Página Inicial Saúde Estudos apontam consequências boas e ruins do Ozempic – 19/04/2025 – Equilíbrio

Estudos apontam consequências boas e ruins do Ozempic – 19/04/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

Na última quarta-feira (16), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a exigência de retenção de receita para compra de medicamentos análogos ao GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. Com a nova medida, somente pacientes com receita médica dentro da data de validade podem adquirir as chamadas canetas emagrecedoras. O objetivo da decisão é combater o uso indiscriminado desse tipo de medicamento, além da utilização sem prescrição médica, segundo a agência.

Nos últimos anos, os medicamentos análogos de GLP-1, que imitam um hormônio intestinal que sinaliza ao cérebro a saciedade e ajuda a controlar a glicemia, se popularizaram como uma forma rápida e fácil de emagrecimento. Enquanto uns, como o Ozempic e Mounjaro, são aprovados pela Anvisa para o tratamento de diabetes, outros, como o Wegovy, tem autorização para obesidade.

A perda de peso e o controle da glicemia, porém, não foram as únicas consequências identificadas. A Anvisa afirma que 32% das notificações de efeitos adversos relacionados aos medicamentos como o Ozempic estão associadas a utilização não prevista em bula, ou seja, off label.

A agência alerta que o uso destes remédios fora das indicações comprovadas cientificamente pode colocar a saúde dos usuários em risco.

Estudos recentes mostram efeitos positivos e negativos relacionados ao uso dos fármacos, especialmente a semaglutida, desde benefícios cardiovasculares até risco de problemas de visão. Veja abaixo.

Efeitos positivos

Redução do consumo de álcool. Um estudo publicado em fevereiro na Jama Psychiatry aponta que pessoas que tomam remédios como Ozempic podem ter menos apetite para o álcool. Entre 48 adultos com problemas com álcool, os que estavam sob efeito da semagalutida consumiram 30% menos bebida alcoólica.

Apesar dos bons resultados, os pesquisadores afirmam que são necessários mais estudos para entender se a semaglutida poderia ser usada para tratar problemas com álcool.

Prevenção de Alzheimer. Vários estudos já revelaram bons efeitos da semaglutida na prevenção e tratamento de Alzheimer em camundongos, assim como aumento da memória e capacidade de aprendizado.

Porém, estudos em humanos ainda estão sendo realizados. Outras drogas já foram eficazes para tratamento deste tipo de demência em roedores mas não obtiveram o mesmo resultado em humanos.

Prevenção de cirrose. Um estudo da farmacêutica Novo Nordisk, responsável pelo Wegovy, afirma que o medicamento possui eficácia na diminuição de inflamação e fibrose no fígado, condições que podem levar à cirrose.

Nessa pesquisa, a caneta também promoveu maior controle de pressão arterial e do diabetes tipo 2, além de diminuir a obesidade.

Alívio de dores de artrose no joelho. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine diz que a semaglutida tem efeito para alívio para dores de artrose no joelho, um sintoma comum em pessoas com obesidade. Até agora, porém, o único tratamento eficaz era a cirurgia.

No estudo com 407 pessoas, as dores no joelho naquelas que tomaram a semaglutida diminuíram cerca de 41,7 pontos (em uma escala para dor), o dobro das que receberam um placebo.

Prevenção de AVC. A American Stroke Association (Associação americana de Acidente Vascular Cerebral, em português) incluiu remédios do tipo GLP-1 na lista de medicamentos indicados para prevenção de AVC. A associação afirmou que esses medicamentos demonstraram ser efetivos para diminuição de peso, que pode estar relacionado ao risco de doenças cardiovasculares e derrames.

Efeitos negativos

Risco durante a anestesia. A Anvisa alertou no ano passado que medicamentos análogos de GLP-1 podem aumentar o risco de desenvolvimento de pneumonia e aspiração em pacientes submetidos a anestesia. Segundo a agência, esses remédios atrasam o esvaziamento gástrico, aumentando os riscos de inalação de alimentos e líquidos.

Problemas de visão. Alguns estudos já relacionaram as canetas de semaglutida a problemas de visão, como inflamação na retina e falha na circulação sanguínea no nervo óptico, podendo levar à cegueira.

Mais estudos, contudo, são necessários para estabelecer relação causal entre o uso desses medicamentos e os problemas observados.

Perda de cabelo. Um estudo que comparou usuários de semaglutida com pacientes que usavam a combinação de naltrexona e bupropriona, também indicada para a perda de peso, mostrou que há risco maior de perda de cabelo em mulheres que tomam a semaglutida.

O trabalho, publicado em março de 2025, afirma que ainda são necessários mais estudos para certificar a associação entre o sintoma e o medicamento.

Lesão renal e problemas no pâncreas. Um estudo publicado na revista Nature indicou relação entre lesões renais, pancreatite e problemas grastrointestinais ao uso de medicamentos análagos de GLP-1. A pesquisa analisou dados médicos de veteranos de guerra com diabetes do tipo 2.

Diante disso, a farmacêutica Eli Lilly afirmou já ter informado sobre esses riscos, enquanto a Novo Nordisk diz ter segurança dos medicamentos comprovada.

Perda de massa magra. Canetas emagrecedoras usualmente fazem o paciente sentir menos vontade de comer, resultando em emagrecimento. Um efeito colateral comum é a perda de massa magra e o déficit nutricional, que pode ser grave em alguns casos.

Por isso, especialistas afirmam que, durante o uso deste tipo de medicamento, é necessário ter uma dieta nutritiva, rica em proteínas e uma rotina de exercícios para manter a massa magra e a nutrição necessária.

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