O Saxenda, que tem como princípio ativo a liraglutida, está em falta nas farmácias. O medicamento é usado para perda de peso e o tratamento de obesidade e hoje é visto como a segunda linha de fármacos para esta finalidade da farmacêutica Novo Nordisk, detentora da patente do Ozempic e Wegovy.
O medicamento também é usado como alternativa para pacientes que não conseguem usar a primeira linha de tratamento em decorrência dos fortes efeitos colaterais.
A Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias) afirma que não recebeu informações das redes associadas a respeito deste tema. A Folha consultou, via telefone e site, as redes PagueMenos, Panvel, Drogaria São Paulo, DrogaRaia e Drogasil. Todas declararam que poucas unidades contam com o medicamento.
Em nota, a farmacêutica Novo Nordisk alega que a medicação passará por um período de disponibilidade intermitente até setembro de 2025, devido à alta demanda. Além disso, informam que a instabilidade na disponibilidade não representa problemas na qualidade, segurança e eficácia do Saxenda, e lamentam os possíveis impacto aos pacientes.
Em São Paulo, a rede PagueMenos informou ter o Saxenda em uma de suas unidades. A Panvel, que está com o sistema instável na capital paulista, relatou que existem apenas três unidades da medicação em farmácias de Porto Alegre.
A reportagem não conseguiu contato por telefone com as redes DrogaRaia e Drogasil, do Grupo RD, mas os sites constam que o medicamento está indisponível para retirada ou entrega em São Paulo. O mesmo aconteceu com a Drogaria São Paulo.
A liraglutida é um análogo ao hormônio GLP-1, o que significa que ela atua de forma semelhante ao hormônio no organismo, que é produzido naturalmente pelo intestino e atua no pâncreas, na liberação de insulina. Esse princípio ativo é anterior à semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy.
A diferença entre a liraglutida e a semaglutida é que a primeira tem uma ação mais rápida, de aplicação diária, enquanto o princípio ativo do Ozempic e Wegovy têm uma ação prolongada, de aplicação semanal.
Uma possibilidade para a falta do medicamento em grande parte das farmácias é a quebra da patente da liraglutida no Brasil em 2024 e o investimento de medicamentos genéricos, fazendo com que o laboratório volte o foco para os medicamentos com semaglutida, ainda sob patente.