Casos autóctones de chikungunya colocaram autoridades francesas em alerta, segundo a agência de saúde pública francesa, a Santé publique France, em seu boletim semanal.
“Uma precocidade tão grande na atividade do mosquito e um número tão elevado de episódios nunca haviam sido observados até agora” na França, destaca a agência.
Oito casos autóctones da doença, que inclui sintomas como febre e dores nas articulações, já foram registrados desde meados de junho nas regiões de Hérault, Var, Bouches-du-Rhône, Drôme, Gard, no sul da França, além da Córsega.
Um caso autóctone significa que a contaminação foi local. Na França, a transmissão da doença ocorre através da picada do mosquito tigre, que circula ativamente na França metropolitana e é responsável por uma epidemia que já dura meses na ilha da Reunião.
O inseto chegou à França há cerca de 20 anos, favorecido pelo aquecimento global. Desde então, casos autóctones de chikungunya e dengue são registrados regularmente.
Mas esse nível de circulação nunca havia sido observado no início do verão europeu, mesmo em relação a outras doenças transmitidas pelo mosquito tigre, como a dengue ou o zika.
“Em 2024, ano recorde em termos de episódios de dengue, apenas um caso havia sido identificado no mês de junho” e “em 2023, o primeiro episódio foi em julho”, exemplifica a agência de saúde francesa.
Essa situação inédita, ressalta o órgão, está em parte relacionada à epidemia na ilha da Reunião. As autoridades sanitárias estimam que cerca de 200 mil habitantes foram afetados, e pelo menos 20 pessoas morreram desde março.
Na França, “em pelo menos dois casos autóctones, a cadeia de contaminação que resultou na transmissão local tem provavelmente origem na Reunião”, destaca a Santé publique France.
A agência já vinha alertando há várias semanas sobre o aumento desse risco após a identificação de 600 casos importados de chikungunya, a maioria vindos do território ultramarino.
Na ilha da Reunião, com o inverno, a epidemia em breve chegará ao fim. A circulação do vírus, segundo a agência francesa, está agora “limitada a alguns municípios e sem impacto significativos nos pronto-socorro”.
Outra epidemia também atinge neste momento Mayotte, departamento francês no oceano Índico, mas ainda não há estimativas sobre o número de casos.
Doença pode se espalhar na França?
O nível de circulação atual da chikungunya deve superar todos os recordes anteriores de casos autóctones: 12 em 2014 e 17 em 2017, especialmente porque os focos de transmissão parecem estar mais dispersos geograficamente este ano.
As altas temperaturas também são um parâmetro que influenciam diretamente a disseminação da doença. A França já enfrentou uma nova onda de calor neste mês de junho e outro episódio está previsto para os próximos dias.
Nesse contexto, a agência de saúde pública francesa pede maior vigilância contra a transmissão da chikungunya e “lembra a importância da notificação dos casos, que permite uma intervenção rápida para limitar a transmissão autóctone e ressalta a importância das medidas de proteção contra picadas de mosquitos e de combate aos criadouros de larvas.”
Com informações da AFP