Página Inicial Saúde Mulheres são maioria entre médicos no Brasil, diz estudo – 30/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Mulheres são maioria entre médicos no Brasil, diz estudo – 30/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Em 2025, mulheres se tornam pela primeira vez na história a maioria dos médicos no Brasil, representando 50,9% dos profissionais. O número de médicos cresceu acentuadamente nos últimos 20 anos, chegando a 597.428 em 2024, e deve dobrar na próxima década, segundo projeções. Apesar disso, a distribuição geográfica desses profissionais ainda permanece desigual, com a maior parte concentrada no Sudeste e maior presença no setor privado do que no SUS (Sistema Único de Saúde).

Os dados são do estudo “Demografia Médica no Brasil 2025”, lançado nesta quarta-feira (30), realizado pela AMB (Associação Médica Brasileira), o Ministério da Saúde, a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e a Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). A pesquisa traça o perfil e a distribuição dos médicos no país, bem como projeções futuras.

Segundo a análise, o Brasil tinha 205 mil médicos em 2000 e, até 2035, deve alcançar mais de 1,15 milhão de médicos. Assim, a densidade nacional superará cinco profissionais por 1.000 habitantes nesse ano, o que colocará o Brasil entre os países com maiores índices do mundo.

Com uma série histórica de 2004 a 2024, o estudo mostra que foram abertas, em média, 2.538 novas vagas de medicina por ano. A média de vagas disponibilizadas por escola aumentou de 97 para 108. O tema suscitou debate recentemente sobre a criação do Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica) para avaliar a qualidade do ensino e ajudar na seleção de alunos para residências.

Enquanto em 2004 havia 132 cursos e 13.820 vagas, a projeção para 2024 é de 448 cursos e 48.491 vagas –os pesquisadores consideram o Mais Médicos, de 2013, como um marco importante dessa expansão. A maioria das vagas se encontra em instituições privadas.

Embora as capitais ainda concentrem o maior número de vagas, a distribuição geográfica tem mudado, com crescimento nas cidades do interior do país

Hoje, 34,8% das oportunidades concentram-se nas capitais, enquanto a maioria (65,2%) está disponível em cidades interioranas. Destas vagas, 21,6% encontram-se em cidades com mais de 300 mil habitantes, 28,8% em cidades médias com população entre 100 mil e 300 mil habitantes, e 14,8% em municípios pequenos com menos de 100 mil habitantes.

Ainda que o número de médicos tenha crescido, existe uma distribuição desigual de especialistas por estado e também por tipo de serviço. O Sudeste possui a maior razão por 100.000 habitantes, 3,77, seguido pelo Centro-Oeste (3,44), Sul (3,31), Nordeste (2,21) e Norte (1,70) em 2024.

O Distrito Federal destaca-se com a maior razão no território nacional, sendo 6,28 médicos por 1.000 habitantes, enquanto o Maranhão apresenta a menor (1,27). Até 2035, a projeção é que haja uma super concentração de profissionais em alguns locais como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Em geral, as taxas de especialistas são mais altas para os beneficiários de planos de saúde em comparação com a população geral atendida pelo SUS. No Brasil, em 2023, a taxa total de especialistas por 100 mil habitantes era de 225,04, sendo 196,81 para o SUS e 312,38 para o setor privado.

Segundo os pesquisadores, um outro desafio na medicina é representado por uma disparidade entre a formação e programas de residência médica. “As residências médicas não estão sendo avaliadas de maneira apropriadas e a qualidade da formação fica comprometida”, afirmou Eloísa Bonfá, médica e diretora da FMUSP, em evento de lançamento do estudo.

Conforme o estudo, em 2024, havia 287 mil alunos e 47,7 mil médicos residentes. Ou seja, a residência médica não acompanhou a graduação. Mais de 60% dos residentes estão nas capitais, com concentração no Sudeste. Entre as dez maiores, nove estão em São Paulo.

“Precisamos enfrentar as duas realidades: de um lado a qualidade da formação medica na graduação e do outro ter uma expansão responsável com as principais instituições do pais em relação a especialização no Brasil”, disse o ministro da Saúde Alexandre Padilha, também presente no evento.

O ministro ressaltou a importância da colaboração entre instituições para elaborar ações para enfrentar os desafios elucidados, e afirmou que o Ministério da Saúde comanda a comissão interministerial para discutir a formação médica no Brasil, com primeira reunião prevista para a próxima quinta-feira com a AMB, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e outras entidades medicas para acompanhar a implementação do Enamed.

Medicina mais feminina e mais jovem

Já se sabia que as mulheres são maioria entre os médicos jovens. O estudo reforça que a população médica projetada para os próximos será dessa forma: mais feminina e mais jovem. A partir de 2025, as mulheres irão representar 50,9% do total de médicos, segundo este estudo. Em 2010, elas correspondiam 41% da população médica no Brasil.

Até 2035, elas serão 56% do total de médicos no Brasil. A crescente participação feminina na medicina é um fenômeno mundial. O Brasil tem menos médicas que a Argentina, mas mais que Colômbia, Chile e Peru, por exemplo.

A presença das mulheres é expressiva ainda no ensino da medicina. Enquanto elas representavam 53,7% dos matriculados em cursos de graduação, em 2023 esse número subiu para 61,8%.

Ainda assim, elas predominam só 20 das especialidades médicas, sendo a principal delas a dermatologia. Há também uma mudança no perfil etário, com uma população médica mais jovem. Em comparação com a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a população médica brasileira é relativamente jovem, com 26,8% dos profissionais com 55 anos ou mais em 2024.

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