Página Inicial Saúde Álcool pode levar ao envelhecimento cerebral mais cedo – 25/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Álcool pode levar ao envelhecimento cerebral mais cedo – 25/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

O consumo de álcool pode acelerar o envelhecimento cerebral, com efeitos detectáveis mesmo em jovens adultos entre 20 e 30 anos, de acordo com um estudo publicado na revista científica Alcohol: Clinical & Experimental Research. Esta pesquisa reforça evidências de que a substância envelhece o cérebro precocemente.

Além do já conhecido fato de que o alto consumo de álcool está associado a deficiências cognitivas e comportamentais, o estudo demonstra como ele também está relacionado à dificuldade de adaptação a situações de mudança.

“O mais clássico efeito do álcool no sistema nervoso central é uma alteração que pode ocorrer no cerebelo, o órgão do equilíbrio, que pode levar a uma alteração da coordenação dos movimentos e da fala”, explica Raphael Ribeiro Spera, neurologista do Hospital Sírio-Libanês.

Os pesquisadores usaram uma ferramenta de aprendizado de máquina (machine learning) —um subconjunto de inteligência artificial— para verificar se o consumo abusivo antecipava o envelhecimento cerebral e se isso explicava a associação entre o uso de álcool e a inflexibilidade comportamental.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Eles analisaram 58 pessoas com idades entre 22 e 40 anos, muitas das quais começaram a beber na adolescência.

Foram avaliadas ressonâncias magnéticas para estimar a idade cerebral desses adultos, que relataram seu consumo de álcool por meio do teste de identificação de transtornos relacionados ao uso de álcool (AUDIT).

Um dos objetivos foi medir a flexibilidade comportamental dos participantes —sua capacidade de se adaptarem a circunstâncias de mudança. Essa flexibilidade foi avaliada por meio de um teste específico, no qual os participantes precisavam ajustar suas respostas conforme a tarefa evoluía, mudando estratégias quando as condições ou regras se alteravam.

A maior parte dos participantes relatou um consumo leve ou moderado de álcool e pouco uso de outras substâncias. Embora o grau de envelhecimento cerebral variasse, a média indicava um envelhecimento mais acelerado do que o esperado. Observou-se que quanto maior o consumo de álcool, mais envelhecido era o cérebro. No entanto, o consumo alcoólico isoladamente não foi responsável pelos erros repetitivos nas tarefas de adaptação. Esses erros foram associados principalmente ao envelhecimento cerebral acelerado.

“É interessante porque ele soma um dado na literatura um pouco mais preciso, demonstrando essa relação estatística”, afirma o neurologista.

Porém, existem limitações nesta análise. O estudo não leva em conta o estilo de vida das pessoas, que pode influenciar o envelhecimento do cérebro. “Todo estudo que faz esse tipo de análise retrospectiva não consegue estabelecer uma relação de causa e efeito, apesar de poder supor essa relação, porque você não está avaliando outros parâmetros associados”, explica Ribeiro Spera.

“O uso de álcool excessivo pode levar a sintomas de desnutrição, depressão, obesidade, sono ruim e mais índices de comorbidades, que são fatores de risco para o desenvolvimento de demência e traumatismo craniano.”

O médico reforça que é recomendável consumir a menor dose de álcool possível. “O uso de álcool não tem nível seguro para o seu consumo.”

De acordo com a OMS, quem bebe corre riscos de saúde e outros problemas, não existindo nível de consumo de álcool que seja completamente seguro, especialmente acima de 20g de álcool puro por dia ou quando não há abstinência de pelo menos dois dias na semana.

A organização alerta que mesmo pequenas doses podem estar associadas ao surgimento de doenças hepáticas graves e até câncer.

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