Página Inicial Saúde Clubes offline ganham força entre jovens – 27/05/2025 – Equilíbrio

Clubes offline ganham força entre jovens – 27/05/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

Há nova tendência: a promoção de encontros em que os participantes deixam o smartphone em casa. A perfil Offline Club, que tem quase 530 mil seguidores no Instagram, tem como objetivo justamente promover uma pausa consciente das redes sociais, incluindo o Instagram. Na apresentação dos três fundadores do clube, os jovens holandeses Jordy, Ilya e Valentijn dizem ser “estranho” que eles tenham uma conta na plataforma. Segundo o trio, o propósito do Offline Club é “trazer de volta humanidade à sociedade, atualmente isolada e fixada na tela”.

Há cerca de um ano, eles vêm organizando encontros com pessoas que pensam da mesma forma, nos quais smartphones e laptops devem ser deixados de lado.

“Você está pronto para abandonar seu telefone?”, diz uma postagem. E parece que cada vez mais pessoas estão dispostas a desligar seus celulares –pelo menos como parte do Offline Club. Normalmente, apenas por algumas horas, às vezes até por vários dias. Nos encontros, em vez de ficarem olhando para seus smartphones o tempo todo, eles leem, jogam, fazem trabalhos manuais ou simplesmente relaxam. Quase como naquela época em que não havia smartphones, diz a entidade.

A ideia vinda da Holanda se espalhou pela Europa. Amsterdã foi um dos primeiros locais. Mais tarde foram a Londres, Paris, Milão e Copenhague. Também a Alemanha já teve os primeiros encontros do tipo. Iniciativas semelhantes em restaurantes e clubes, onde os convidados são solicitados a deixar seus celulares em casa, estão aumentando.

Sempre online, quer gostem ou não

Clubes do tipo recebem alta receptividade. Afinal de contas, os jovens, em especial, costumam ter dificuldade para se desligar, apesar de todas as configurações em seus celulares que poderiam limitar o tempo que passam na internet. Mesmo o retorno do bom telefone sem aplicativos não foi capaz de substituir seriamente os smartphones –mesmo que tenha sido comemorado nas redes sociais.

De acordo com dados do final de 2024 da associação alemã do setor, Bitkom, jovens entre 16 e 29 anos passam mais de três horas por dia em seus smartphones. Com isso, eles têm o maior tempo de uso de todas as faixas etárias. E a duração declarada por eles provavelmente foi menor do que o tempo real que passaram online.

E, na verdade, muitos jovens gostariam de passar muito menos tempo em seus smartphones. De acordo com uma pesquisa recente da organização britânica British Standards Institution, quase 70% dos jovens entre 16 e 21 anos se sentem pior quando passam tempo na internet. A metade deles seria, por isso, a favor de um “toque de recolher digital”, que restringiria o acesso a determinados aplicativos e sites após as 22h. E 46% deles até afirmaram que prefeririam ser jovens em um mundo sem internet.

Para a sondagem, foram entrevistados 1.293 jovens. Os resultados estão de acordo com outras enquetes, como a realizada pelo instituto de pesquisa americano Harris Polls no final de 2024, em que muitos jovens expressaram o desejo de que o Tiktok, o Instagram ou o X nunca tivessem sido inventados.

Como governos podem reagir

É provável que o resultado também inspire alguns políticos, mesmo que seus esforços pareçam bastante tímidos em vista das fortes demandas de alguns jovens. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o ministro da Tecnologia do Reino Unido, Peter Kyle, insinuou estar considerando a possibilidade de criar toques de recolher obrigatórios. A Noruega quer aumentar o limite de idade para o uso das mídias sociais de 13 para 15 anos.

A Austrália já aumentou o limite de idade para 16 anos no final de 2024 –um pioneiro global. Outros países, incluindo a Dinamarca, por exemplo, estão mudando suas políticas escolares e banindo tablets e smartphones quase completamente do pátio da escola. No Brasil, medida semelhante virou lei neste ano.

O uso excessivo de smartphones está associado a vários problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, estresse, distúrbios do sono e vício. Um estudo publicado no início deste ano na revista BMC Medicine, por exemplo, aponta que sintomas de depressão diminuíram em 27% após três semanas de redução do uso de smartphones.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), a saúde mental dos jovens se deteriorou drasticamente nos últimos 15 anos –tendência que foi exacerbada pela pandemia. Nesse período, também houve um grande aumento no uso de mídias. No entanto, de acordo com a OCDE, pesquisadores ainda não conseguiram provar uma causalidade clara entre as duas coisas.

Os fundadores do Offline Club, por outro lado, querem agir agora e expandir seus encontros. Num evento em Londres, no início de abril, mais de mil pessoas desligaram seus celulares e sorriram alegremente para a câmera. Um novo recorde, declararam os organizadores com orgulho – via Instagram, é claro.

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