Página Inicial Saúde Mirian Goldenberg fala sobre envelhecimento na Flip – 02/08/2025 – Ilustrada

Mirian Goldenberg fala sobre envelhecimento na Flip – 02/08/2025 – Ilustrada

Publicado pela Redação

A pressão estética faz com que as mulheres sejam tachadas como velhas e busquem alternativas para driblar o efeito dos anos sobre o corpo a partir dos 30 anos. A afirmação é de Mirian Goldenberg, antropóloga e colunista da Folha que estuda o tema há mais de três décadas.

“A velhice é um momento que começa muito cedo e dura muito tempo”, disse ela em uma mesa na Casa Folha, espaço do jornal na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, neste sábado (2). “Na nossa cultura, somos culpadas por estar ficando velha.”

O encontro entre a antropóloga e a psicanalista Carol Tilkian, também colunista da Folha, teve como mote “envelhecer sem tabus” e foi mediado pela repórter especial Fernanda Mena. Com maioria feminina entre os presentes, a conversa ganhou tom de chá entre amigas. Enquanto as colunistas mostravam que temer o envelhecimento é uma experiência coletiva, as espectadoras compartilhavam suas vulnerabilidades.

Rugas, ganho de peso, peito caído, flacidez, fim da vida reprodutiva, ou seja, o efeito do tempo sobre o corpo é um dos motivos que mais fazem as mulheres terem medo da velhice, segundo Goldenberg.

Mulher tem muito medo de falta de liberdade, invisibilidade social”, diz ela, acrescentando que, enquanto isso, suas pesquisas indicam que o medo dos homens é, principalmente, a aposentadoria, que pode tirá-los de um espaço social de prestígio, a impotência sexual e a dependência.

Problema maior é que, apesar do medo da impotência, o fim da vida sexual entre os casais é um dos motivos que levam ao divórcio –e são as mulheres que não querem deixar a cama de lado, segundo a antropóloga. Elas também querem liberdade, amizade e cuidar mais de si mesmas.

“Não é à toa que cresce muito o divórcio grisalho. Não é por traição, como era quando eu comecei minhas pesquisas. É porque a mulher quer liberdade e o homem quer a casinha gostosa com a mulherzinha. E tem um descompasso total. Quem pede o divórcio grisalho? As mulheres. Por quê? Porque não aguentam ficar com aqueles trastes”, afirma a antropóloga.

O que Tilkian observa em sua prática clínica corrobora os resultados das pesquisas de Goldenberg. A resistência pela mudança e a insistência para que a dinâmica do casal permaneça sempre a mesma leva ao seu divã homens e mulheres mais velhos.

“O que vejo nos divórcios grisalhos é a gente poder desconstruir e reconstruir. Tem um comportamento que é manter as coisas como eram antes, aí a gente vê em briga de casal ‘Mas você não era assim?’, ‘mas as coisas não eram assim?’ ou ‘você mudou!’, como se mudar fosse um problema. E sim, nós mudamos”, disse a psicanalista.

Solução, então, seria se submeter a todas as mudanças? Não. Para Tilkian, o objetivo é aprender a lidar com as transformações no desejo do outro e de si próprio, compreendendo que, às vezes, o casal não vai caminhar no mesmo sentido ou velocidade –e, assim, podem buscar um novo caminho juntos.

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