Página Inicial Saúde Sarampo: São Paulo vacina bebês após surtos no exterior – 18/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Sarampo: São Paulo vacina bebês após surtos no exterior – 18/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

A cidade de São Paulo iniciou na terça-feira (17) uma campanha de vacinação contra o sarampo para a aplicação da chamada dose zero, voltada a bebês que tenham de 6 meses a 1 ano de idade. A estratégia visa reforçar a imunidade desse público mais vulnerável em meio ao surto da doença nos Estados Unidos, além do registro de casos também no Brasil.

A vacinação com a dose zero é uma recomendação do PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde, para locais de grande circulação e com a presença de pessoas vindas de países como os EUA.

A Secretaria Municipal da Saúde ressalta que a dose zero contra o sarampo é uma medida preventiva que não substitui as doses do calendário de rotina, que devem ser aplicadas aos 12 e 15 meses de idade.

A imunização contra o sarampo é feita em esquema de duas doses com a vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola.

Em 2025, a cobertura vacinal da primeira dose é de 101,61% até o momento, e a da segunda dose, de 95,89% —ambas acima da meta de 95% de cobertura. Apesar dos índices gerais positivos, especialistas alertam para a importância de manter a vigilância e ampliar a proteção de grupos mais vulneráveis.

“Essa faixa etária [crianças de 6 meses a 1 ano] tem risco muito maior de complicações e de mortalidade por sarampo”, afirma a pneumologista Mônica Levi, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

“A dose zero não substitui as doses do calendário porque, nessa fase, o bebê ainda pode ter anticorpos passados pela mãe durante a gestação. Esses anticorpos podem atrapalhar a ação da vacina, fazendo com que ela não funcione tão bem”, acrescenta.

Segundo Levi, São Paulo foi incluída na estratégia por ser um polo de grande densidade populacional e destino frequente de migrantes e imigrantes.

“É um município que recebe muita gente do Brasil e do exterior, inclusive de regiões com surtos ativos, como Europa, Estados Unidos e Canadá. Basta um caso importado para que o vírus volte a circular”, diz.

Neste ano, o Brasil voltou a apresentar casos autóctones (com transmissão interna) da doença, após quase três anos sem registros. Em março, dois casos foram notificados em São João de Meriti, no Rio de Janeiro. Em abril, São Paulo registrou o primeiro caso.

“A vigilância foi eficaz nesses episódios, com bloqueio vacinal e rastreamento de contatos, o que impediu a disseminação. Mas o risco persiste”, destaca Mônica Levi.

Os casos não prejudicam o status do Brasil como país livre da circulação dos vírus de sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita, certificado pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em novembro do ano passado. Foi a segunda vez que o Brasil recebeu tal certificado. O primeiro foi concedido em 2016, mas perdido em 2018 após a reintrodução do vírus no país e novos surtos da doença.

De acordo com Levi, há risco alto de o sarampo voltar a entrar no país devido à intensa circulação internacional de pessoas. “No último surto, o país não estava com uma boa cobertura vacinal e foi difícil recuperar o certificado de eliminação da doença. Não podemos baixar a guarda. A cobertura precisa ser homogênea, não adianta ter média alta se houver bolsões de não vacinados.”

Em São Paulo, as vacinas estão disponíveis nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Aos sábados, a vacinação ocorre nas unidades de Assistência Médica Ambulatorial integradas às UBSs, no mesmo horário. A localização das unidades pode ser consultada no site Busca Saúde.

Adultos também devem se vacinar. Quem não tem o registro ou não sabe se já foi imunizado deve receber a vacina. Acima dos 60 anos, a aplicação não faz parte do calendário de rotina, mas pode ser indicada em situações de risco, como após contato com alguém infectado. A única contraindicação é para gestantes e pessoas imunossuprimidas.

Famílias abandonam 2ª dose da tríplice viral

A taxa de evasão da segunda dose da vacina tríplice viral ultrapassa 50% em 14 estados brasileiros, comprometendo a efetividade da imunização e aumentando o risco de reintrodução dde sarampo, caxumba e rubéola.

Esses dados fazem parte do Anuário VacinaBR 2025, elaborado pelo IQC (Instituto Questão de Ciência) com apoio da SBIm e parceria do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), lançado nesta terça (17). O relatório aponta desafios significativos para a manutenção da imunização no país e reforça a necessidade de estratégias para reduzir o abandono vacinal.

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