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Como o preço de empanadas gerou polêmica entre ator argentino e ministro de Milei

Publicado pela Redação


Debate começou após o ator Ricardo Darín citar o alto custo da iguaria para criticar a situação econômica do país, durante programa de TV. O ministro da Economia, Luis Caputo, retrucou em publicação no X. Empanadas à venda são exibidas no restaurante Kentucky Pizza, em Buenos Aires, em 26 de maio de 2025.
Juan Mabromata/AFP
Uma polêmica inusitada sobre o nível de preços agitou a Argentina no último fim de semana. O debate começou quando o ator Ricardo Darín citou o alto custo das empanadas para criticar a situação econômica do país, sendo posteriormente contestado pelo ministro da Economia, Luis Caputo.
O protagonista da série “O Eternauta” também questionou a eficácia de uma nova medida econômica lançada pelo governo para estimular o consumo. A proposta permite que os argentinos utilizem os dólares guardados “debaixo do colchão” — expressão popular que se refere ao dinheiro não declarado.
Ao ser questionado na noite do último sábado (24) sobre a situação da Argentina, durante o programa de televisão apresentado por Mirtha Legrand, Darín respondeu com ironia: “acho fantástico”.
O país enfrenta uma taxa de pobreza de 38%, consumo em queda há 15 meses e a maioria dos aposentados recebe apenas um terço do valor da cesta básica.
“Na verdade, não entendo nada. Fico intrigado com essa história de resgatar os dólares do colchão. De quem estão falando? Uma dúzia de empanadas custa 48.000 pesos (cerca de 237 reais), então realmente não entendo do que estão falando. Há muita gente passando por um momento muito difícil”, destacou Darín.
Legrand concordou: “Os preços estão terríveis, terríveis. O dinheiro não é suficiente”, disse.
O comentário repercutiu nas redes sociais, e o ministro da Economia respondeu por meio da plataforma X.
“As empanadas não custam isso, Ricardito. (…) Pode ficar tranquilo, Ricardo. As pessoas comem empanadas deliciosas por 16.000 pesos [o equivalente a R$ 79]”, escreveu Caputo.
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Corte de gastos de Milei
Desde que assumiu a Presidência da Argentina, em 2023, o ultraliberal Javier Milei tem adotado uma política de austeridade que ele próprio simboliza com uma motosserra.
Desde o início de seu mandato, eliminou milhares de cargos públicos e tem conseguido equilibrar as contas do país pela primeira vez em décadas.
Milei também liberou os preços de medicamentos, alimentos e tarifas de serviços públicos. Paralelamente, cortou aposentadorias, eliminou pensões e impôs limites aos reajustes salariais tanto no setor público quanto no privado, o que reduziu drasticamente o poder de compra da população.
Com essas medidas, o governo conseguiu reduzir a inflação pela metade. O índice caiu de 211% em 2023 — ano em que Milei desvalorizou o peso em 50% — para 118% em 2024, registrando 47% na taxa interanual de abril.
Também em abril, o país recebeu um novo empréstimo de US$ 20 bilhões (R$ 113 bilhões, na cotação atual) do FMI (Fundo Monetário Internacional) — um voto de confiança do organismo, que em 2018 já havia concedido à Argentina o maior financiamento de sua história: cerca de US$ 45 bilhões (aproximadamente R$ 174 bilhões, na cotação da época).

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