Página Inicial Saúde Tipo de personalidade indica melhor treino para cada um – 15/07/2025 – Equilíbrio

Tipo de personalidade indica melhor treino para cada um – 15/07/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

Quem já não sentiu aquela falta de vontade de ir se exercitar na academia ou correr na rua? Se esse desânimo se repetir muitas vezes, pode ser que as razões estejam na sua personalidade. E há solução: escolher o treino mais adequado para o seu estilo.

É o que concluiu uma nova pesquisa da Universidade College London, da Inglaterra, publicada no último dia 8 no periódico Frontiers in Psychology. O estudo se explica no título: “Traços de personalidade podem predizer quais intensidades de exercícios mais gostamos e o tamanho da experiência de redução de estresse após programas de treinamento”.

Foram analisados cinco traços tidos como típicos do campo da psicologia, descritos pelo modelo conhecido como The Big Five (Os Cinco Grandes): extroversão, conscienciosidade, amabilidade, neuroticismo e abertura (a novas experiências). Após testes com os participantes, concluiu-se qual tipo de exercício era mais prazeroso a cada tipo de pessoa.

Categorizaram-se como extrovertidos os energéticos e sociáveis, assim como os no grupo da conscienciosidade são os ordeiros e planejados. Amáveis, os propensos a cooperação, confiança, compaixão. Neuroticismo está ligado a quem apresenta tendência a experiências emocionais negativas, como ansiedade e irritabilidade. Já os abertos são imaginativos e demonstram maior curiosidade em explorar o mundo.

Cerca de 130 pessoas participaram dos testes, que incluíam sessões de treinos variados ao longo de oito semanas, e em alguns momentos durante o experimento eram questionadas sobre como se sentiam. Os pesquisadores então relacionavam as respostas aos seus traços de personalidade.

“Compreender os fatores de personalidade pode ser muito importante na hora de desenhar e recomendar programas de atividade física, e para as pessoas permanecerem nesses programas e assim ficarem em forma”, afirmou o neurocientista Paul Burgess, um dos autores do estudo, na divulgação da pesquisa pela Universidade College London.

Os participantes do experimento alternaram entre três semanas de exercícios aeróbicos (como bicicleta ergométrica) e uma de treinamentos de força (como levantamento de peso). Descobriu-se que aqueles com traços de neuroticismo apresentam menor vontade de ir aos treinos, enquanto os no grupo de conscienciosidade têm maior empenho.

A personalidade determina várias características da relação do indivíduo com a rotina física. Enquanto os da conscienciosidade tendem a passar mais horas se exercitando, os do neuroticismo e os extrovertidos mostram, respectivamente, maior consumo de oxigênio enquanto treinam e menor recuperação do batimento cardíaco.

Extrovertidos são aqueles que costumam apreciar esportes em time, enquanto os com traços de neuroticismo optam pelos individuais e que permitem pausas entre uma sessão e outra. Todavia, apesar de parecer apreciar menos a dedicação às práticas, também é o grupo do neuroticismo que mais se favorece dos benefícios para a saúde mental, como para o controle de estresse.

A OMS (Organização Mundial de Saúde), recomenda cerca de 150 minutos de exercícios semanais para uma vida saudável, o que é seguido por 22% dos adultos e 19% dos adolescentes de todo o mundo. Os pesquisadores ingleses acreditam que a combinação ideal de treino com a personalidade de cada um pode incentivar as pessoas a se exercitarem mais. Como escrevem, o estudo traz “resultados que mostram o potencial para o desenvolvimento de programas personalizados de acordo com traços de personalidade”.

No mesmo dia em que foi divulgada a pesquisa inglesa, cientistas de três universidades norte-americanas apresentaram no periódico Medicine & Science in Sports & Exercise uma outra que parece acrescentar às conclusões aos quais chegaram seus colegas da College London. Os quatro autores, especialistas em cinesiologia (o estudo dos movimentos do corpo humano), fizeram uma ampla revisão de pesquisas sobre como e em quais condições se exercitar faz bem para a saúde mental.

Assim nos resumiu o psicólogo Patrick O’Connor, professor da Universidade da Geórgia (EUA) e autor do trabalho, sobre as conclusões do levantamento: “Correr em uma trilha na mata ou à beira de um lago, em vez de em uma rua com trânsito intenso, pode intensificar os sentimentos positivos alcançados. Correr com um amigo pode ser melhor também, em comparação com sozinho”.

Para ele, é evidente que o como, o onde e os motivos de se exercitar podem beneficiar os resultados para a saúde mental. Após ler o artigo dos colegas ingleses que relacionam a satisfação à personalidade individual, O’Connor analisou: “Esses elementos externos variam de acordo com o tipo de pessoa, sim. Por exemplo, se um notívago é obrigado a se exercitar pela manhã, aí os benefícios para a saúde mental são menores”.

O estudo norte-americano traz uma série de exemplos de como o contexto pesa na satisfação que temos ao nos exercitar. Entretanto, o psicólogo ressalta que, neste quesito, não há desculpa para ser sedentário, pois uma rotina balanceada de treinos sempre traz vantagens.

“Em linhas gerais, atividades dinâmicas e de lazer, que envolvem grandes grupos musculares, como corrida leve, natação e ciclismo, e praticadas em intensidade moderada de 20 a 60 minutos, reduzem o estresse”, concluiu O’Connor, que na entrevista também ressaltou como a isso se somam, obviamente, os benefícios para a saúde física.

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