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O rosto é capaz de falar, mesmo sem abrir a boca. Sabe quando você transmite o que está pensando somente com a expressão facial? Às vezes, basta arquear as sobrancelhas para passar uma mensagem.
De expressão em expressão, chegam as rugas. Elas fazem parte do processo de envelhecimento, mas, para alguns, mexem com a autoestima. É aí que ele entra: o Botox, ou melhor, a toxina botulínica.
- O termo Botox se popularizou, mas é na verdade o nome comercial da toxina de uma marca específica, a Allergan.
É o principal procedimento estético não cirúrgico realizado no mundo, de acordo com uma pesquisa da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, em português), divulgada no final de 2024.
Como age? A toxina botulínica é uma substância que atua na junção do neuromuscular (do nervo com o músculo) e diminui a contração do músculo, explica a dermatologista Alessandra Romiti, assessora do departamento de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Isso causa um relaxamento que reduz as linhas de expressão, como as rugas da testa, da região dos olhos (o famoso “pé de galinha”) e de outras áreas, a depender de onde for aplicada.
E mais: há outras possibilidades de uso, não somente estético. A toxina pode ser usada em glândulas, por exemplo, para reduzir o suor de áreas como axilas, pés e mãos.
Também pode ajudar a diminuir a vermelhidão causada pela rosácea (doença de pele) e para o tratamento de dores, como da enxaqueca, do bruxismo e de outras tensões musculares.
Por que é tão popular? Por ser “um procedimento seguro, quando bem realizado, obviamente, e de resultados muito rápidos”, diz Silvia Zimbres, médica dermatologista. “Ele acaba sendo uma porta de entrada quando o paciente pensa em começar a fazer tratamentos estéticos”.
Ouvi três dermatologistas para trazer respostas às principais dúvidas sobre o procedimento. Veja as explicações abaixo:
Todo mundo pode fazer?
Não. Há contraindicações para algumas pessoas.
Não se aplica a toxina no caso de gravidez, doenças neuromusculares como miastenia gravis, esclerose lateral amiotrófica, uso de antibióticos da classe dos aminoglicosídeos, alergia a albumina do ovo ou outros componentes do produto, lista Zimbres.
- “O mais importante é que, antes de qualquer procedimento na verdade, o paciente seja avaliado por um médico para ver se tem alguma contraindicação para o uso da toxina botulínica”, afirma Romiti.
Tem efeitos colaterais?
Depois da aplicação, a região pode ficar arroxeada e inchada. Mas isso não deve durar muito tempo.
Quando o procedimento não é feito corretamente, pode causar queda de pálpebra, assimetria de expressões, visão dupla (quando a pessoa vê uma imagem como duas), lábio torto e outras questões relacionadas à paralisia da musculatura.
Botox preventivo funciona?
Em alguns casos. É algo que divide opiniões entre médicos e, aos poucos, vem sendo avaliado por estudos científicos.
As pesquisas acompanham grupos pequenos de pessoas (gêmeos, por exemplo) e contam com desafios metodológicos, pois envolvem outras variáveis (genética, estilo de vida, características do rosto e da musculatura…).
- A eficácia para atenuar linhas já instaladas, porém, é comprovada.
Médicos observam uma diminuição no surgimento de rugas em alguns usos. A ideia da prevenção é evitar que uma ruga de expressão se torne um vinco, uma ruga estática, que fica marcada no rosto, explica Romiti. Para isso, as especialistas defendem analisar cada caso de forma individual.
“Se é alguém que faz muito movimento com a face ou já tem a cauda da sobrancelha mais baixa, faz sentido usar a toxina de forma preventiva”, diz Ana Carolina Sumam, médica dermatologista.
Há uma idade ideal para começar a fazer?
Não. Justamente por causa das diferenças individuais de cada paciente, o “momento” para começar a usar a toxina botulínica pode variar muito.
“A gente tem alguns pacientes novos com uma tendência muito grande de contração em quem as rugas com certeza vão vincar. E tem outros com mais idade, que não tem muita movimentação no rosto, não tem tanta força muscular. Pra esse [último] paciente, começar cedo é menos importante”, explica a assessora da SBD.
Em geral, os 25 anos são uma boa idade para procurar um dermatologista e fazer uma avaliação, recomenda Sumam.
Dá para criar resistência ao Botox?
Sim, apesar de ser raro. Desrespeitar o intervalo mínimo entre as aplicações, por exemplo, pode incitar a produção de anticorpos que impedem a ação da toxina.
A aplicação dura, em média, de três a seis meses. Esse intervalo mínimo de três meses entre aplicações precisa ser religiosamente respeitado.
- A duração depende do organismo do paciente e de seu estilo de vida. Em quem faz muita atividade física, por exemplo, a ação da toxina costuma durar menos.
- Pacientes costumam refazer o procedimento a cada quatro meses (três vezes por ano).
Quanto custa?
Isso depende da área escolhida e da quantidade de produto necessária.
O preço do procedimento no terço superior do rosto (que inclui testa e a região dos olhos) custa, em média, entre R$ 1.500 e R$ 2.500, de acordo com as especialistas.
Um paciente que quer aplicar somente no “pé de galinha”, por exemplo, pode gastar menos, cerca de R$ 900, diz Zimbres.
Veja dicas para evitar problemas:
- Procure um profissional de confiança e faça uma avaliação médica antes do procedimento;
- Cuidado com profissionais que oferecem procedimentos padrão, sem avaliar seus aspectos individuais;
- Pergunte sobre o produto que será utilizado. No mercado, há substâncias de origem duvidosa, que são vendidos como toxina botulínica;
- Desconfie de procedimentos com preços muito abaixo da média.
Se você não tem interesse no procedimento ou não pode investir nele, alguns cuidados básicos ajudam a manter sua pele mais saudável e com viço. Usar um bom sabonete de rosto, hidratar a pele e usar protetor solar são hábitos fundamentais para a pele.
“O protetor solar é fundamental. O paciente pode gastar rios de dinheiro com toxina botulínica, mas, se não usar protetor solar, vai estar constantemente adquirindo novas ruguinhas e marcas de expressão”, afirma Sumam.
Um dermatologista pode indicar outros cuidados específicos para sua pele, como o uso de um antioxidante ou outros ativos. Mas esses três passos (sabonete, hidratante e protetor) são o básico para uma boa pele —com ou sem procedimento estético.
O que você precisa saber
Notícias sobre saúde e bem-estar
Aumento de fumantes. O Brasil registrou a primeira alta na prevalência de fumantes adultos desde 2007, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde. A pasta afirma que houve um crescimento de 9,3% para 11,6% em 2024.
Alerta da OMS. A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) divulgou boletins epidemiológicos com alerta para o aumento de coqueluche e febre amarela nas Américas em 2025. No Brasil, foram 1.634 casos confirmados, incluindo cinco óbitos, em 2025. O número é o segundo maior dos últimos nove anos.
Nova diretriz de obesidade. Documento da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) recomenda novos critérios de diagnóstico e tratamento para a doença, que incluem casos em IMC abaixo de 30 e recomendam uso de canetas como Ozempic e Mounjaro.