O filho do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, Hunter Biden, disse em entrevista nesta segunda-feira (21) que seu pai teve uma performance desastrosa no debate contra Donald Trump durante a campanha de 2024 porque havia tomado zolpidem —um conhecido medicamento hipnótico indicado para insônia.
Segundo Hunter, antes do debate, em junho do ano passado, Biden havia viajado duas vezes à Europa e participado de um evento de arrecadação de fundos na Califórnia, o que o teria deixado exausto.
“Eu sei o que houve naquele debate. Ele voou ao redor do mundo, pela quilometragem, poderia ter dado a volta na terra três vezes. Ele tem 81 anos de idade, estava cansado pra caramba”, disse Hunter em entrevista ao youtuber Andrew Callaghan. “Eles deram Ambien [zolpidem] para que ele pudesse dormir. Aí, ele subiu naquele palco e ficou igual barata tonta.”
Durante o debate, Biden estava com a voz rouca, perdeu sua linha de raciocínio várias vezes, balbuciou respostas e fez falas vacilantes e confusas, causando uma crise no Partido Democrata que culminou em sua desistência da corrida e candidatura de sua vice, Kamala Harris.
Até aqui, as explicações dadas por Biden e sua equipe para sua performance no debate passavam por uma gripe e pelo jet lag que estaria sofrendo após as longas viagens de avião.
Após o embate com Trump, Biden demorou quase um mês para ceder à pressão avassaladora de grande parte de seu partido, incluindo nomes como Barack Obama, e desistir da candidatura. Na entrevista desta segunda, Hunter criticou os democratas, assessores de Obama e o ator George Clooney por trabalhar pela desistência de Biden.
“Eles acham que sabem mais do que o homem que conseguiu, ao contrário de todo mundo, ser eleito para o Senado dos EUA sete vezes e conseguir mais votos do que qualquer outro presidente? Eles acham que podem substituir o juízo dele?”, afirmou Hunter.
Nas semanas que se seguiram ao debate, a imprensa americana relatou que os familiares de Biden, assim como assessores mais próximos, insistiram que o então presidente ignorasse críticos de seu partido e permanecesse na corrida presidencial.
Em maio, um livro publicado pelos jornalistas Jake Tapper e Alex Thompson sobre os bastidores da eleição afirma que as pessoas ao redor de Biden agiram de maneira sistemática para minimizar os sinais de declínio físico e cognitivo do então presidente —tanto para a população quanto para membros do Partido Democrata.
A obra relata um episódio envolvendo Clooney, um dos principais arrecadadores de doações para os democratas e aliado próximo do presidente. Segundo o livro, o ator teria ficado chocado com a aparência e o comportamento de Biden durante um evento em Los Angeles, em junho de 2024. O ator disse a interlocutores que o presidente parecia “não estar presente” e que nem sequer o reconheceu num primeiro momento.
O livro argumenta ainda que a demora de Biden para abandonar a candidatura, mesmo após o péssimo desempenho no debate contra Trump em junho, prejudicou a organização de uma alternativa forte dentro do partido. Harris assumiu a candidatura democrata às pressas, mas perdeu para Trump na eleição geral de novembro.