Uma nova pesquisa concluiu que a análise de amostras de urina pode ser útil para diagnóstico e identificação da evolução de câncer de próstata. A conclusão é baseada em marcadores biológicos do tumor que foram observados na urina de pacientes em diferentes estágios da doença. Os autores do artigo afirmam que esse é um primeiro passo para desenvolver métodos mais eficazes e fáceis de diagnóstico direcionados ao câncer de próstata.
O diagnóstico precoce de um câncer é essencial para um tratamento mais eficaz contra a doença. No entanto, é difícil identificar marcadores biológicos quando os tumores ainda estão em um estágio preliminar. Outro problema é que os marcadores não são muito precisos. Uma das razões por trás dessas dificuldades é que tumores se desenvolvem de maneira muito particular a depender do paciente. Ou seja, um mesmo tipo de câncer pode apresentar uma progressão diferente em cada paciente.
No caso do câncer de próstata, a proteína PSA (Antígeno Prostático Específico) é um dos biomarcadores mais comuns. Medida por um exame de mesmo nome, essa proteína é essencial para diagnosticar a doença, mas ainda assim não é muito certeiro. “Embora o uso do PSA esteja associado à redução da mortalidade, sua falta de sensibilidade e especificidade resultou em muitas biópsias desnecessárias ou diagnósticos de câncer de próstata perdidos”, escreveram os autores do que artigo que foi publicado nesta segunda-feira (28) na revista científica Cancer Research.
Então, esses cientistas buscaram identificar outros marcadores para diagnóstico e avaliação do estágio desse tipo de câncer. A pesquisa foi baseada em dados genéticos de tumores de próstata de forma a criar um modelo digital de câncer de próstata, considerando a evolução do tumor.
Uma inteligência artificial foi treinada e utilizada para analisar esse modelo do tumor com o objetivo de identificar possíveis biomarcadores associados à doença. No total, 45 genes foram detectados nesse momento inicial da pesquisa. Esses genes foram estratificados a depender do estágio de câncer ao qual eles estavam relacionados. Por exemplo, certos genes foram identificados como associados à fase inicial do tumor, enquanto outros apresentaram ligações com estágio avançado da doença.
Foi somente depois dessa etapa que o estudo passou a avaliar a capacidade de identificar esses biomarcadores a partir de exames de rotina. Para isso, material genético de cerca de 2.000 participantes, composto por pessoas com e sem câncer de próstata, foram incluídos no estudo. Essas amostras envolveram sangue, tecido da próstata e urina.
Os cientistas buscaram observar se era possível encontrar os biomarcadores identificados no estudo a partir desses exames. Após a análise em laboratório, a urina, por exemplo, apresentou um alto grau de precisão ao identificar a presença desses genes nas amostras. Ou seja, esse exame poderia ser uma possível forma de acessar esses biomarcadores.
Prestar atenção nesses genes a partir das amostras de urina pode colaborar com a identificação de câncer de próstata em um momento inicial da doença. Como os genes foram divididos considerando o estágio do câncer, a urina também poderia indicar o estágio no qual o tumor se encontra.
Embora a tecnologia possa ser útil para maior precisão no diagnóstico e do descobrimento do estágio de uma pessoa com câncer de próstata, o estudo ainda é preliminar. Os autores do artigo, associados a instituições chinesas, suecas e britânicas, planejam pesquisas clínicas amplas com dados de pacientes com câncer de próstata no Reino Unido. Com esses novos estudos, será possível desenvolver mais evidências acerca desses biomarcadores genéticos e se realmente é possível acessá-los por meio de um exame de rotina tão simples e comum como o de urina.