Página Inicial Negócios Dólar cai a R$ 5,51, com foco em acordos comerciais e no fim do prazo para tarifaço; bolsa recua

Dólar cai a R$ 5,51, com foco em acordos comerciais e no fim do prazo para tarifaço; bolsa recua

Publicado pela Redação


PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo
O dólar fechou em queda de 0,05% nesta quinta-feira (24), cotado a R$ 5,5198. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, recuou 1,15%, aos 133.808 pontos.
O dia foi de cautela entre os investidores diante da proximidade do prazo para o início do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar dos três acordos comerciais anunciados até agora, não há sinais de acerto em relação à taxa de 50% prevista para o Brasil.
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▶️O mercado também segue à espera do resultado das negociações entre Trump e União Europeia (UE), após diplomatas informarem à mídia internacional que as duas lideranças caminham para um novo tratado, que deve estabelecer tarifas de 15% ao bloco europeu. (Entenda mais abaixo)
Caso se concretize, esse será o 4º acordo feito pelos EUA desde que o republicano começou a enviar cartas com tarifas mínimas a diversos líderes. Nesta semana, também foram anunciados tratados com o Japão — classificado por Trump como o “maior da história” — e com as Filipinas.
▶️ A falta de progresso nas negociações do Brasil com os EUA levou o Itamaraty a condenar as tarifas de Trump na quarta-feira, classificando-as como “arbitrárias” e “caóticas” em discurso na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nesta quinta-feira o presidente Lula (PT) afirmou que Donald Trump não quer conversar sobre a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros — que têm previsão para entrar em vigor em 1º de agosto. Ele disse também que, se o líder americano quiser conversar, o Brasil “está pronto”.
Na véspera, o blog do Valdo Cruz informou que o presidente Lula se queixou por não haver nenhum canal de negociação direta com Trump. Ele declarou que as conversas, que acontecem a nível diplomático, não chegam até a Casa Branca.
▶️ Na agenda econômica do dia, o principal destaque da sessão ficou com a decisão de juros do BCE, que manteve as taxas de juros inalteradas. A medida veio em meio às incertezas sobre os efeitos da guerra comercial imposta por Trump.
Entre os indicadores, dados da indústria e de serviços da zona do euro e dos EUA ficaram no radar, além de informações sobre o mercado de trabalho norte-americano e sobre a arrecadação tributária federal do Brasil em junho.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -1,21%;
Acumulado do mês: +1,59%;
Acumulado do ano: -10,68%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: +0,27%;
Acumulado do mês: -3,69%;
Acumulado do ano: +11,18%.
Negociações do tarifaço
Mesmo com a aproximação do prazo final de 1º de agosto, poucos países conseguiram firmar acordos comerciais com os EUA. Na terça-feira, Trump anunciou tratados dos EUA com o Japão e com as Filipinas, mas vários outros países ainda seguem em negociação.
Nesse cenário, o destaque fica com as tratativas entre Trump e a União Europeia. Na véspera, diplomatas disseram ao jornal britânico “Financial Times” que o bloco tem avançado nas conversas com o republicano, indicando que a expectativa é que uma tarifa de 15% seja fixada à UE.
Já nesta quinta-feira (24), os países membros do bloco votaram para aprovar contratarifas sobre 93 bilhões de euros em produtos norte-americanos, que poderão ser impostas caso o bloco não consiga chegar a um acordo comercial com os EUA até 1º de agosto.
No caso do Japão, Trump classificou o acordo como “gigantesco”, afirmando que será muito positivo para ambos os países. O acordo estabelece que o Japão abra seus mercados para os EUA e pague uma tarifa de 15% sobre os produtos exportados aos norte-americanos.
Já com as Filipinas, o novo acordo estabelece uma taxa de 19% — uma redução ante os 20% anunciados por Trump anteriormente —, enquanto os EUA não pagarão tarifas.
“Além disso, trabalharemos juntos no âmbito militar. Foi uma grande honra estar com o Presidente. Ele é altamente respeitado em seu país, como deveria ser. Ele também é um negociador muito bom e rigoroso”, disse Trump em publicação no Truth Social.
