A Faculdade Sírio-Libanês anunciou nesta segunda-feira (7) o lançamento da sua graduação em medicina, autorizada por portaria do MEC (Ministério da Educação) publicada no Diário Oficial da União.
Serão cem vagas por ano (50 por semestre), com duração de 12 semestres e carga horária total de 8.600 horas. As inscrições para o processo seletivo devem ser abertas ainda neste mês, e as aulas começam no segundo semestre deste ano.
Inaugurada em 2023, a faculdade já oferece outras quatro graduações em saúde: enfermagem, com mensalidade de R$ 2.250, fisioterapia (R$ 2.100), psicologia (R$ 3.990), e recentemente obteve autorização para a biomedicina (R$ 2.350).
Embora ainda não esteja definido o valor das mensalidades do curso de medicina, Fernando Ganem, diretor-geral do Sírio, diz que elas serão compatíveis a de outros cursos de medicina que já estão no mercado.
“Estamos estipulando o valor médio das faculdades, mas não das mais caras. A gente entende que o valor muito elevado dificulta muito o acesso, e não é essa a intenção.”
O lançamento ocorre em um momento de discussões no país sobre a qualidade do ensino médico devido à grande expansão de escolas. Desde 1990, o número de faculdades de medicina quintuplicou, atingindo atualmente 390. Mais de 80% são privadas, com média de mensalidades em torno de R$ 10 mil.
Desde 2005, o Sírio-Libanês oferece cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, especialização e residências médicas e multiprofissionais, além de cursos de atualização e EAD (Ensino a Distância).
Ganem afirma que o curso de medicina será ancorado em duas bases: a tradição da instituição aliada à inovação. “Temos um corpo clínico de mestre e doutores, livres docentes, titulares em outras instituições de renome na formação médica, que nos dá essa experiência.”
A grade curricular integra teoria e prática desde o primeiro semestre, com conteúdo estruturado em unidades curriculares, que incluem, além dos temas inerentes à formação médica exigidos pelo MEC, conteúdos sobre empreendedorismo, gestão, pesquisa e inovação.
“Trazer outras competências para os alunos de medicina para tentar entender o cenário da saúde no momento. Muitos de nós não tivemos isso ao longo da carreira”, diz Ganem.
A faculdade deve trabalhar com 10% de bolsas voltadas a estudantes de baixa renda. Entre os critérios de elegibilidade estão renda de até um salário mínimo e meio por membro da família, estar cursando ou ter concluído o ensino médio em escola pública ou particular (com bolsa integral ou com mensalidade compatível com a renda declarada) e não ter cursado mais de quatro semestres de outra graduação.
Segundo Ganem, a instituição dará todo suporte complementar para suprir eventuais dificuldades que existam na formação desses alunos. “Temos tido uma experiência muito boa com os demais cursos. Alguns acabam tendo desempenho superior aos não bolsistas.”
De acordo com ele, o curso de medina terá forte atuação no SUS e na saúde suplementar. Além dos seus 600 leitos privados, o Sírio-Libanês também é responsável pela gestão de 1.200 leitos do SUS por meio de contratos com prefeituras e estados.
A formação inclui atividades no Hospital Regional Rota dos Bandeirantes, em Barueri, gerido pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), parceiro do governo paulista na gestão dessa unidade.
“Desde o início, os alunos estarão em contato com os pacientes, participando de discussões clínicas e compreendendo a gestão hospitalar. Também poderão atuar em outras unidades sob gestão do IRSSL, que vão desde a atenção básica até hospitais de alta complexidade”, diz Fernando Ganem.
A proposta pedagógica integra os temas correlatos em unidades curriculares, com objetivo de trazer uma visão mais integrada e funcional da medicina.
A ideia é que o aluno associe conceitos teóricos básicos a situações clinicamente importantes já no início do curso_por exemplo, aprendendo sobre cuidados paliativos na formação básica.
De acordo com Liao Yu Chieh, diretor de ensino da faculdade, por meio de trilhas de aprendizagem, o estudante escolhe unidades curriculares que moldam sua formação de acordo com suas aspirações profissionais e conta com mentoria especializada da equipe docente. “As trilhas permitem que cada aluno construa sua trajetória conforme seus objetivos profissionais.”
O curso oferece, por exemplo, unidades curriculares voltadas ao universo digital, como análise preditiva de dados e saúde digital, capacitando o aluno a transformar dados em ações clínicas eficazes, segundo Chieh.
Ganem explica que a proposta do curso segue modelos internacionais, o que facilita parcerias e intercâmbios com instituições como a Universidade de Coimbra, em Portugal, e a Charles University, na República Tcheca, com as quais a faculdade mantém acordo de cooperação em ensino e pesquisa.
Localizada em um espaço de mais de 9 mil metros quadrados, próximo à avenida Paulista, a faculdade do Sírio conta com 14 salas de aula, 9 laboratórios, biblioteca e áreas de convivência e descanso. Dispõe de equipamentos de última geração em laboratórios especializados. Um dos destaques é centro clínico hiperrealístico, projetado para simular o ambiente hospitalar, com leitos e outras estruturas.