Página Inicial Saúde AVC e demência: mudanças de hábitos para prevenir doenças – 27/05/2025 – Equilíbrio

AVC e demência: mudanças de hábitos para prevenir doenças – 27/05/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

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Não é novidade que um estilo de vida saudável é essencial para envelhecer bem. Seus hábitos de hoje podem promover uma velhice com autonomia —ou levar você na direção oposta.

Doenças neurológicas impactam de forma significativa a qualidade de vida de idosos, entre elas o AVC (acidente vascular cerebral), a demência e a depressão.

Alguns fatores de risco para essas doenças não podem ser evitados, como hereditariedade, idade e sexo. Quem tem histórico familiar de AVC, por exemplo, tem um risco aumentado para a doença.

Mas… A boa notícia é que esses três quadros têm fatores de risco modificáveis, ou seja, mudanças no estilo de vida podem reduzir as chances de desenvolvê-las no final da vida.

  • Pesquisas sugerem que pelo menos 60% dos AVCs, 40% dos casos de demência e 35% dos casos de depressão tardia poderiam ser prevenidos ou retardados controlando os fatores de risco.

Mais do que isso: um estudo identificou 17 fatores em comum, ou seja, mudanças de comportamento que podem prevenir pelo menos duas das três doenças. A pesquisa, que analisou dados de 59 meta-análises, foi publicada no Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry.

“Os fatores de risco modificáveis são os mais importantes, porque são aqueles em que eu posso atuar e mudar a história natural de uma doença, evitando ou atrasando seu desenvolvimento”, explica Sheila Martins, neurologista, presidente da Rede Brasil AVC e ex-presidente da Organização Mundial do AVC (World Stroke Organization).

Veja abaixo quais são esses 17 fatores e entenda melhor cada um deles. Dividi a lista entre os que aumentam os riscos de doenças cerebrais e os que protegem contra elas:

Fatores que aumentam os riscos

Consumo de álcool

Não há dose segura de bebida alcóolica, mas, se for beber, quanto menos, melhor. O risco de doenças cerebrais aumenta proporcionalmente à quantidade de álcool ingerida por dia.

Pressão alta

A hipertensão é um dos fatores mais importantes. “É muito frequente e, se tratada, reduz enormemente o risco de AVC e demência”, diz Martins. Não ache que só deve se preocupar quem tem a pressão lá nas alturas: a partir de 120 por 80 mmHg (a famosa “12 por 8”) já é vista como elevada.

Índice de massa corporal (IMC) elevado

Uma crescente parcela de médicos e pesquisadores contesta o uso do IMC para medir peso e saúde (entenda melhor aqui), mas as meta-análises o colocam como fator de risco para AVC e demência.

Alto nível de glicose no sangue

Controlar o açúcar do sangue evita a pré-diabetes e a diabetes. O que você come, quando come, como se exercita e até o estresse que acumula podem afetar a alta (ou queda) da glicose. Exercício físico, alimentação, sono e estresse são pontos-chave na prevenção.

Colesterol alto

A Sociedade Brasileira de Cardiologia considera um índice elevado de colesterol total acima de 190 mg/dL para adultos. Um estilo de vida saudável auxilia no controle e minimiza os riscos de doenças cardiovasculares e neurológicas.

Sintomas depressivos

No estudo, a depressão não é somente desfecho, mas também fator de risco. Ela foi associada a um risco de AVC, o que pode ser devido tanto a efeitos imunológicos e inflamatórios, quanto à sua relação com comportamentos prejudiciais à saúde, como tabagismo e inatividade física, segundo os pesquisadores.

Perda auditiva

Ela causa isolamento e aumenta o risco de demência e depressão, principalmente. “Imagine uma pessoa de mais idade, que começa a ter limitações físicas e dificuldade para escutar. Ela se recolhe, fica envergonhada”, relata a neurologista. Detectar a perda auditiva precocemente e usar aparelho auditivo é essencial.

