Lula e Haddad durante lançamento do Plano Safra no Planalto, em 1º de julho de 2025
Adriano Machado/Reuters
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua perspectiva de crescimento do Brasil em 2026, mas segue vendo desaceleração da economia à frente, de acordo com novas projeções divulgadas nesta terça-feira (29). Os números não consideram os efeitos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
O FMI passou a ver agora um crescimento de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2026, de acordo com seu relatório Perspectiva Econômica Global.
O número representa um aumento de 0,1 ponto percentual em relação à projeção feita no relatório de abril, mas ainda indica uma desaceleração em comparação ao crescimento estimado para 2025, de 2,3%.
O Fundo explicou que suas projeções nesse relatório são baseadas nas políticas comerciais atualmente em vigor, ou seja, assume que as políticas obrigatórias no momento em que ele foi escrito são permanentes. No caso do Brasil, o número considera o atual cenário, sem as tarifas de 50% impostas por Trump que devem entrar em vigor em 1º de agosto. (Entenda mais abaixo)
“Esse é o caso mesmo em relação às medidas que foram enquadradas como temporárias ou pendentes, o que significa que considera-se que pausas nas tarifas mais altas continuarão em vigor após seus prazos de vigência e que taxas mais altas não entrarão em vigor”, disse o FMI.
Como o g1 já mostrou, a imposição das tarifas por parte dos EUA pode resultar em perdas de até R$ 175 bilhões no PIB brasileiro ao longo dos próximos 10 anos, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Além da retração — que representaria um impacto negativo de 1,49% no PIB no longo prazo —, as taxas anunciadas pelo presidente Donald Trump têm potencial para eliminar mais 1,3 milhão de postos de trabalho no Brasil, estima a entidade.
As projeções do FMI são um pouco mais pessimistas do que a estimativa do governo brasileiro. Neste mês, o Ministério da Fazenda elevou sua projeção para o PIB para 2,5% em 2025, contra previsão de 2,4% em maio. Para 2026, a estimativa passou de 2,5% para 2,4%. Esses números também não consideraram efeitos potenciais do aumento das tarifas sobre o Brasil pelos Estados Unidos.
A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, de acordo com dados do IBGE, depois de ter expandido 3,4% em 2024. O IBGE divulgará os dados do segundo trimestre em 2 de setembro.
A atividade econômica do Brasil também enfrentou uma perspectiva de desaceleração gradual diante de uma política monetária restritiva com a taxa básica de juros Selic em 15%, patamar que deve ser mantido pelo Banco Central em sua reunião desta semana. Por outro lado, um mercado de trabalho robusto ajuda a manter a resiliência.
A conta do FMI para o crescimento da América Latina e Caribe em 2025 foi elevada em 0,2 ponto percentual, para 2,2%, enquanto que para 2026 ficou em 2,4%.
Para o grupo Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte, o FMI elevou as projeções respectivamente em 0,4 e 0,1 ponto percentual em relação a abril, para 4,1% em 2025 e 4,0% em 2026.
O salto para este ano se deve principalmente à perspectiva para a China, com crescimento estimado agora em 4,8%, 0,8 ponto a mais do que no relatório anterior, como reflexo de um desempenho mais forte do que o esperado no primeiro semestre e da redução das tarifas dos EUA.
Efeitos do tarifaço
Os novos números do FMI não consideram os efeitos potenciais do tarifaço imposto por Trump. O governo brasileiro tem encontrando dificuldades para manter um diálogo com as autoridades norte-americanas sobre as questões comerciais.
Na semana passada, por exemplo, o blog do Valdo Cruz indicou que o republicano mandou sinais bem negativos para o Brasil, deixando a equipe do presidente Lula (PT) ainda mais pessimista sobre uma eventual revogação das taxas de 50%.
Segundo assessores presidenciais, Trump indicou que pretende realmente “punir” o Brasil, porque no campo econômico não há motivo para o país ser tarifado com a alíquota mais alta.
Nesta segunda-feira (28), Lula e os ministros Geraldo Alckmin e Fernando Haddad reiteraram a intenção do governo brasileiro de continuar as negociações com os representantes norte-americanos, mas reiteraram que um plano de contingência para os setores afetados já começou a ser criado.
PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo
*Com informações da agência de notícias Reuters
FMI eleva projeção de crescimento do Brasil em 2026 para 2,1%
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