Aquele que se torna ausente ou menos disponível tende, muitas vezes, a adquirir um certo “bônus posicional”.
Quando a saída não é interpretada como tradição ou desamor, mas como uma aposta do casal, surge uma situação parecida à vivida por muitas mães com bebês: o pai chega após uma rotina de guerra e paz, com as quedas de braço e os tormentos de educar um filho, e recebe, sem esforço aparente, os louros e as doçuras de quem é percebido como “mercadoria escassa”, portanto mais valiosa.
Essa valorização do ausente pode, com o tempo, despertar ciúme, ressentimento e sensação de desvalorização.
Especialmente no início, parece que quem sai para viver novas experiências enfrenta desafios diferentes e tem acesso a “paisagens” inéditas, o que pode gerar um duplo sentimento de injustiça em quem permanece: sobrecarga de responsabilidades e a falta de reconhecimento.
No caso dos filhos, é fundamental incluí-los, na medida do possível, no projeto “mamãe (ou papai) vai, mas volta ainda melhor”. É essencial falar sempre com quem vai, fazer pequenos diários (que não sejam súmulas jurídicas), conversar sobre a ausência e a saudade.
Isso pode valer para casamentos em casas separadas
Por outro lado, muitos casais hoje optam por não morarem juntos, principalmente no segundo ou terceiro casamento, e a tecnologia aparece para gerir o cotidiano sem uma casa comum.