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Dólar fecha em leve alta, com investigação dos EUA contra o Brasil e falas de Trump sobre Powell no radar

Publicado pela Redação


Decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade assinado por Lula é publicado
O dólar fechou em leve alta de 0,06% nesta quarta-feira (15), cotado a R$ 5,5613. Investidores ficaram atentos aos desdobramentos da ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil (entenda mais abaixo) e às novas críticas do republicano ao presidente do BC dos EUA.
O Ibovespa, por sua vez, encerrou com um avanço de 0,19%, aos 135.511 pontos.
▶️ O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) iniciou, na noite de terça-feira, uma investigação comercial contra o Brasil. A legislação permite corrigir práticas comerciais consideradas desleais contra os EUA, por meio da aplicação de tarifas ou sanções.
O documento mistura alegações comerciais e políticas para justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O texto apresenta aspectos do comércio nacional que serão investigados e faz afirmações, sem apresentar evidências, sobre supostas práticas abusivas adotadas pelo Brasil.
▶️Outro fator que mexeu com os mercados nesta quarta foi o noticiário norte-americano envolvendo uma possível troca do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell. Mais cedo, veículos de notícia internacionais informaram que Trump pretendia demitir Powell, em meio às críticas do republicano sobre a condução de juros pela instituição.
Em entrevista a jornalistas no começo da tarde, no entanto, o republicano desmentiu a informação, destacando que era “altamente improvável” que ele destituísse o chefe do Fed. O vai e volta de informações, no entanto, foi suficiente para influenciar na cotação do dólar e das bolsas em Wall Street.
▶️ No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin retomou as reuniões com empresários afetados pelas tarifas para discutir a crise e possíveis soluções. Em meio às preocupações sobre os efeitos das taxas na economia, o governo Lula enviou uma nova carta a Trump nesta quarta-feira. (Veja mais abaixo)
▶️ Além disso, também fica no radar os impasses sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), após a audiência de conciliação no STF sobre o decreto ter terminado sem acordo. A decisão sobre manter ou não o decreto presidencial de Lula agora está nas mãos do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.
▶️ Na agenda do dia, um dos destaques fica com a pesquisa Quaest sobre a aprovação do governo Lula, que subiu para 43%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Segundo Felipe Nunes, diretor do instituto, o confronto com Trump contribuiu para a recuperação de parte da popularidade do governo Lula.
Economistas também analisam os dados de inflação dos EUA. O índice de preços ao produtor (PPI) ficou estável em junho. Na comparação anual, o PPI avançou 2,3% em junho, um pouco abaixo da projeção dos analistas. Entenda os efeitos da inflação norte-americana nos mercados financeiros.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: +0,24%;
Acumulado do mês: +2,35%;
Acumulado do ano: -10,01%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,50%;
Acumulado do mês: -2,41%;
Acumulado do ano: +12,66%.
Investigação dos EUA
O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação comercial contra o Brasil a pedido de Trump.
A medida foi tomada com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 — legislação que prevê a investigação de práticas estrangeiras desleais que impactam o comércio americano.
Na prática, a medida atua como um instrumento de pressão internacional para proteger os interesses dos EUA. O dispositivo estabelece um processo conduzido pelo Representante de Comércio para apurar se algum governo estrangeiro adota práticas abusivas contra o país.
A lei também prevê que os EUA podem adotar medidas para corrigir práticas comerciais desleais, como a imposição de tarifas ou sanções ao país investigado.
“Por orientação do presidente Trump, estou iniciando uma investigação com base na Seção 301 sobre os ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”, afirmou o embaixador Jamieson Greer, representante comercial dos EUA.
O documento menciona “ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais”. O representante do órgão afirma também que “tem documentado as práticas comerciais desleais do Brasil que restringem o acesso de exportadores americanos ao seu mercado há décadas”.
Vai e volta sobre Powell na chefia do Fed
As notícias envolvendo uma possível demissão do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também mexeram com os mercados financeiros nesta quarta-feira (16).
