Página Inicial Saúde Tratamentos não hormonais para menopausa valem a pena? – 12/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Tratamentos não hormonais para menopausa valem a pena? – 12/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

O crescente mercado em torno da menopausa abriu espaço para o investimento de farmacêuticas em tratamentos não hormonais, que podem funcionar para o sintoma conhecido como fogacho (ondas de calor). Atuantes no sistema nervoso central, os medicamentos não têm as mesmas vantagens que as terapias hormonais, mas podem ser uma opção, especialmente para mulheres com histórico de câncer de mama, segundo especialistas.

Ainda não comercializados no Brasil, o princípio ativo fezolinetante, usado pela farmacêutica Astellas, e o elinzanetante, da Bayer, atuam diretamente no hipotálamo, o que reduz efetivamente os sintomas de onda de calor, afirma a ginecologista Eliana Nahas, da Comissão Nacional Especializada em Climatério da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Endocrinologia e Obstetrícia).

“Na menopausa, a queda do estrogênio provoca instabilidade no centro termorregulador do hipotálamo, gerando as ondas de calor. Esses novos fármacos, pertencentes à classe dos antagonistas dos receptores de neurocinina 3, atuam diretamente nesse centro, reduzindo os sintomas vasomotores”, explica a médica.

O fezolinetante, que aguarda a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), recebeu, em 2023, aval das agências regulatórias dos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration), e a Agência Europeia de Medicamentos, para o tratamento de fogachos e sudorese noturna.

O pedido para registro do remédio de administração oral baseia-se nos resultados de três estudos clínicos de fase 3 que, juntos, incluíram cerca de 3.000 mulheres com sintomas vasomotores moderados a intensos nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Uma redução de 59% na frequência dos sintomas foi observada a partir da 4ª semana de tratamento.

Já o elinzanetante espera o aval da FDA, e conforme a Bayer, recebeu aprovação nesta semana para o registro no Reino Unido. Em estudo publicado no último dia 2 de junho na revista New England Journal of Medicine, o medicamento demonstrou que mais de 70% das 316 participantes tratadas tiveram uma redução de pelo menos 50% na frequência dos sintomas em 12 semanas.

Por atuarem no alívio dos sintomas vasomotores, esses tratamentos geram melhora nos distúrbios do sono e na qualidade de vida, mas não atuam nos sintomas urinários e genitais (como ressecamento vaginal, dores na relação sexual), na prevenção de osteoporose, ou nas alterações do humor e da memória, como as terapias hormonais.

Por isso, Igor Padovesi, membro da Sociedade Norte-Americana de Menopausa e da Sociedade Internacional de Menopausa e autor do livro “Menopausa sem medo”, afirma que a terapia hormonal, seja em gel, spray ou adesivo, ainda é o tratamento ideal, uma vez que resolve todo o espectro enorme de sintomas da menopausa.

“A menopausa é a perda da função dos ovários, progressivamente, até que eles se esgotam de vez e a falta de hormônios leva a várias consequências no corpo da mulher. O tratamento consiste em repor esses hormônios. Para as mulheres que eventualmente não podem usar, a minoria delas, por histórico de câncer ou outras condições, aí existem opções de tratamento para determinados sintomas”, afirma.

Por isso, ele defende que os investimentos devem ir também para mais opções de tratamento básico, com estrogênio, e, também, a testosterona.

“A indicação da testosterona é quase universal e a gente não tem nenhuma sendo comercializada on label pela indústria farmacêutica, o que abre um mercado gigantesco para a indústria de manipulação”, afirma.

Hoje, não existe nenhuma formulação do hormônio aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para terapia com testosterona em mulheres, o que fez associações médicas de endocrinologia, ginecologia e cardiologia publicarem uma nota conjunta alertando sobre o uso indiscriminado de testosterona em mulheres. As sociedades reforçaram ainda que não é recomendado o uso de implantes subcutâneos ou formulações manipuladas de testosterona devido à ausência do controle de qualidade.

Segundo Padovesi, o investimento em medicamentos não hormonais se torna interessante para a indústria porque hormônios bioidênticos não podem ser patenteados.

Além disso, a negligência histórica com a saúde feminina faz com que, hoje, ainda haja poucas opções para tratar mulheres na menopausa.

O médico reforça ainda que nem todos os produtos vendidos como suplementos para menopausa são eficazes.

“Os suplementos não são tratamento para menopausa. Existem poucos suplementos que servem, como os de cálcio, vitamina D, e outros pontuais, mas chás, produtos naturais, de amora, soja, a eficácia é muito pequena, igual a do placebo, estudos mostram. Isso desvia a atenção do tratamento básico”, diz.

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