Página Inicial Saúde Bets: Unifesp propõe limitar publicidade de influencer – 08/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Bets: Unifesp propõe limitar publicidade de influencer – 08/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) divulgaram nesta segunda-feira (7) um documento para tentar frear a dependência em jogos de azar no país, como limitar a divulgação de publicidade por influenciadores e pessoas públicas.

O foco é proteger especialmente os adolescentes, o grupo mais vulnerável a apresentar algum nível de risco ou transtorno relacionado ao jogo, de acordo com estudo da Unifesp e da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos) divulgado em março.

Por esse motivo, os pesquisadores defendem a proibição de publicidade de bets em horários acessíveis a menores, campanhas nacionais educativas em escolas e meios de comunicação e alertas mais assertivos sobre os riscos, como os adotados em embalagens de tabaco.

De acordo com a American Psychiatric Association, o “transtorno de jogo” é o “comportamento problemático persistente e recorrente relacionado a jogos de azar, levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo.”

Segundo o estudo da Unifesp, somada todas as modalidades de jogo, o Brasil registra 10 milhões de brasileiros com algum grau de dependência em jogo.

Entre os adultos, 67,8% ainda apostam em modalidades analógicas, como jogo do bicho e loterias, enquanto 84,1% dos adolescentes jogam online. Nesse grupo, 55,2% já apresenta sinais de jogo de risco ou problemático.

A hipótese é de uso de cartões de crédito dos pais, da renda de empregos informais e até de bolsas como como de jovem aprendiz para apostar. A facilidade para manusear plataformas digitais e a influência das redes sociais também ajudam a explicar o fenômeno.

Por isso, os pesquisadores recomendam controle de acesso mais rígido para permitir o jogo apenas a adultos, como uso de biometria para login e checagem de documentos. Também sugerem limitar publicidade em eventos e mídias sociais acessíveis a menores de idade. As propostas se baseiam em iniciativas na Inglaterra e na Espanha.

O objetivo é que o documento com as recomendações seja usado em audiências públicas a fim de fortalecer o debate sobre prevenção e tratamento da dependência em jogo em nível federal, estadual e municipal.

“Estamos enfrentando um grande problema de saúde pública”, disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Unifesp e diretor da Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas) da universidade, um dos autores do levantamento.

Segundo Laranjeira, os Caps (Centros de Ação Psicossocial) não têm um protocolo nacional para responder à velocidade dos novos e jovens pacientes em busca de ajuda. “Quem está pagando essa conta são os mais jovens e vulneráveis”, diz.

O grau de enfermidade utilizado na pesquisa se baseia na escala PSGI (da sigla em inglês Problem Gambling Severity Index), usada internacionalmente para definir dos níveis menos problemáticos aos casos severos, como o transtorno de jogo.

A psicóloga Clarice Sandi Madruga, uma das autoras do estudo, afirma que o transtorno pode agravar ou desencadear quadros de depressão e ansiedade, como qualquer outra droga, como o álcool.

“Pensar em toda a publicidade digital trazendo essa ideia é um dos grandes passos que a gente precisa cumprir”, diz Madruga. “É o tipo de jogo mais aditivo entre os mais vulneráveis, como os adolescentes”.

Ela reforça que a pesquisa publicada em março foi feita entre 2022 e 2023 e que o cenário hoje pode ser ainda mais grave. “É muito possível que, de lá para cá, esses números já estejam subestimados.”

Além da Unifesp, os apontamentos são feitos em parceria como Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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