Imagine uma unha perfurando um balão azul brilhante. Pop!
É assim que a rejeição pode ser sentida por alguém TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), como um criador do TikTok disse aos seus seguidores: uma explosão de emoções.
O vídeo, que tem quase 300 mil curtidas, é um dos milhares de posts sobre “disforia de densibilidade à rejeição”, ou DSR.
O termo é raramente usado por clínicos. Você não o encontrará no manual para diagnosticar e classificar condições de saúde mental —o DSM-5. Mas referências à DSR têm circulado online, especialmente nas redes sociais.
E para algumas pessoas com TDAH, o conceito faz sentido.
O que é disforia de sensibilidade à rejeição?
DSR descreve uma reação emocional intensa à rejeição, provocação, crítica ou à percepção de que você fracassou.
Erin Ryder, 24, professora na região metropolitana de Detroit com TDAH, disse que a DSR deu um nome à maneira “extremamente emocional” como ela reagia ao se sentir rejeitada.
“Eu imediatamente penso: ‘Este é o fim do mundo'”, conta.
Quando seu namorado recentemente pediu para adiar seus planos após uma longa semana de trabalho, ela disse que pensamentos negativos inundaram seu cérebro, e ela ficou obcecada com o motivo do cancelamento. Mais tarde, percebeu que sua resposta foi exagerada. Mas no momento, ela disse: “Eu simplesmente surtei”.
De onde veio o termo?
A disforia de sensibilidade à rejeição foi popularizada por Bill Dodson, um psiquiatra que dedicou sua carreira ao tratamento de pessoas com TDAH, mas ele esclarece que não cunhou a expressão.
“Acredite em mim”, diz ele. “Eu não teria criado um nome tão terrível e difícil de pronunciar.”
Dodson emprestou o termo de literatura mais antiga sobre depressão atípica e o adaptou para descrever um fenômeno que, segundo ele, observou em milhares de seus pacientes.
O médico discutiu publicamente a DSR pela primeira vez em uma conferência sobre TDAH em 2010. Desde então, ele criou 12 critérios para definir a DSR, conversou sobre o conceito em podcasts e escreveu extensivamente sobre o assunto.
Qual é a diferença entre DSR e sensibilidade à rejeição?
Sensibilidade à rejeição é a tendência a reagir exageradamente a críticas percebidas.
Está mais associada a transtornos de humor e transtornos de personalidade, diz Erick Messias, chefe do departamento de psiquiatria e neurociências comportamentais da Escola de Medicina da Universidade Saint Louis. A sensibilidade à rejeição também pode surgir após um trauma, acrescentou.
Dodson acredita que a DSR é distinta da sensibilidade à rejeição, com base em suas décadas de experiência clínica, e que é uma questão específica para pessoas com TDAH.
Pessoas com DSR, segundo Dodson, não são apenas sensíveis a críticas percebidas, elas também são altamente críticas consigo mesmas porque acham que ficaram aquém.
Além disso, quando são provocadas, criticadas ou rejeitadas, seu humor muda “instantaneamente”, afirma ele, e elas de repente se sentem deprimidas ou cheias de raiva. É aqui que entra a palavra “disforia”, significando um estado de sentir-se muito infeliz, desconfortável ou insatisfeito.
O que outros clínicos pensam?
Embora as ideias de Dodson tenham se tornado populares online, alguns profissionais de saúde mental permanecem céticos. Mas, mesmo especialistas que duvidam do termo não se surpreendem que alguns pacientes com TDAH se identifiquem com ele.
Max Wiznitzer, neurologista pediátrico no Rainbow Babies and Children’s Hospital em Cleveland, observou que pessoas com TDAH frequentemente são diagnosticadas com transtornos de humor —e também são propensas a sintomas como reações emocionais desproporcionais.
E outros clínicos, como Lindsay Blass, psicóloga em Westport, Connecticut, dizem que veem valor no termo porque ele expressa o quão devastadora a crítica pode ser para algumas pessoas.
“Você não está apenas desapontado”, diz Blass. “Você está devastado. E outras pessoas não entendem necessariamente por que é tão intenso.”
Para evitar a dor, Dodson disse que seus pacientes com DSR frequentemente se tornam perfeccionistas, pessoas que buscam agradar ou excessivamente avessas ao risco. “As pessoas organizarão todo o seu ser em torno da prevenção dessa dor”, explica.
O que você pode fazer para aliviar a sensibilidade à rejeição?
Não existe um tratamento farmacêutico estabelecido para a sensibilidade à rejeição. Dodson diz que quando seus pacientes pareciam ter DSR, ele frequentemente prescrevia medicamentos conhecidos por reduzir a ansiedade —mas que não funcionavam para todos.
A terapia tem se mostrado útil. Aqui estão algumas estratégias de enfrentamento apoiadas por especialistas para qualquer pessoa que seja especialmente perturbada pela rejeição:
Reconheça sua sensibilidade: Simplesmente lembrar a si mesmo que você tende a reagir fortemente à rejeição percebida pode ser uma boa maneira de ganhar perspectiva. Você pode ver que sua interpretação de uma situação não está fundamentada nos fatos.
Considere a terapia de exposição: Se você se encontra evitando certas experiências por medo de rejeição, pode trabalhar com um terapeuta para se expor gradualmente às coisas que acha desconfortáveis e construir sua confiança ao longo do caminho, afirma David W. Goodman, professor assistente de psiquiatria na Escola de Medicina Johns Hopkins.
Dê o benefício da dúvida: A pessoa com quem você está falando pode não ter intenções negativas. Às vezes, pode ajudar buscar clareza. Blass recomenda dizer algo como “sei que tenho tendência a presumir o pior, mas as coisas parecem um pouco estranhas, e eu gostaria de descobrir o que está acontecendo”.
“Não é necessariamente que eles estejam contra você”, diz ela.