Página Inicial Saúde A menopausa traz mudanças no corpo e orgasmo feminino – 31/07/2025 – Equilíbrio

A menopausa traz mudanças no corpo e orgasmo feminino – 31/07/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

A personagem sem papas na língua Samantha Jones, de “Sex and the City”, surtou ao pensar que estava na menopausa nas primeiras temporadas da série e ficou aliviada ao perceber que ainda não tinha chegado nessa fase. A mais velha do grupo acabou sendo, de fato, a primeira a enfrentar os sintomas do climatério. Nos filmes da franquia, ela aparece munida de terapias hormonais, entre vitaminas, cremes de estrogênio e outras estratégias para manter a juventude, como ela mesma afirma em “Sex and the City 2“.

O quarteto da série sempre trouxe à tona temas relevantes do universo feminino, mas nem sempre abordados de forma profunda ou positiva. É o caso da menopausa, que teve pouca representatividade e, quando apareceu, muitas vezes veio carregada de estereótipos, inclusive no revival do programa, “And Just Like That…“, que mostra as protagonistas em uma idade mais madura. No Dia do Orgasmo, celebrado nesta quinta-feira (31), há espaço para focar na sexualidade feminina madura.

A ginecologista Lilian Fiorelli, especializada em sexualidade, compara a menopausa à adolescência da mulher adulta: “É uma avalanche de mudanças hormonais, emocionais e corporais. De repente, ela precisa redescobrir como seu corpo e sua mente funcionam. É um novo aprendizado sobre si mesma”.

O que muda no orgasmo na menopausa?

O orgasmo pode mudar na menopausa, resposta é: depende. Fiorelli explica que cada mulher vive essa experiência de forma diferente. “Algumas percebem uma queda, outras sentem o prazer aumentar, e isso tem tudo a ver com como era a relação delas com a própria sexualidade antes dessa fase”, diz.

Segundo ela, o segredo está em explorar novas possibilidades. Isso pode envolver terapia hormonal, tratamentos modernos ou simplesmente se permitir descobrir o prazer da masturbação, muitas vezes pela primeira vez. “Cada mulher vai encontrar seu jeito único de viver essa fase com prazer.”

Como já não há tanta irrigação sanguínea na região pélvica, a resposta sexual pode ser mais lenta, mesmo quando há desejo. “Muitas vezes, a mulher está com vontade, está excitada, mas ainda assim tem dificuldade para lubrificar, e isso pode causar dor durante a penetração. E, claro, tudo que causa dor acaba afetando negativamente a excitação”, explica.

A queda hormonal pode tornar o orgasmo mais difícil de alcançar, ainda impossível, mas pode demorar mais. “Não são só coisas ruins, há também muitas descobertas, novas visões sobre o corpo e sobre o mundo”, completa. Como qualquer outra transição da vida, a menopausa pode ser uma fase rica em transformações positivas.

Entre os primeiros sintomas da menopausa estão os fogachos, oscilações hormonais e mudanças físicas causadas pela queda do estrogênio —hormônio que Fiorelli chama de “o hormônio da vida da mulher”. Segundo ela, é ele que dá vida às células. “Quando o estrogênio diminui, as células vão morrendo aos poucos, e isso aparece em todo o corpo: a pele fica mais seca, fina, com menos colágeno e mais propensa a rugas”, afirma.

Essa queda hormonal também afeta o cabelo, unhas, a redistribuição da gordura corporal, que passa a se acumular principalmente na barriga, culotes e região dos braços. A pele da região genital fica mais fina, com menos circulação sanguínea na pelve, e pode ocorrer uma atrofia do clitóris, que é o encolhimento ou afinamento do clitóris. Em geral, a menopausa impacta toda a chamada resposta sexual feminina.

O ginecologista Igor Padovesi, especialista em menopausa, explica que “essa queda hormonal, tanto do estrogênio, quanto da testosterona, leva à redução do desejo, da lubrificação e da sensibilidade em zonas erógenas —não só genitais, mas também outras áreas que costumavam responder aos estímulos eróticos, como o clitóris. Isso pode dificultar a chegada ao orgasmo, diminuir sua intensidade e frequência”, afirma.

É preciso se tocar

Uma das principais recomendações da sexóloga, é redescobrir o próprio corpo, que já não é o mesmo da juventude. “Quem nunca teve o hábito de se masturbar, esse pode ser um bom momento para começar a quebrar tabus.”

Ela afirma que a masturbação é essencial tanto para o autoconhecimento quanto para o prazer e isso pode ser feito com as mãos, com bastante lubrificante, ou com o auxílio de sex toys, como vibradores, sugadores e bullets

“Muitas mulheres ainda têm preconceito com relação a isso, mas a menopausa pode ser uma fase de libertação”. O potencial para ter orgasmos permanece, embora o caminho até lá possa mudar. “Talvez demore um pouco mais, mas muitas pacientes me contam que, quando chegam lá, a intensidade é surpreendente”, diz a médica.

Quais são os tratamentos disponíveis para os sintomas da menopausa?

De acordo com ginecologista Igor Padovesi, a terapia hormonal —especialmente com estrogênio— é o tratamento mais eficaz, considerado o padrão ouro. Ela ajuda a restaurar a lubrificação, a elasticidade e a sensibilidade da região genital. Pode ser feita de forma sistêmica (com comprimidos ou adesivos, que atuam no corpo todo) ou local (com cremes ou óvulos vaginais).

Mesmo mulheres com histórico de câncer de mama, que não podem fazer reposição hormonal tradicional, podem, segundo estudos recentes, usar estrogênio vaginal com segurança.

Há também opções não hormonais, como lubrificantes e hidratantes vaginais, que oferecem alívio temporário, mas não tratam a causa do problema. Já tecnologias como o laser e a radiofrequência vaginal são alternativas modernas e eficazes, que melhoram o tecido da vagina sem uso de hormônios. Exercícios de Kegel (movimentos que fortalecem os músculos do assoalho pélvico) e o uso de vibradores também ajudam, estimulando a circulação e a sensibilidade local.

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