Mais cedo, veículos de notícias internacionais indicaram que Trump poderia demitir Powell em breve. Em uma entrevista a jornalistas no começo da tarde, no entanto, o republicano desmentiu as informações.
“Não descarto nada, mas acho que é altamente improvável, a menos que ele tenha que sair por fraude”, disse Trump, referindo-se às recentes críticas da Casa Branca e de parlamentares republicanos sobre os custos excessivos da reforma de US$ 2,5 bilhões da sede histórica do Fed em Washington. Não houve nenhuma indicação de fraude, e o Fed rebateu as críticas.
Ainda assim, os rumores de que Trump poderia demitir o chefe do Fed repercutiram negativamente no mercado. O senador republicano Thom Tillis, inclusive, usou seu tempo no plenário do Senado para fazer uma defesa vigorosa de um Fed independente, que, segundo os economistas, é o ponto central da estabilidade financeira e de preços dos EUA.
“Tem-se falado sobre a possibilidade de demitir o chair do Fed”, disse Tillis, membro do Comitê Bancário do Senado, que supervisiona o Fed e confirma as indicações presidenciais para sua diretoria. Submeter o Fed ao controle presidencial direto seria um “grande erro”, disse ele.
“As consequências de demitir um chair do Fed, apenas porque os políticos não concordam com sua decisão econômica, prejudicarão a credibilidade dos Estados Unidos no futuro e eu diria que, se isso acontecer, você verá uma resposta bastante imediata, e temos que evitar isso”, disse Tillis.
Powell, que foi nomeado por Trump no final de 2017 para liderar o Fed e depois nomeado para um segundo mandato pelo presidente democrata Joe Biden quatro anos depois. Questionado, o banqueiro central já disse repetidamente que pretende cumprir seu mandato, que vai até 15 de maio de 2026, até o final.
Um parecer recente da Suprema Corte solidificou uma interpretação de longa data da lei, segundo a qual o chair do Fed não pode ser demitido por diferenças de política, mas apenas “por justa causa”.
Brasil envia nova carta a Trump
Após as reuniões com empresários realizadas nesta terça-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o governo brasileiro não pretende solicitar ao governo americano o adiamento da entrada em vigor das tarifas anunciadas por Trump sobre as exportações brasileiras.
Segundo apurou o blog da Ana Flor, empresários dos setores industrial e agrícola solicitaram que o governo evite acionar a Lei de Reciprocidade antes de tentar negociar a ampliação do prazo.
O g1 apurou que o governo aposta na via diplomática e busca intensificar o diálogo com representantes americanos para tentar reverter as medidas, sem solicitar um novo prazo. A expectativa é que a pressão de empresários nos EUA — como a manifestada pela Câmara de Comércio americana nesta terça-feira — possa influenciar o governo Trump a reconsiderar a decisão.
Diante das preocupações em relação aos efeitos das taxas dos EUA sobre a economia brasileira, o governo Lula enviou uma nova carta a Trump, na qual manifestou “indignação” com a tarifa, informou estar disposto a negociar e cobrou resposta a uma outra mensagem enviada em maio.
A nova carta afirma às autoridades americanas que o Brasil acumula com os EUA “grandes déficits comerciais” em bens e em serviços e acrescenta que, nos últimos 15 anos, esse saldo negativo para o Brasil chegou a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do próprio governo americano.
Os números desmentem o argumento de Trump que, ao justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada, afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é “injusta” e causa déficits comerciais à economia americana.
Avaliação do governo
A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) mostra que o confronto com o presidente Donald Trump ajudou o governo Lula a recuperar a popularidade, segundo Felipe Nunes, diretor do instituto.
Os dados mostram que a aprovação de Lula (PT), que vinha em queda desde janeiro, e reprovação, que vinha em alta desde outubro, mudaram de direção:
43% aprovam a Lula, uma oscilação positiva de três pontos percentuais em relação a junho.
