Página Inicial Saúde Coqueluche é perigosa para bebês, alerta especialista – 16/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Coqueluche é perigosa para bebês, alerta especialista – 16/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

De janeiro a 10 de junho de 2025, o estado de São Paulo registrou 332 casos de coqueluche, e duas pessoas morreram pela doença. No mesmo período de 2024, foram notificadas 417 infecções, sem mortes. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde.

A capital paulista contabiliza 109 casos de coqueluche, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, contra 322 infecções no mesmo período do ano passado (até 10 de junho).

Além de São Paulo, os municípios com mais casos em 2025 são Campinas (26 casos) e Botucatu (22).

Para o infectologista pediátrico Marcelo Otsuka, responsável pelo serviço de infectologia do Hospital Infantil Darci Vargas, apesar dos números em queda, o alerta de perigo para os bebês deve ser mantido, uma vez que são eles os mais vulneráveis às formas graves da coqueluche.

“Como nós tivemos um período com baixa cobertura vacinal, tanto de gestantes como de crianças maiores, vimos nesses últimos tempos um aumento significativo de casos em adultos jovens e crianças, que de certa forma passam [a doença] para os bebês. E são eles que têm o quadro mais grave. Esse é o grande problema da coqueluche, a doença é mais grave nas crianças pequenas”, afirma Otsuka.

“Se voltarmos a ter coberturas vacinais baixas, estaremos comprometendo os bebês. Então, é fundamental que a gente vacine as gestantes para proteger não apenas elas, mas principalmente os recém-nascidos”, completa o médico, que é também coordenador do Comitê Materno-Infantil da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Segundo informações do Ministério da Saúde atualizadas até 4 de junho, os estados com mais casos de coqueluche são Minas Gerais (430), Rio Grande do Sul (253), Paraná (251), Bahia (110) e Rio de Janeiro (98).

A coqueluche é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. A transmissão se dá por meio de gotículas eliminadas pela tosse, fala e pelo espirro. O período de incubação é de cinco a dez dias, em média, mas pode variar de quatro a 21 dias.

A doença tem três fases. Começa como um resfriado comum, com febre baixa, mal-estar, coriza e tosse seca. “Nessa fase, a coqueluche se confunde muito com qualquer gripezinha e isso é um problema, porque esse momento é o ideal para o tratamento”, alerta o médico.

Gradualmente, a tosse se torna forte e incontrolável, com crises súbitas e rápidas. A pessoa tosse em guinchos e chega a perder o fôlego. Em alguns casos, ocorre vômito. Nessa etapa —que pode durar de duas a seis semanas—, é comum surgirem as maiores complicações da coqueluche, como lesões pulmonares mais severas, pneumotórax (colapso do pulmão devido à presença de ar na pleura), sangramento no sistema nervoso por causa da pressão da tosse, quadros neurológicos e comprometimento cardíaco.

“A azitromicina é a preferência para o tratamento, mas só funciona adequadamente na primeira fase. Na segunda, o antibiótico já não faz tanto efeito. Ele ajuda, sim, a impedir a transmissão para outros indivíduos”, explica Marcelo Otsuka.

Crianças, adultos com doenças crônicas e imunossuprimidos têm risco maior de desenvolver formas graves da doença. Nos pacientes abaixo de quatro anos —principalmente menores de um ano—, a coqueluche pode ser muito grave e levar à morte.

Vacinação

A vacina pentavalente (DTP/HB/Hib) é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalos de 60 dias entre as doses. O imunizante previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pela bactéria H. influenzae tipo B.

A DTP está na rotina do calendário nacional de vacinação, como dose de reforço (aos 15 meses e aos 4 anos), em continuidade ao esquema primário realizado com a pentavalente.

Para profissionais de saúde e gestantes, é indicada a vacina acelular do tipo adulto (dTpa). No caso das grávidas, o imunizante deve ser administrado a cada gestação, a partir da 20ª semana. Todas as vacinas são ofertadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

“Temos que lembrar que a vacinação é um bem coletivo. Nós reduzimos a circulação do agente e evitamos que outras pessoas tenham quadro o mais grave da doença”, finaliza o infectologista.

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