PIB do estado pode ter uma queda de 0,13% com os impactos das medidas tarifárias, o que representa uma perda de cerca de R$ 4,46 bilhões. SP e MG ampliam perdas com tarifa de 50% de Trump
O estado de São Paulo deve acumular a maior perda, em valores absolutos, frente aos novos anúncios de tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
O PIB do estado pode ter uma queda de 0,13% com os impactos das medidas tarifárias, o que representa perdas de cerca de R$ 4,46 bilhões, de acordo com um estudo feito pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental (Nemea-UFMG).
O estudo considera a elevação das tarifas de importação dos EUA sobre as exportações brasileiras para 50% em todos os produtos, previstas para agosto de 2025.
A queda é puxada, principalmente, pelo setor agropecuário e por setores industriais. Ainda de acordo com o estudo, São Paulo deve acumular perdas de 0,73% no PIB estadual referente à agropecuária, além de uma queda de 0,12% na indústria extrativa e de 0,31% na indústria de transformação.
O setor de indústria de transformação inclui, por exemplo, metalúrgicas e siderúrgicas — afetadas pela taxação do aço e do alumínio. Além disso, inclui também a indústria de máquinas e equipamentos, que passa a ter uma competição ainda mais forte com a indústria interna dos Estados Unidos.
Em relação à agropecuária, o cultivo da laranja é um dos mais afetados. A fruta é utilizada para fazer suco, um dos itens mais exportados pelo Brasil ao país norte-americano. Mais de 90% do cultivo da laranja está concentrado em cidades de São Paulo e de Minas Gerais — outro estado que está entre os mais impactados negativamente. A estimativa é que Minas Gerais acumule perdas de R$ 1,66 bilhão com as novas tarifas.
Outro item que pesa para as perdas de Minas Gerais na agropecuária é o café — o estado é responsável por metade de toda a produção brasileira.
Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, em 5 de maio de 2025.
Reuters/Leah Millis
Considerando toda a região Sudeste, puxada principalmente por esses dois estados, as perdas podem chegar a R$ 6,12 bilhões, segundo o estudo feito pela Universidade Federal do Minas Gerais.
Em uma versão anterior do estudo, publicada em abril, quando as primeiras medidas tarifárias haviam sido anunciadas por Trump, a estimativa de perda já era de R$ 5,3 bilhões. Com as novas tarifas, o valor estimado para as perdas sobe.
As estimativas do estudo se devem não só pela redução nas exportações, mas também na produção. Com a retração nas vendas para o exterior, é esperado que esses setores enfrentem uma perda no dinamismo produtivo — o que também pode afetar os empregos.
Além de São Paulo e Minas Gerais, os três estados da região Sul do país são os mais afetados. Santa Catarina pode ter perdas de R$ 1,7 bilhão, enquanto no Paraná e no Rio Grande do Sul as perdas podem superar os R$ 1,9 bilhão.
Estado de SP deve acumular as maiores perdas com tarifaço de Trump, aponta estudo
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