Página Inicial Saúde Wegovy pode tratar outra doença crônica – 08/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Wegovy pode tratar outra doença crônica – 08/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Uma nova pesquisa mostra que a semaglutida, o composto do medicamento para perda de peso Wegovy, pode tratar uma doença hepática grave cada vez mais comum, a esteato-hepatite associada à disfunção metabólica, conhecida também pela sigla MASH.

O estudo, publicado na semana passada no New England Journal of Medicine, incluiu 800 adultos com uma forma grave da doença. As pessoas desenvolvem MASH após o acúmulo de gordura no fígado, o que pode levar à inflamação, danos celulares e formação de cicatrizes. A condição, que afeta quase 15 milhões de adultos somente nos Estados Unidos, é um dos motivos mais comuns para transplantes de fígado em todo o país. Está intimamente ligada à obesidade e ao diabetes tipo 2, ambos também em ascensão.

A Novo Nordisk, empresa que fabrica o Ozempic e o Wegovy, patrocinou o estudo, como é comum em ensaios clínicos. O ensaio de fase 3 incluiu pessoas com níveis moderados ou avançados de cicatrização hepática.

Após 72 semanas, quase 63% dos que receberam injeções de semaglutida e cerca de 34% dos que receberam injeções de placebo observaram a gordura e a inflamação no fígado desaparecerem sem qualquer piora nas cicatrizes hepáticas.

E quase 37% dos que tomaram semaglutida apresentaram menos tecido cicatricial do que no início do estudo, sem piora da inflamação ou acúmulo de gordura. Isso em comparação com cerca de 22% no grupo placebo.

Inflamação e gordura no fígado são os principais fatores que causam cicatrizes no fígado em pessoas com MASH, o que pode levar à insuficiência hepática, informa Vandana Khungar, hepatologista do Hospital New Haven, de Yale, que não estava envolvida no estudo.

A Novo Nordisk solicitou à FDA (Food and Drug Administration), órgão correspondente à Anvisa dos EUA, a aprovação do Wegovy como tratamento para MASH. A Eli Lilly, que fabrica os medicamentos concorrentes Mounjaro e Zepbound, também estudou se o composto presente nesses medicamentos pode tratar a condição e os resultados iniciais se mostraram promissores.

Há apenas um medicamento atualmente aprovado para tratar a doença, o Rezdiffra, que foi liberado pela FDA em março de 2024. Pesquisas recentes também mostraram que a cirurgia bariátrica também pode ajudar a tratar a MASH.

Além disso, os médicos frequentemente incentivam pacientes a perderem peso na esperança de melhorar a inflamação do fígado e prevenir novas cicatrizes. Quase três quartos dos participantes do estudo eram obesos e mais da metade tinha diabetes tipo 2.

Os participantes do grupo placebo e do grupo que tomou semaglutida receberam aconselhamento nutricional e de exercícios, o que pareceu surtir efeito. Alguns perderam peso —2% da massa corporal, em média, em comparação com cerca de 11% no grupo de tratamento— e observaram melhora na saúde do fígado.

Diretor do Instituto Stravitz-Sanyal para Doenças Hepáticas da Virginia Commonwealth University e principal autor do estudo, Arun Sanyal afirmou que “não há dúvida” de que a perda de peso foi um dos principais impulsionadores das melhorias entre os pacientes que tomaram semaglutida. Pessoas que tomaram o medicamento também apresentaram menor nível de açúcar no sangue e menor resistência à insulina, o que provavelmente contribuiu para melhores resultados hepáticos. É possível que o medicamento tenha outros efeitos, segundo ele, incluindo a redução da inflamação no fígado.

Uma limitação do estudo é que a maioria dos participantes era branca, diz Khungar. Apenas cinco pacientes em toda a pesquisa eram negros. E como a maioria das pessoas no estudo era obesa, não está claro se o medicamento será tão eficaz em pacientes sem excesso de peso, acrescenta.

Dados de longo prazo mostrarão se a semaglutida pode prevenir transplantes de fígado ou morte por doença hepática, completa Khungar.

A Novo Nordisk continua monitorando os participantes para verificar a evolução da doença hepática. A empresa prevê novos dados em 2029.

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