Atraída pela ideia de viver o início da internet – que não experienciei devido à pouca idade à época -, decidi criar uma conta no Seven39. Descobri, então, uma rede social de interface minimalista, sem vídeos, poucas fotos, textos enxutos, econômicas opções de navegação e estímulos visuais limitados. Nada de conteúdo político, nenhuma fofoca sobre celebridades, muito menos discussões intermináveis e sem a possibilidade de enviar mensagens privadas. Por um momento, comemorei.
Com um feed cronológico e sem algoritmos, as postagens consistem em falar sobre amenidades: contar sobre o dia a dia, sugerir séries e músicas, agradecer ou reclamar sobre o clima. Timidamente, fiz até uma recomendação de podcast em português para uma das usuárias, com quem me aventurei em falar sobre as produções da Rádio Novelo e os livros da Evaristo Conceição.
Mais à vontade, perguntei se havia nacionais online e a resposta de um deles foi: ”mais do que o recomendado por instituições de saúde”. Como em toda rede social, ali estavam os brasileiros, que não perdem a oportunidade de ocupar todos os cantos possíveis e imagináveis do mundo da internet.
Tudo corria bem, até o tédio chegar — em poucos minutos, inclusive. Atualizava a timeline e quase nada novo aparecia, os mesmos posts com um pingado de curtidas e comentários.
A proposta da rede de não gerar o sentimento de FOMO bateu ao contrário: senti um desespero e a certeza de que realmente estava perdendo algo enquanto estava fora do Instagram e do TikTok. ”Vocês não se sentem entediados por aqui?”, publiquei, ainda na tentativa de testar minhas interações. Para a minha surpresa, o próprio fundador do site me respondeu, dizendo que a rede era “particularmente quieta aos finais de semana”, mas não me contentei com a resposta do criador de tudo.