Lula x Trump
O avanço das negociações dos EUA com outros países também joga luz para a situação brasileira, que ainda não apresentou grande progresso. Nesse cenário, investidores continuam na expectativa por novos sinais sobre como o governo deve lidar com os norte-americanos — seja com uma negociação ou com uma retaliação.
Na véspera, o presidente Lula (PT) desabafou em conversa com interlocutores que não há nenhum canal de negociação direta e fluido com Trump, indicando que existem conversas no nível diplomático, mas elas não chegam à Secretária do Comércio dos EUA e tampouco à Casa Branca.
Já nesta quinta-feira, assessores presidenciais afirmaram que Trump indicou que pretende realmente “punir” o Brasil, porque no campo econômico não há motivo para o país ser tarifado com a alíquota mais alta. Essa leitura deixou a equipe de Lula ainda mais pessimista sobre a possibilidade de uma revogação do tarifaço.
Fed ainda é assunto
Os embates entre o governo Trump e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, também continuam a mexer com os mercados.
Na quarta-feira, o republicano voltou a criticar Powell, em meio ao seu contínuo apelo por juros mais baixos no país.
“Nossos juros deveriam estar três pontos mais baixos do que estão, economizando US$ 1 trilhão por ano (como país). Esse cara teimoso do Fed simplesmente não entende — nunca entendeu e nunca entenderá. A diretoria deveria agir, mas não tem coragem de fazer isso!”, escreveu Trump em suas redes sociais.
Já o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o governo Trump não está com pressa para nomear um novo presidente para o Fed, para substituir Powell.
“Estamos iniciando o processo. Obviamente, a decisão será do presidente Trump, e não estamos com pressa”, afirmou em entrevista à “Bloomberg TV”. O mandato de Powell termina em maio de 2026, embora ele deva permanecer como diretor do Fed até janeiro de 2028.
Nesta quinta-feira (24), Trump deve fazer uma visita ao Fed, segundo informou a Casa Branca.
Agenda Econômica
Na agenda econômica, o destaque da sessão fica com a nova decisão de política monetária do BCE. A instituição decidiu manter as taxas de juros inalteradas, após oito cortes de 0,25 ponto percentual no último ano.
A decisão vem em meio às incertezas sobre os efeitos do tarifaço de Trump, enquanto os EUA e a União Europeia continuam as negociações sobre o comércio.
O Conselho do BCE pintou um quadro equilibrado da economia, com a incerteza de curto prazo sobre o comércio compensada pelo investimento público mais adiante.
“Em parte refletindo os cortes anteriores das taxas de juros pelo Conselho do BCE, a economia tem se mostrado, até agora, resiliente em geral em um ambiente global desafiador”, disse o BCE.
Além das decisões de juros do BC europeu, uma série de indicadores econômicos também ficam no radar.
Segundo dados divulgados pela S&P Global nesta quinta-feira, a atividade empresarial dos EUA acelerou em julho, mas as empresas pediram preços mais altos para bens e serviços, corroborando a opinião de economistas de que a inflação vai acelerar no segundo semestre deste ano, em reflexo ao tarifaço de Trump.
Já na zona do euro, a atividade empresarial acelerou mais rápido do que o previsto neste mês, sustentada por uma sólida melhora no setor de serviços e com a indústria mostrando mais sinais de recuperação. Os dados também são da S&P Global.
Entre os dados de emprego, o número de pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA caiu na semana passada, indicando condições estáveis no mercado de trabalho norte-americano. Já a venda de novas moradias no país ficou abaixo do esperado, em meio às taxas hipotecárias mais altas.
No Brasil, as atenções mais uma vez se voltam para o fiscal: dados da Receita Federal mostraram que a arrecadação do Governo Federal teve uma alta real (já descontada a inflação) de 6,62% em junho em relação ao mesmo mês do ano passado, somando aproximadamente R$ 234,6 bilhões — nível recorde para o mês na série histórica.
Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
*Com informações da agência de notícias Reuters.

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