Página Inicial Saúde ChatGPT pode montar dieta mas não substitui nutricionista – 19/06/2025 – Não Tem Cabimento

ChatGPT pode montar dieta mas não substitui nutricionista – 19/06/2025 – Não Tem Cabimento

Publicado pela Redação

“Chat, monta uma dieta para mim?” Após as “sessões de terapia” com a inteligência artificial, pedidos para que ela atue como um nutricionista se popularizaram.

Se por um lado a IA dá conta de propor dietas pré-montadas, também reduz a alimentação a nutrientes, calorias e regras, diz Marcela Kotait, coordenadora da equipe de Nutrição de Anorexia Nervosa do Ambulim. “A alimentação é o ato de comer: quais sentimentos e pensamentos acompanham suas refeições? Comer também é social e emocional. O nutricionista não é um prescritor de dieta”.

Ainda que não pareça, diz Marcela, a IA é impessoal. “Ao gerar uma dieta, questões subjetivas, que têm tudo a ver com alimentação, podem ficar de fora”, diz.

O fato de essas plataformas assumirem linguagem sedutora, sendo consideradas bajuladoras, tem como objetivo manter as pessoas mais tempo “conversando” com elas. Mas, segundo Fernanda Kalianny, antropóloga e diretora de advocacy e estratégia da Fundación Multitudes, as ferramentas também podem “alucinar”, gerando ideias falsas, ainda que plausíveis.

Diante de um cenário de vulnerabilidade da saúde mental, como os transtornos alimentares, suas respostas deveriam ser limitadas. Ao identificar a busca de informações sobre dieta, o chat poderia se recusar a responder e indicar instituições e profissionais da área, por exemplo.

Para melhorar esse cenário, Fernanda sugere mais iniciativas como Thrive, feita em parceria pela Meta, o TikTok e Snap junto da Mental Health Coalition para monitorar conteúdos relacionados a suicídio.

“Quando se fala de corpo feminino é impossível não falar da misoginia e a gordofobia que perpassam os algoritmos”, diz Fernanda. Segundo ela, há diferentes cuidados em países da Europa devido às suas regulações. “A própria moderação de conteúdos nas redes impacta o que chega para a gente. A quantidade de moderadores que falam inglês é muito maior do que os que falam português, por exemplo”.

Assim, educar os adultos é imprescindível na prevenção das questões de saúde mental. De acordo com o psiquiatra Danilo de Melo, termos que indicam conteúdos de incentivo a práticas que mantêm quadros de anorexia e bulimia se transformam ao longo do tempo na internet, camuflando-se em conteúdos sobre imagem e dietas que podem parecer inofensivos. Segundo ele, o desejo de pertencimento torna crianças e adolescentes mais suscetíveis a internalizar ideias e reproduzir práticas degradantes.

Para Danilo, da mesma forma que campanhas alertam para os danos do tabaco, é necessário material que conscientize sobre comportamentos dos jovens que devem ser observados, com mensagens como “observe o sono do seu filho” e “controle o tempo de tela”. “Intervir no início de uma questão de saúde mental pode evitar muito sofrimento. E é preciso acesso a informação de qualidade”, diz.

De acordo com os especialistas, a inteligência artificial pode vir a ser útil ao serviço de saúde. “É utópico achar que ela não será implementada no cotidiano. De alguma maneira, se treinada adequadamente, a IA pode ser instrumento de rastreio de comportamento, de transtornos alimentares e outros, mas não substituirá os profissionais da saúde”, diz Marcela.


Identificou algum sintoma ou transtorno apontados nos textos? Procure apoio psicológico. Quer conversar com a gente? Escreva para blognaotemcabimento@gmail.com


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Você também pode gostar

Deixe seu Comentário