas causas de mortalidade associadas com os dados de envelhecimento observados a partir do relógio. Performance do sistema imunológico foi outro fator relacionado com o relógio.
Essas conclusões são indícios de que o relógio pode trazer informações sobre como ocorre o processo geral de envelhecimento de uma pessoa considerando doenças e problemas de saúde, não focando somente a queda de habilidades físicas e cognitivas.
A partir das conclusões do artigo, a ideia é que um dispositivo baseado na análise de gotas de sangue seja desenvolvido para avaliar o envelhecimento de uma pessoa. O instrumento seria útil para popularizar medições do envelhecimento do corpo humano. Os pesquisadores já trabalham nessa ferramenta, mas muitos testes e pesquisas ainda precisam ser feitos.