Página Inicial Saúde Ir ao banheiro ‘por via das dúvidas’ faz mal para você? – 04/07/2025 – Equilíbrio

Ir ao banheiro ‘por via das dúvidas’ faz mal para você? – 04/07/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

“Um urologista me disse recentemente que eu não deveria ir ao banheiro ‘por via das dúvidas’. Isso é verdade?”, pergunta uma leitora.

Quando crianças, muitos de nós fomos incentivados a urinar antes de sair de casa ou sempre que havia um banheiro por perto. Havia uma boa razão: usar o banheiro “por via das dúvidas” pode ajudar a prevenir acidentes entre crianças propensas a “segurar”.

Urologistas chamam essa prática de micção por “conveniência” ou “preventiva”, e pessoas de todas as idades fazem isso, frequentemente antes de sair de casa ou ir dormir.

Uma ida ocasional ao banheiro “por via das dúvidas” não causará muito dano, diz Ariana Smith, professora de urologia na Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia. Mas fazer isso várias vezes ao dia pode aumentar a probabilidade de problemas na bexiga ao interromper o ciclo natural de feedback entre a bexiga e o cérebro.

Como urinar ‘por via das dúvidas’ afeta a saúde da bexiga?

Para entender por que a micção preventiva pode ser prejudicial, é útil saber como a bexiga funciona. À medida que seus rins filtram o sangue para remover resíduos, eles produzem urina, que é transportada para a bexiga. Mulheres geralmente podem reter até 500 mililitros de urina, ou cerca de dois copos, em suas bexigas; homens podem armazenar 700 mililitros, ou quase três copos.

Geralmente sentimos vontade de usar o banheiro bem antes de atingirmos esse limite, quando nossa bexiga contém entre 150 e 250 mililitros de líquido. À medida que a bexiga se enche, ela envia sinais nervosos ao cérebro, informando que é hora de ir.

Os especialistas com quem conversamos disseram que quando você urina “por via das dúvidas”, sua bexiga começa a alertar seu cérebro muito cedo, antes de ter a quantidade padrão de urina. Essa interrupção pode reduzir “o volume que sua bexiga pode reter ao longo do tempo”, afirma Siobhan Sutcliffe, epidemiologista e professora de cirurgia na Universidade de Washington.

Como resultado, você pode sentir desconforto quando estiver em uma situação onde não pode usar o banheiro imediatamente, diz Smith.

Urinar antes que a necessidade surja também torna mais provável que você force. Fazer isso coloca pressão extra nos músculos do assoalho pélvico —um grupo muscular que sustenta a bexiga e outros órgãos— e pode potencialmente enfraquecê-los, explica Kathryn Burgio, psicóloga comportamental e professora emérita de gerontologia, geriatria e cuidados paliativos na Escola de Medicina da Universidade do Alabama, em Birmingham.

Por essas razões, urinar “por via das dúvidas” pode levar as pessoas a desenvolverem uma bexiga hiperativa, uma condição marcada por uma vontade forte e frequente de urinar, diz Sutcliffe.

É possível quebrar esse hábito?

A resposta curta é sim. Pesquisadores descobriram que o cérebro tem mais controle do que podemos pensar, ou como Alayne Markland, chefe de geriatria na Escola de Medicina da Universidade de Utah, gosta de dizer aos seus pacientes: “A mente sobre a bexiga.”

Se você quer reduzir as idas preventivas ao banheiro, tente respiração profunda, distração ou afirmações como “Estou no controle”, aconselha Burgio. Alguns pequenos estudos sugerem que técnicas de atenção plena podem reduzir vontades súbitas e intensas de urinar. Mais pesquisas são necessárias, mas especialistas acreditam que métodos como esses poderiam ajudar você a retreinar sua bexiga para enviar sinais apenas quando mais líquido tiver se acumulado.

Se você já está experimentando condições como bexiga hiperativa ou incontinência urinária, no entanto, existem outras coisas que você pode tentar:

Trabalhe com um terapeuta do assoalho pélvico. Há um crescente corpo de pesquisas sugerindo que a fisioterapia para os músculos do assoalho pélvico pode ajudar as pessoas a terem mais controle sobre quando urinam, diz Sutcliffe. Ao trabalhar com um fisioterapeuta, os pacientes podem aprender a engajar e fortalecer esses músculos para controlar a bexiga.

“Ensinamos as pessoas a esperar, respirar fundo e contrair os músculos do assoalho pélvico repetidamente”, afirma Burgio. Isso “ajuda a acalmar a bexiga, para que a vontade desapareça”.

Monitore o que você bebe. Especialistas enfatizaram que modificações no estilo de vida, como o gerenciamento de líquidos, também podem ajudar. Cafeína, álcool, bebidas com alta acidez e até mesmo alguns ingredientes artificiais, como adoçantes, podem irritar o revestimento da bexiga e causar vontades mais frequentes. Reduzir a cafeína, aponta Smith, “é algo que universalmente vimos como útil”, pois isso pode diminuir as vontades e os vazamentos.

Verifique outras condições de saúde. Converse com um médico sobre sua saúde geral, pois condições como diabetes ou apneia do sono podem causar vontades mais frequentes. Outras intervenções, como medicação, podem ser opções em casos como esses.

O objetivo é domar o “ciclo vicioso entre o cérebro e a bexiga”, afirma Smith, que está otimista de que, na maioria dos casos, os efeitos de urinar “por via das dúvidas” podem ser remediados. “Bexigas saudáveis são resilientes”, disse ela.

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