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Em país cada vez mais urbano, quilombolas seguem morando mais no campo do que na cidade

Publicado pela Redação


62% dos quilombolas moram em áreas rurais, ante 87% no conjunto da população. Mesmo os indígenas têm uma população urbana maior que a rural, segundo o instituto. Para pesquisadora do IBGE, fato tem relação com a escravidão. Dirani Francisco Maia, moradora do Quilombo Kalunga, no nordeste de Goiás, em foto de 2019.
Fábio Tito/G1
Num país cada vez mais urbano, os quilombolas seguem majoritariamente rurais, diferentemente do que acontece até mesmo com os indígenas, mostram dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
➡️ Dos 1.330.186 quilombolas do país, 62% moram no campo, e 38%, nas cidades e outras áreas urbanas.
➡️ Quilombolas são todos aqueles que se autodenominam assim, mesmo que não morem em quilombos.
Para a pesquisadora do IBGE Marta de Oliveira Antunes, este resultado “tem a ver com o histórico da escravização, da ocupação pela escravização e como foi essa resistência organizada ao longo dos séculos”.
Fernando Souza Damasco, pesquisador do pesquisador do IBGE, o fato era “completamente desconhecido”, já que o Censo de 2022 foi o primeiro a perguntar se as pessoas se identificam como quilombolas. E surpreende.
“Era um elemento completamente desconhecido da sociedade brasileira. (…) É uma descoberta, nós temos ainda um grupo populacional no nosso país que é majoritariamente rural, e isso é um dado muito relevante. Às vezes achamos que o rural está em extinção.”
Para os pesquisadores do instituto, este dado passa a ser uma referência nova para todos os órgãos públicos que vão lidar com essa população e para o direcionamento de políticas públicas.

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Mulheres são maioria nas áreas urbanas e homens, nas rurais
Quando se analisa por gênero, as mulheres são maioria entre os quilombolas urbanos. Nas áreas rurais, os homens são maioria:
➡️Em áreas urbanas, a cada 92 homens quilombolas foram identificadas 100 mulheres quilombolas. Nas áreas rurais, eram 105 homens para cada 100 mulheres.
Para Marta Antunes, do IBGE, o números mostram que as mulheres estão “em busca de melhores oportunidades, em busca de estudos e trabalho”.
Quilombolas têm pior acesso a serviços básicos
Os dados mostram também que os quilombolas têm pior acesso a serviços como abastecimento de água, destinação do esgoto e coleta de lixo.
🚨 Em áreas rurais, dentro dos territórios delimitados, a precariedade no saneamento básico chega a 93,82%.
Mesmo em situação urbana, o acesso a água em condições de maior precariedade é 3,4 vezes maior entre a população quilombola (9,21%) do que entre a população residente em situação urbana no Brasil (2,72%).
O que mais o Censo mostrou sobre os quilombolas
O Nordeste concentra quase 70% dos quilombolas, com grande destaque para os estados da Bahia e do Maranhão. Juntos, eles têm 50% dos quilombolas do país.
Quase ⅓ dos quilombolas do Brasil estão na Amazônia Legal.
87% dessa população vive fora de territórios oficialmente delimitados
Quilombolas são mais jovens que o conjunto da população
Analfabetismo entre quilombolas é quase três vezes maior do que na população total do país

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