Página Inicial Saúde Conheça armadilha da Ucrânia contra mosquito da dengue – 16/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Conheça armadilha da Ucrânia contra mosquito da dengue – 16/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

À beira da piscina coberta do Clube Athlético Paulistano, uma tecnologia criada em um país em guerra foi adquirida para tentar estabelecer a paz dos usuários do clube no Jardim América. Trata-se da Mosqitter. O aparelho foi criado na Ucrânia e tem a função de atrair, capturar e matar pernilongos e mosquitos da dengue.

Segunda a fabricante, a máquina simula o cheiro, a temperatura e a respiração de um ser humano para atrair fêmeas de pernilongos (Culex quinquefasciatus) e Aedes Aegypti, vetor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Para isso, uma substância libera um odor imperceptível enquanto um cilindro de gás carbônico simula a respiração humana.

Ao se aproximar do equipamento, que mede 1,30 m de altura, uma ventoinha os suga e os aprisiona em uma rede interna, onde são ressecados até desidratar e morrer.

O processo não emite fumaça, nem níveis preocupantes de dióxido de carbono, afirma a fabricante.

A intenção é interromper a reprodução das espécies em um raio com cerca de 50 m. Por isso, o Paulistano comprou duas por R$ 14 mil. Outras três foram alugadas por R$ 500. Além da piscina, uma opera na quadra, outra no cinema, uma no playground e mais uma próxima a uma escolinha.

A tecnologia é vendida no Brasil desde 2023 e foi adquirida por hotéis luxuosos, como o Rosewood, na Bela Vista, e no cinco estrelas Palácio Tangará, na zona sul. Antes, foi colocado à prova contra borrachudos inconvenientes na reserva de luxo Caiman, no Pantanal do Mato Grosso do Sul.

O recurso é uma estratégia particular para enfrentar a alta da dengue em São Paulo. Em distritos mais pobres, como Jardim Ângela e Capão Redondo, na zona sul, Perus e Brasilândia, na região norte, a doença já é considerada epidêmica. São mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes, segundo a prefeitura. No Brasil, 7 a cada 10 mortes por dengue aconteceram no estado de São Paulo.

No Paulistano, os mosquitos também assustavam os cerca de 4 mil sócios que o frequentam diariamente. Tornou-se hábito entre os cerca de mil funcionários carregar repelentes entre as quadras poliesportivas e salões.

“Os professores, salva-vidas, babás e associados reclamavam demais dos mosquitos”, diz o engenheiro ambiental do clube, Ivo Milani. Segundo ele, a limpeza da rede com os mosquitos é feita a cada duas semanas. Em um recipiente, ele armazena o volume equivalente a três meses de mosquitos eliminados.

Apesar disso, nem todas operam com a mesma eficiência do modelo instalado na piscina coberta, como a do cinema, diz. A fabricante defende que elas sejam instaladas em áreas mais abertas e conectadas a tomadas de 220V por 24 horas.

A substância usada para atrair os mosquitos também deve ser trocada a cada um ou dois meses. Cada sachê é vendido a cerca de R$ 270 online pela própria empresa. A rede de captura também pode ser obtida por R$ 96.

Um aplicativo as monitora remotamente, configurando intervalos de operação e potência.

Segundo Pedro Moreira, responsável pela Mosqitter no Brasil, testes demonstraram que armadilha funciona apenas contra pernilongos, borrachudos e Aedes.

“Elas não sugam abelhas, apenas insetos sugadores de sangue que miram humanos. Não agem contra polinizadores”, diz. Segundo ele, pessoas físicas também têm buscado o negócio, em especial para casas de praia.

O recurso à base de um feromônio patenteado não é um inseticida. O método é diferente das armadilhas compradas pela prefeitura por R$ 400 a unidade para atuar contra o Aedes fora dos muros das associações de luxo da capital.

No ano passado, a gestão Nunes espalhou 20 mil baldes com água e larvicidas para atrair fêmeas e impedir a produção de larvas. Em fevereiro, reportagem da Folha mostrou que muitos não receberam manutenção, o que causava efeito contrário: atraíam e ajudavam a criar focos do mosquito.

Em nota, a SMS (Secretaria Municipal da Saúde), afirma ter havido redução em 48,7% nos casos de dengue até o fim de março em relação ao ano passado em áreas com e sem as armadilhas.

“Esses resultados demonstram a eficácia dos equipamentos instalados em todas as regiões da cidade”, diz a pasta.

O governo estadual não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre estratégias de armadilha contra a dengue. Os diretores da Mosqitter, porém, afirmam que iniciaram conversas para testar a máquina ucraniana em municípios da grande São Paulo.

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