Página Inicial Saúde Gêmeos são alérgicos às mesmas coisas? – 11/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Gêmeos são alérgicos às mesmas coisas? – 11/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Alergias —seja um espirro causado pelo pólen das flores ou a dificuldade para respirar provocada por um certo tipo de alimento— são causadas por uma combinação entre os genes de uma pessoa e o ambiente em que ela vive. Quanto mais essas coisas forem compartilhadas por duas pessoas, mais chances elas têm de serem alérgicas às mesmas substâncias.


Gêmeos têm mais probabilidade de desenvolverem alergias em comum justamente por compartilharem os genes e o ambiente que vivem. Mas, a história não para por aí.



As alergias são extremamente complexas e vários fatores influenciam quem vai desenvolvê-las e quem não.

O que é uma alergia?

Nosso sistema imunológico produz proteínas de defesa, os anticorpos, cujo trabalho é proteger e atacar qualquer germe invasor ou outras substâncias perigosas que entrem no nosso corpo, antes que consiga nos deixar doentes.

Uma alergia acontece quando o corpo confunde os alérgenos —substâncias normalmente inofensivas, mas que podem provocar uma hipersensibilidade nas pessoas, como pólen e ácaros— com um agente intruso. Com isso, os anticorpos grudam nesses alérgenos, dando início a uma reação do sistema imunológico.

Esse processo desencadeia os sintomas mais comuns de uma alergia: espirros, nariz escorrendo, coceira, olhos lacrimejando e tosse. Esses sintomas podem causar desconforto, mas geralmente são leves.

Há ainda a possibilidade de uma alergia causar anafilaxia, um tipo de reação que pode levar à morte e que requer atendimento médico imediato.

Por exemplo, quando uma pessoa come um alimento ao qual ela é alérgica, e apresenta inchaço na garganta e erupções na pele, isso é considerado um caso de anafilaxia.

O tratamento tradicional para anafilaxia é uma injeção do hormônio epinefrina, mais conhecido como adrenalina, que é aplicada no músculo da perna. Pessoas com alergias podem carregar um auto aplicador para se medicarem em emergências, caso tenham uma reação anafilática grave. Hoje em dia também existe um spray nasal de epinefrina, que age de forma rápida no corpo.

Uma pessoa pode ser alérgica a elementos encontradas ao ar livre, como o pólen das árvores e picadas de abelha, ou a coisas que ficam dentro de casa, como animais de estimação e ácaros – insetos microscópicos que grudam nos carpetes e colchões.

Além disso, uma pessoa pode ser alérgica a certos tipos de alimentos. Alergias alimentares afetam entre 4 e 5% da população. As mais comuns são ao leite de vaca, ovos, trigo, soja, amendoim, peixes e frutos do mar.

Em alguns casos, essas alergias somem com o tempo, mas em outros, elas duram a vida toda.

O que influencia o desenvolvimento de alergias

Cada anticorpo tem um alvo específico, o que explica por que algumas pessoas são alérgicas apenas a uma coisa.

Os anticorpos responsáveis pelas alergias também têm a função de eliminar qualquer parasita que o nosso corpo encontra. Graças à medicina moderna, pessoas nos Estados Unidos raramente precisam lidar com parasitas.

Mesmo assim, esses anticorpos ficam em alerta e, às vezes, reagem de forma exagerada a coisas inofensivas como pólen ou certos alimentos, desencadeando uma crise alérgica.

Nossa higiene e o ambiente em que vivemos também influenciam na probabilidade de termos algum tipo de alergia. Quanto maior a variedade de bactérias uma pessoa é exposta nos primeiros anos da vida, menor a chance de ela desenvolver alergias.

Estudos mostram que crianças que crescem em fazendas, que têm animais de estimação antes dos 5 anos, ou que tem vários irmãos têm menor probabilidade de desenvolver uma alergia. Ser amamentado quando bebê também nos protege de alguns tipos de alergia.

Por outro lado, crianças que crescem em cidades têm maior risco de desenvolver alergias – provavelmente devido à poluição do ar -, assim como aquelas que crescem em torno de pessoas que fumam.

Crianças que experimentam alimentos mais cedo também têm menos chance de desenvolver alergias alimentares do que as que tem uma introdução alimentar tardia.

Em adultos, certas profissões também podem contribuir para o desenvolvimento de uma alergia ambiental. Por exemplo, cabeleireiros, padeiros e mecânicos podem ter reações alérgicas devido à exposição a substâncias químicas.

A genética também tem um papel importante. Se um dos pais tiver alergias alimentares ou ambientais, os filhos serão mais suscetíveis a desenvolvê-las. Especialmente no caso de amendoim, se seu pai, sua mãe, ou seus irmãos forem alérgicos, a probabilidade de você ter essa alergia é sete vezes maior.

Gêmeos podem ter as mesmas alergias?

De volta à pergunta sobre os gêmeos: sim, eles podem ser alérgicos às mesmas coisas, mas nem sempre.

Pesquisadores na Austrália descobriram que, em um estudo, entre 60% a 70% de gêmeos tinham alergias ambientais em comum, sendo que gêmeos univitelinos (idênticos) tinham mais chance de compartilhar alergias do que gêmeos bivitelinos (não-idênticos).

Gêmeos univitelinos compartilham 100% dos genes, enquanto gêmeos bivitelinos compartilham apenas 50%, o mesmo que quaisquer outros irmãos.

Outras pesquisas têm sido feitas para entender a genética das alergias alimentares. Por exemplo, um estudo sobre alergia ao amendoim descobriu que gêmeos idênticos tinham mais chances de ambos desenvolverem esse tipo de alergia do que gêmeos não idênticos.

Ou seja, gêmeos podem sim ser alérgicos às mesmas coisas, e é mais provável que isso aconteça baseado nos genes que eles compartilham e no ambiente que cresceram. Mas isso não quer dizer que eles sejam automaticamente alérgicos às mesmas coisas.

Imagine, por exemplo, irmãos gêmeos que foram separados na maternidade e criados em casas diferentes: um em uma fazenda, com animais, e outro em uma cidade. E um dos pais era fumante e o outro não. E um deles conviveu com vários irmãos, mas o outro foi filho único. Certamente eles poderiam desenvolver alergias diferentes, ou talvez não desenvolver nenhuma alergia.

Cientistas como eu continuam pesquisando sobre alergias e esperando ter mais respostas no futuro.

Este texto foi publicado no The Conversation. Clique aqui para ler a versão original

Você também pode gostar

Deixe seu Comentário