Página Inicial Negócios Dólar inicia o pregão mais uma vez influenciado pelas tarifas de Trump — e de olho na resposta do Brasil

Dólar inicia o pregão mais uma vez influenciado pelas tarifas de Trump — e de olho na resposta do Brasil

Publicado pela Redação


A moeda americana avançou 2,28% na semana em que os EUA definiram taxa de 50% aos produtos brasileiros. Já a bolsa de valores brasileira encerrou a semana em queda de 3,59%, aos 136.187 pontos. Donald Trump anuncia novas tarifas de 30% para México e União Europeia
O dólar inicia o pregão desta segunda-feira (14) com os mercados financeiros globais mais uma vez concentrados na política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na semana passada, quando Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, a moeda americana avançou 2,28% frente ao real, enquanto o Ibovespa acumulou queda de 3,59%, encerrando aos 136.187 pontos.
▶️ Embora a nova taxa só passe a valer em agosto, investidores já avaliam os efeitos da medida para alguns exportadores brasileiros. Empresas de mel e pescados, por exemplo, tiveram pedidos cancelados por empresários americanos, com medo de que os produtos cheguem aos EUA já sujeitos à tarifa de 50%.
▶️ Além disso, aguardam os próximos passos do governo brasileiro em relação ao tarifaço. Ainda nesta segunda (14), um comitê de empresários deve ser criado para tratar de saídas para a crise. Inicialmente, o governo trabalha para tentar reverter a tarifa, mas não descarta o uso da lei da reciprocidade para retaliar os EUA. (leia mais abaixo)
▶️ No cenário internacional, o último anúncio de Trump sobre o tarifaço foi a imposição de taxas de 30% para o México e a União Europeia (UE), que agora estudam as possibilidades de negociações para amenizar o impacto das tarifas.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: +2,28%;
Acumulado do mês: +2,11%;
Acumulado do ano: -10,22%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -3,59%;
Acumulado do mês: -1,98%;
Acumulado do ano: +13,22%.
Primeiros impactos das tarifas
Mercado de mel impactado: anúncio de taxação por Donald Trump prejudica a exportação
Exportadores brasileiros já têm sentido os efeitos da tarifa de 50%. No Piauí, o Grupo Sama, uma das maiores processadoras e exportadoras de mel orgânico do mundo, sofreu com o cancelamento imediato de 585 toneladas do produto.
Parte da carga já estava até no porto, pronta para o envio. Agora, com o cancelamento, o produto gera custo de armazenamento, pois precisa ficar guardado em câmaras refrigeradas.
Outro setor já impactado é o de pescados. Menos de 24 horas após o anúncio das tarifas, importadores dos EUA cancelaram suas compras, o que levou ao desembarque de 58 contêineres de peixes, lagostas e camarões em três portos do Nordeste.
De acordo com o consultor em comércio internacional Welber Barral, apesar de alguns exportadores já estarem enfrentando os efeitos da medida, o impacto mais forte deve começar a ser sentido em agosto — especialmente se a tarifa de 50% for, de fato, aplicada.
Como uma carga pode levar até um mês para chegar aos EUA, muitas já foram despachadas na tentativa de desembarcar antes do dia 1º de agosto, quando a taxação entra em vigor, explica Barral.
Entre os setores que devem ser afetados pela tarifa, também estão o de café, de carne bovina e de suco de laranja, produtos que lideram as vendas do Brasil para os EUA. As exportações de petróleo e de aeronaves também podem ser fortemente impactadas.
Outra preocupação no Brasil é a inflação. O mercado financeiro reagiu mal à nova taxa e o dólar subiu forte na semana do anúncio de Trump.
“Se o dólar permanecer alto, a inflação no Brasil persiste e o Banco Central mantém os juros altos [atualmente no patamar de 15%, o maior em quase 20 anos]. Isso desacelera a economia e pode entrar em recessão”, alerta o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV.
Brasil estuda como responder Trump
Camarotti: Brasil vai negociar com firmeza tarifaço de Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu, na noite deste domingo (13), ministros e o presidente do Banco Central, no Palácio da Alvorada, residência oficial, para discutir os próximos passos que o governo deve dar em relação ao tarifaço anunciado pelo governo dos Estados Unidos.
Entre os assuntos que foram discutidos, está a criação de um comitê de empresários para tratar de saídas para a crise, que deve acontecer ainda na manhã de segunda-feira (14).
De acordo com apurado pelo blog do Valdo Cruz, Lula quer mostrar que o tarifaço é um problema do país e não só do governo e que, por isso, todos devem se unir para proteger a economia brasileira, independentemente de suas preferências partidárias.
Também neste domingo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso publicou uma carta pública em defesa da democracia e disse que diferentes visões de mundo “não dão direito a ninguém de torcer a verdade”.
O ministro ainda chamou os argumentos do governo americano para o tarifaço de “compreensão imprecisa” dos fatos ocorridos nos últimos anos.
🔎 A fala tem relação com a carta enviada por Trump para anunciar a tarifa de 50%. No documento, o presidente norte-americano justificou a elevação das taxas atacando o julgamento de Jair Bolsonaro no STF e as ações sobre as grandes empresas de redes sociais — as big techs.
Por isso, em notas, discursos e publicações nas redes sociais, o presidente Lula tem dito que o Brasil é um país soberano e que não aceitará ser tutelado por ninguém. Ele também tem afirmado que, embora o país ainda aposte nas negociações com os americanos, usará a lei da reciprocidade se for necessário.
Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o governo vai editar até esta terça (15) o decreto que regulamenta a lei. (entenda mais sobre a medida)
Trump diz, porém, que se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros.
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Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters

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