Com os verões mais quentes na Baviera, estado localizado no sul da Alemanha, autoridades têm registrado a presença crescente do mosquito tigre asiático —espécie transmissora de doenças como dengue e zika. O inseto tem se adaptado ao novo clima e autoridades têm endurecido medidas para evitar a proliferação de doenças.
Em comunicado para a imprensa, a ministra da Saúde da Baviera, Judith Gerlach, afirmou que é preciso agir para minimizar ao máximo os riscos que as mudanças climáticas representam à saúde. Segundo Gerlach, isso também se aplica às espécies de mosquitos que podem transmitir doenças infecciosas tropicais e subtropicais. “Estamos acompanhando a situação de perto”, diz.
O mosquito tigre asiático possui anéis brancos nas pernas, o último segmento das patas traseiras é branco e uma linha branca percorre o centro da parte superior da cabeça e das costas.
No ano passado, em todo o estado, o mosquito foi encontrado em 17 distritos. Há registros de cidades, como Fürth, Munique e Würtzburg, em que já se populações de mosquito capazes de sobreviver ao inverno. De acordo com o LGL, isso demonstra que os insetos já estão se reproduzindo localmente.
Por isso, n este ano, o monitoramento do mosquito foi ampliado. Para isso, foram instaladas 34 armadilhas de mosquitos pelo estado. Ao capturar mosquitos, as autoridades distritais enviam para o Departamento Estadual de Saúde e Segurança Alimentar na Baviera, o LGL.
Quando o órgão identifica o mosquito tigre, ele alerta autoridades, que podem começar medidas de combate no local. Em algumas cidades já é realizado o monitoramento em coordenação com uma empresa privada.
A ministra afirmou que o risco de transmissão de vírus como o da dengue por meio de mosquitos, como o tigre asiático, ainda é muito baixo na Baviera. “Mas é fundamental conter a disseminação desses insetos”, observa ela, que orienta que a população evite o acúmulo de água parada ao ar livre, em regadores ou pratos de vasos.
Também é recomendado que tonéis de água da chuva sejam cobertos com telas finas ou tampas, e que bebedouros de pássaros e outros recipientes com água sejam esvaziados e limpos semanalmente. Apesar da capacidade de transmitir vírus da dengue e do zika, as amostras de tigre asiático encontrados na Alemanha não eram portadores da doença —de acordo com o LGL, isso significa que os vírus ainda não circulam pelo país.
“Até o momento, não houve registro de transmissão desses vírus por mosquitos tigre na Alemanha, os casos observados ocorrem exclusivamente entre pessoas que voltaram de viagens internacionais”, diz o departamento.
Especialistas alertam, porém, que em meio ao aquecimento global, o aumento das temperaturas pode tornar condições ideais para que o vírus se multiplique mais rapidamente no mosquito e se torne transmissível.
O governo orienta que pessoas que viajaram para regiões onde há doenças transmitidas por mosquitos devem manter proteção constante contra picadas. Também alerta que pessoas que apresentarem febre ou sintomas gripais após viagens devem procurar atendimento médico e informar sobre a viagem internacional.
A presença do mosquito não é isolada na Alemanha. Na França, de acordo com uma reportagem da RFI, a doença da chikungunya, transmitida pelo mosquito tigre, já circula em um nível inédito para esta época do ano —foram oito casos autóctones (de origem local), de acordo com a publicação.
Até agora, já foram registrados desde meados de junho nas regiões de Hérault, Var, Bouches-du-Rhône, Drôme, Gard, no sul da França, além da Córsega. Os sintomas da doença incluem febre e dores nas articulações.