As temperaturas caíram no Sul e Sudeste do país e, com isso, é natural que comece aquele incômodo na garganta, que pode ser sintoma de faringite, laringite ou amigdalite. Essas infecções podem ser provocadas por vírus, bactérias ou até mesmo por fatores ambientais. Mas por que isso acontece e como tratar corretamente sem agravar o quadro?
A faringite é uma inflamação da faringe, geralmente causada por vírus (como os do resfriado ou gripe) ou bactérias, que provoca dor ao engolir, vermelhidão e eventual febre. Já a amigdalite afeta especificamente as amígdalas, podendo ser viral ou bacteriana, e se manifesta com dor intensa, presença de pus e inchaço.
Já a laringite é uma inflamação das cordas vocais, frequentemente decorrente de infecções virais ou esforço vocal excessivo, levando a rouquidão e, em casos mais acentuados, à perda temporária da voz.
O médico generalista do Pronto-Socorro do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo, Igor Padoim, explica que normalmente nessa época do ano é comum um aumento nos casos de faringite, mas este ano “há uma baixa histórica na taxa de vacinação contra a gripe e provavelmente, esse é um fator que, se não é o carro-chefe, contribui para o crescimento de casos”.
Além disso, o tempo frio e seco também colaboram com esse cenário, de forma indireta. As pessoas ficam em ambientes fechados quando as temperaturas caem, o que aumenta a circulação e transmissão de agentes infecciosos.
A maioria das infecções respiratórias (como faringite, laringite e amigdalite) são causadas por vírus, conforme apontado por relatórios da Comissão Latino-Americana de Infectologia (Clai). As infecções bacterianas geralmente surgem como complicações de uma infecção viral.
O médico afirma que o quadro clínico típico começa com sintomas leves (como coriza e congestão nasal) e, após alguns dias, pode evoluir para febre alta e piora significativa, um sinal de alerta para procurar um médico, pois pode indicar infecção bacteriana secundária.
Como tratar?
Em casos de sintomas intensos, como dor forte, febre alta ou dificuldade para engolir “ou se a pessoa trabalha com a voz (como professores ou cantores) e está apresentando rouquidão, o ideal é procurar um médico imediatamente”, sugere Padoim.
Caso o quadro seja leves, tratamentos caseiros podem ser bastante eficazes. “O mel, por exemplo, tem propriedades anti-inflamatórias comprovadas cientificamente e ajuda a aliviar a irritação da garganta”.
Ele também explica que essas medicações caseiras, como guaco ou própolis, muitas vezes se mostram mais eficazes que os industrializados e com menos efeitos colaterais. “Além disso, manter-se hidratado e em repouso é fundamental para a recuperação”.
Quanto à automedicação, ele frisa que anti-inflamatórios apesar de eficazes contra inflamações, podem causar gastrite e outros efeitos adversos, devendo ser usados apenas com orientação médica. E os antibióticos nunca devem ser usados por conta própria, já que a maioria das infecções de garganta é viral e os antibióticos não têm efeito contra vírus.
“Analgésicos comuns, como paracetamol ou dipirona, são opções mais seguras para alívio sintomático, desde que respeitadas as doses máximas (geralmente de 6 em 6 horas)”.
A prevenção de infecções respiratórias inclui três medidas principais, segundo médicos: a vacinação (contra gripe e Covid-19), o uso de máscaras em locais fechados ou com aglomerações, e a higiene pessoal com lavagem frequente das mãos com água e sabão e álcool gel.
Quem é mais suscetível de ter esse tipo de infecção viral?
Crianças e idosos possuem sistemas imunológicos mais vulneráveis, mas por razões diferentes. Nas crianças, a imunidade ainda está em desenvolvimento, elas não completaram o calendário vacinal e seu sistema imune está em fase de desenvolvimento, o que as tornam mais suscetíveis a infecções.
“Já nos idosos, o envelhecimento natural reduz a eficiência da resposta imunológica: a produção de anticorpos torna-se mais lenta, deixando-os menos ágeis no combate a vírus e bactérias”, afirma o médico.
Como diferenciar dor de garganta de doenças mais graves?
O câncer de garganta (laringe ou faringe) geralmente não apresenta dor nos estágios iniciais, diferentemente das inflamações agudas comuns. “Os primeiros sinais de alerta costumam ser uma rouquidão progressiva que piora gradativamente ao longo de semanas ou meses e uma dificuldade para engolir que se desenvolve lentamente”, explica Igor Padoim.
Infecções como laringites evoluem rapidamente em questão de dias, os sintomas do câncer têm uma progressão mais lenta, persistindo por meses.
“A dor geralmente só aparece em fases mais avançadas da doença. Por isso, é fundamental procurar avaliação médica ao perceber alterações persistentes na voz ou na deglutição que não melhoram com o tempo”, completa.