Página Inicial Saúde Tatuagens, narguilé: Conheça 5 fatores ligados ao câncer – 11/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Tatuagens, narguilé: Conheça 5 fatores ligados ao câncer – 11/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Campanhas de saúde pública ajudaram a popularizar as causas mais conhecidas do câncer. Em 1964, o então diretor do serviço de saúde pública dos EUA, Luther Terry, divulgou o primeiro relatório ligando o cigarro ao câncer de pulmão e garganta, e à DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).

Desde então, a estimativa é que programas de combate ao tabagismo evitaram a morte de cerca de 3,4 milhões de pessoas por câncer de pulmão. De forma semelhante, neste ano, o então diretor de saúde pública Vivek H. Murthy alertou sobre a relação entre o consumo de álcool e alguns tipos de câncer.

Há evidências consistentes, acumuladas ao longo de décadas, de que fumar e ingerir bebidas alcoólicas aumentam o risco de câncer. Mas, de tempos em tempos, surgem manchetes que relacionam outros hábitos ao desenvolvimento da doença —como fazer tatuagens ou tomar líquidos muito quentes.

É importante destacar que esses fatores não têm o mesmo peso científico que o álcool e o cigarro. Ainda assim, veja cinco situações inesperadas associadas ao câncer —e o que se sabe sobre cada uma.

Tatuagens

Quase um terço dos norte-americanos tem ao menos uma tatuagem, segundo o Pew Research Center. Mulheres e pessoas com menos de 50 anos são os grupos mais propensos.

Mas, antes de decidir entre uma pequena flor no tornozelo ou fechar o antebraço com um desenho inspirado em Game of Thrones, vale conhecer uma pesquisa recente.

Um estudo com cerca de 5.600 pessoas na Suécia apontou que pessoas com linfoma tinham 21% mais chance de já ter feito uma tatuagem, em comparação com aquelas sem o diagnóstico. O tamanho e a cor da tatuagem não fizeram diferença.

Uma pesquisa menor, feita com gêmeos na Dinamarca, também encontrou associação entre tatuagens e linfoma, além de câncer de pele. A hipótese é que a tinta dificulte a identificação de tumores menores.

Esses estudos, no entanto, têm amostras pequenas e não provam que a tatuagem seja causadora de câncer. Mais pesquisas com grupos maiores e acompanhamento prolongado são necessárias. Mesmo se houver relação, o linfoma ainda é raro: afeta 21 a cada 100 mil pessoas por ano nos Estados Unidos. Assim, o risco ainda é muito baixo.

Narguilé

Apesar da percepção comum, fumar narguilé pode ser pior do que fumar cigarro. Segundo a FDA (agência reguladora dos EUA), uma sessão de narguilé costuma durar mais tempo, o que aumenta a absorção de monóxido de carbono e substâncias tóxicas. Estima-se que, em uma hora, o fumante de narguilé inale 100 a 200 vezes mais fumaça do que quem fuma um cigarro.

O tabaco usado no narguilé costuma ter adoçantes e aromatizantes. O aparelho funciona ao aquecer a mistura com carvão ou eletricidade, passando o ar por um recipiente com água antes de ser inalado.

Em um estudo com quase 40 mil pessoas no norte do Vietnã, fumantes de narguilé apresentaram maior risco de morrer de câncer de fígado, pulmão, cabeça, pescoço e estômago após 11 anos de acompanhamento.

Há consenso entre cientistas de que o consumo de tabaco, em qualquer forma, aumenta o risco de câncer. Minha recomendação: evite todos os tipos de tabaco, inclusive narguilé.

Bebidas muito quentes

Um estudo na China acompanhou mais de 450 mil pessoas por cerca de nove anos. Nesse período, 1.731 desenvolveram câncer de esôfago. Entre aqueles que tomavam chá escaldante diariamente e também bebiam álcool, o risco foi cinco vezes maior. Já os que combinavam o chá muito quente com cigarro tiveram o dobro do risco.

A hipótese é que o consumo frequente de líquidos acima de 60°C danifique as células do esôfago ao longo do tempo.

Duas pesquisas no Reino Unido trazem mais contexto. Uma delas indicou quase o dobro de casos de câncer de esôfago entre pessoas que bebiam de quatro a seis xícaras de café ou chá por dia. Por outro lado, outro estudo britânico encontrou uma relação protetiva entre o consumo de chá e menor mortalidade por câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias —sugerindo que o problema pode estar na temperatura, não na bebida em si.

A associação entre bebidas escaldantes e câncer de esôfago é consistente em diferentes países. Por isso, vale evitar o consumo regular de líquidos muito quentes. Ainda assim, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool é mais importante.

Alisantes e tinturas químicas para cabelo

Produtos alisantes e tinturas permanentes podem conter formaldeído —substância cancerígena— ou químicos que desregulam hormônios, como os ftalatos. Esses compostos estão associados a cânceres sensíveis a hormônios, como os de mama e ovário.

Um estudo com mais de 46 mil mulheres, realizado em 2020, encontrou relação entre o uso de tintura permanente e maior risco de câncer de mama, sobretudo entre mulheres negras. O uso frequente de alisantes também foi associado a maiores riscos de câncer de mama e ovário.

Em outro estudo com o mesmo grupo, qualquer uso de alisantes no ano anterior aumentou o risco de câncer de útero. O risco era ainda maior entre as que usavam o produto quatro ou mais vezes por ano.

Embora os dados ainda sejam limitados, sugiro verificar os ingredientes dos cosméticos antes do uso e evitar produtos com formaldeído ou substâncias que alteram o sistema hormonal.

Carnes preparadas em altas temperaturas

É comum acender a churrasqueira para preparar carnes ao ar livre, especialmente em dias quentes. Mas o preparo de carnes em altas temperaturas —como grelhados e churrascos— pode gerar compostos cancerígenos, como aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Isso ocorre quando proteínas da carne reagem ao calor e a gordura goteja sobre o fogo, produzindo fumaça.

A evidência científica nesse caso é mais robusta do que em outros desta lista. Estudos populacionais apontam que quem consome mais carne preparada em altas temperaturas tem risco ligeiramente maior de desenvolver câncer colorretal.

Como carnes vermelhas e processadas já são associadas a câncer, a recomendação é moderar o consumo, especialmente grelhadas ou defumadas. Pessoalmente, limito esse tipo de carne a uma vez por mês. Cada um deve avaliar o próprio nível de tolerância ao risco ao decidir com que frequência consumir carnes assadas em altas temperaturas.

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