Função renal

É um fator de risco importante e pouco falado, de acordo com Martins. Quando os rins não funcionam bem, eles não conseguem eliminar as impurezas do organismo, o que pode trazer consequências como pressão alta e doenças circulatórias, que estão relacionadas ao AVC principalmente.

Dor

A dor está relacionada à incidência de demência. Ela também interfere em outros fatores de risco relacionados às três doenças, como a atividade física, que costuma ser evitada por pessoas com dores (mas não deveria).

Má qualidade do sono

Dormir bem é importante. Distúrbios que prejudicam a qualidade do sono, como a insônia ou a apneia obstrutiva, e excesso de horas de sono (acima de oito) são citados como fatores de risco.

Tabagismo

Fumar é um hábito relacionado não só a doenças pulmonares, mas também a doenças circulatórias, neurológicas e câncer, relembra Martins. E se você fuma, vale a pena tentar parar: alguns malefícios podem ser totalmente revertidos ao largar o cigarro.

Estresse

Estar constantemente estressado pode estar atrapalhando sua busca por saúde e longevidade (já falamos disso anteriormente). Não a toa, isso está relacionado com AVC e demência no futuro.

Fatores protetores contra doenças neurológicas

Atividade física

Olha ela aí de novo. A prática de exercícios frequente ajuda a controlar outros fatores de risco, como a pressão alta, níveis de glicose no sangue, colesterol e excesso de peso. A dica é sair do sedentarismo e adotar uma rotina de treinos.

Alimentação saudável

As pesquisas evidenciadas no estudo sugerem evitar o consumo de bebidas açucaradas, excesso de sal, laticínios e gordura saturada. A indicação é pelo consumo de peixes, frutas, vegetais, legumes, castanhas e grãos integrais.

Atividade cognitiva

Ser uma pessoa cognitivamente ativa reduz o risco da demência, principalmente. Dá para estimular o cérebro de diferentes formas, explica Martins. Leia diariamente, busque um livro que faça você refletir e discutir, aprenda uma nova língua ou a tocar um instrumento musical.

Engajamento social

Estar isolado e/ou sentir-se solitário são fatores de risco para AVC e demência. Ter um círculo social definido, interagir e conviver com amigos ou família e sentir-se pertencente a uma comunidade são comportamentos que protegem contra essas doenças.

Propósito de vida

Já parou para pensar em qual sua razão de viver? Por qual motivo você acorda todos os dias? Parece filosófico, mas ter um propósito de vida definido reduz os riscos de demência. Aposte no autoconhecimento para identificar o que dá sentido à sua vida.

A chave da prevenção está em começar cedo. Muitos dos hábitos começam na infância, relembra Martins, como praticar exercícios, ter uma alimentação saudável e evitar excesso de telas.

Detectar hipertensão, diabetes e colesterol elevado é o primeiro passo. Mesmo que você não tenha sintomas, faça um check-up médico para garantir que esses indicadores estão dentro do padrão.

“Pensar no bem-estar também é fundamental”, diz a neurologista. “Viver entre amigos e família, ter conexões e relações que fazem a vida ter significado. Essa sensação de pertencimento, de um ambiente emocional saudável, com certeza reduz o risco de doenças.”


O que você precisa saber

Notícias sobre saúde e bem-estar

Influenza A avança pelo Brasil. De acordo com boletim da Fiocruz, divulgado na quinta-feira (22), o aumento dos casos de gripe foi observado especialmente na região Centro-Sul, além de diversos estados do Norte e Nordeste.

Novidade no SUS. A membrana amniótica, camada fina que envolve o feto durante a gravidez, foi aprovada por unanimidade como curativo biológico para o tratamento de queimaduras no Sistema Único de Saúde.

Cogumelo juba de leão. O fungo neurotrópico ganhou popularidade por supostos benefícios à memória, concentração e alívio de sintomas de depressão e ansiedade, mas especialistas apontam que ainda não existem evidências científicas robustas que comprovem a eficácia.

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