53% desaprovam Lula, uma oscilação para baixo de quatro pontos, no limite da margem de erro.
O diretor da Quaest destaca que a avaliação de Lula melhorou em três segmentos que estão fora da base tradicional de apoio do governo Lula:
No Sudeste, a desaprovação caiu oito pontos, para 56% e aprovação subiu oito pontos, para 40% (a margem de erro é de três pontos nesse segmento).
Entre quem tem ensino superior, houve queda de 11 pontos na desaprovação, para 53%, e alta de 12 na aprovação, para 45% (margem de quatro pontos).
Entre quem ganha de dois e cinco salários mínimos (R$ 3 mil e R$ 7.590) por mês, houve oscilação positiva de quatro pontos na aprovação, para 52%, e negativa de quatro pontos na desaprovação, para 43%.
“Não foi nem entre os mais pobres, nem entre os mais ricos que captamos mudanças na aprovação; foi nos setores de renda média: a diferença que era de -19 pp passou para -9 pp de maio para cá”, diz Nunes.
Veja abaixo os demais resultados da pesquisa.
53% desaprovam governo Lula, e 43% aprovam
Veja aprovação e reprovação de Lula por região, gênero, idade, estudo, renda e religião
72% acham que Trump está errado, e 79% afirmam que tarifaço vai prejudicar suas vidas
60% são a favor de elevar a taxa de IR dos mais ricos e 35% são contra
53% dizem que não está certo discurso que coloca ricos contra pobres
Sem acordo sobre o IOF
A audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) terminou sem acordo entre os representantes do governo federal, do Congresso Nacional e dos partidos autores das ações que questionam a medida.
Tanto o Executivo quanto o Congresso mantiveram as posições já apresentadas nos autos. Os partidos PL e PSOL também reiteraram os pedidos para que o STF declare a inconstitucionalidade do decreto que majorou o IOF.
Sem acordo, a decisão agora sobre manter o decreto presidencial de Lula cabe ao relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que acredita em uma decisão rápida e equilibrada.
Indicadores econômicos
Entre os indicadores econômicos do dia, o destaque fica com os preços ao produtor dos EUA (PPI, na sigla em inglês). O índice ficou estável em junho em relação a maio, uma vez que o aumento no custo das mercadorias devido às tarifas de importações foi compensado pela fraqueza do setor de serviços.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Departamento do Trabalho norte-americano. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2%. Já nos 12 meses até junho, os preços ao produtor aumentaram 2,3%, depois de avançarem 2,7% em maio.
Havia expectativa em saber se os preços já estão sendo impactados pelas tarifas de Trump. Ontem, os dados de preços ao consumidor mostraram alta em junho, com possível influência das taxas.
“As categorias de eletrodomésticos e equipamentos domésticos apresentaram aumento expressivo de preços, indicando algum repasse dos custos adicionais provocados pelas tarifas”, explica a economista Andressa Durão, do ASA.
“Outros itens, como vestuários, bens recreativos e outros bens diversos, registraram variações pontuais de preços, de forma menos intensa ou mais diluída, mas também sugerindo algum repasse”, continua.
Os números também aumentam a expectativa pela próxima reunião de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A expectativa é que o BC dos EUA deixe sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50% na reunião deste mês.
🔎 A perspectiva de juros mais altos nos EUA tende a atrair investidores para os treasuries (títulos do Tesouro dos EUA), que são considerados os mais seguros do mundo e ficam mais rentáveis com as taxas mais altas. Com isso, o dólar se fortalece em relação a outras moedas, inclusive o real. Por aqui, isso pode se traduzir em uma inflação mais alta e juros maiores também.
Entre os outros indicadores do dia, a produção nas fábricas dos EUA aumentou 0,1% em junho, após uma alta revisada para cima de 0,3% em maio, informou o Fed. A queda na fabricação de veículos automotores foi continuamente afetada pelas tarifas sobre as importações.
*Com informações da agência de notícias Reuters
Notas de dólar
Dado Ruvic/ Reuters

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