Secretário de Trump anuncia revogação do visto americano de Alexandre de Moraes e de ‘seus aliados’
O dólar fechou em queda de 0,41% nesta segunda-feira (21), cotado a R$ 5,5644. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6114. O Ibovespa, principal índice da bolsa, avançou 0,59%, aos 134.167 pontos.
O real acompanhou o movimento de valorização de moedas emergentes. Já o avanço do Ibovespa foi puxado pela alta de quase 3% nas ações da mineradora Vale, após a China anunciar um megaprojeto hidrelétrico — o que fez os preços futuros do minério de ferro subirem.
Ao longo da sessão, o mercado acompanhou o andamento de acordos entre os Estados Unidos e as economias afetadas pelo tarifaço de Donald Trump. No Brasil, o destaque foi a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à rádio CBN.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
▶️ As relações entre Brasil e EUA se deterioraram ainda mais no fim de semana. Na noite de sexta, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, revogou os vistos americanos do ministro do STF Alexandre de Moraes, “de seus aliados e de seus familiares imediatos”.
Além de Moraes, também tiveram seus vistos suspensos os ministros Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A medida foi tomada após o governo Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e abrir uma investigação sobre o que classifica como práticas “comerciais desleais”.
▶️ O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista à rádio CBN nesta manhã. Ele afirmou que o governo brasileiro “não vai sair da mesa de negociação” com os EUA em relação ao tarifaço.
“A determinação do presidente Lula é que não temos nenhuma razão para o Brasil sofrer esse tipo de sanção. A orientação dele é que estejamos engajados permanentemente”, declarou o ministro.
Haddad acrescentou que a equipe econômica já está elaborando um plano de contingência para apoiar os setores impactados pelo eventual tarifaço.
▶️ No exterior, a situação também é delicada, já que a União Europeia sinalizou que um acordo com os EUA está mais distante. Diplomatas europeus relataram que os representantes americanos apresentaram propostas divergentes nas últimas rodadas de negociação, frustrando as expectativas de avanço.
Nesta semana, inclusive, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen se reunirá com o presidente chinês, Xi Jinping, com o objetivo de fortalecer as relações comerciais entre UE e China.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,41%;
Acumulado do mês: +2,41%;
Acumulado do ano: -9,96%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: +0,59%;
Acumulado do mês: -3,38%;
Acumulado do ano: +11,54%.
Boletim Focus
Os economistas do mercado financeiro reduziram, pela oitava semana consecutiva, a projeção de inflação para 2025, de 5,17% para 5,10%. Apesar da queda, a estimativa permanece acima do teto da meta oficial, de 4,5%.
Para 2026, a expectativa recuou de 4,50% para 4,45%, enquanto as projeções para 2027 e 2028 foram mantidas em 4% e 3,80%, respectivamente.
O relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (21), também apontou estabilidade na projeção para o PIB de 2025, mantido em 2,23%. Para 2026, houve uma leve revisão para baixo, de 1,89% para 1,88%.
As projeções para a taxa Selic foram mantidas em 15% ao ano em 2025 — o patamar atual —, com expectativa de queda gradual para 12,5% em 2026 e 10,5% em 2027.
A manutenção dos juros elevados reflete a percepção do mercado de que há pouco espaço para cortes mais agressivos, diante das pressões da economia internacional e das contas públicas.
Negociações do tarifaço
Com a aproximação do prazo final de 1º de agosto, a União Europeia vê poucas chances de chegar a um acordo com os EUA que evite o aumento das tarifas.
Após a ameaça de Trump de elevar a tarifa de 10% para 30% sobre exportações europeias, cresceu entre os países do bloco o apoio a medidas de retaliação.
Diplomatas ouvidos pela agência Reuters relataram que os representantes norte-americanos apresentaram propostas divergentes nas reuniões da semana passada em Washington, frustrando as expectativas de avanço.
“Cada interlocutor parecia ter ideias diferentes. Ninguém sabe o que funcionaria com Trump”, disse um diplomata.
A UE agora considera acionar o chamado instrumento de “anti-coerção”, que permitiria atingir setores estratégicos dos EUA. Também está em análise um pacote tarifário sobre 21 bilhões de euros em produtos americanos, atualmente suspenso até 6 de agosto.
Pelo lado dos EUA, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse nesta segunda que o governo Trump está mais preocupado com a qualidade dos acordos comerciais do que com o prazo para concluí-los.
“Não vamos nos apressar apenas por fazer acordos”, disse Bessent em entrevista à CNBC, reforçando que o prazo de 1º de agosto para entrada em vigor das tarifas elevadas está mantido.
Fed ainda é assunto
Nesta segunda, Bessent também afirmou que o Federal Reserve precisa ser examinado como instituição e avaliado quanto à sua eficácia.
Em entrevista à CNBC, ele se recusou a comentar uma reportagem que indicava ter aconselhado o presidente Trump a não demitir o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmando que essa é uma decisão exclusiva do presidente.
No entanto, ele defendeu que a instituição seja reavaliada, criticando o que chamou de “alarmismo sobre tarifas” por parte do Fed e observando que, até o momento, houve pouco ou nenhum impacto inflacionário.
Juros e megaprojeto na China
A China manteve inalteradas suas taxas de juros de referência nesta segunda-feira, conforme o esperado. A taxa primária de um ano (LPR) permanece em 3%, e a de cinco anos, usada como base para hipotecas, em 3,5%.
Os sinais de resiliência no crescimento adiaram a necessidade de novos estímulos, embora a fraqueza da demanda interna e os riscos da guerra comercial mantenham a expectativa de afrouxamento dos juros ainda este ano.
A deflação ao produtor, por exemplo, atingiu o pior nível em quase dois anos, aumentando a pressão por novas medidas do governo.
Enquanto isso, Pequim anunciou nesta segunda-feira novas regras para o setor de aluguel residencial, com foco em regulação e aumento da oferta — sinalizando um esforço para estabilizar segmentos da economia real.
Além disso, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, anunciou o início das obras da futura maior usina hidrelétrica do mundo, localizada na região leste do Planalto Tibetano, com custo estimado em ao menos US$ 170 bilhões, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.
O lançamento do projeto hidrelétrico, o mais ambicioso da China desde a construção da usina de Três Gargantas no rio Yangtzé, foi interpretado pelos mercados como um sinal de estímulo econômico, elevando os preços das ações e os rendimentos dos títulos nesta segunda-feira.
Como estão as bolsas
Os mercados globais começaram a semana com desempenho misto. A bolsa de Xangai subiu 0,5%, enquanto o índice CSI 300 avançou 0,6%, impulsionados pelos setores de terras raras e construção. Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve alta de 1,33%, com destaque para empresas de tecnologia, após críticas do governo à guerra de preços.
Na Europa, o índice Stoxx 600 recuou 0,08%, enquanto o FTSE 100, do Reino Unido, avançou 0,23%, diante da incerteza em torno do impasse comercial com os EUA e a expectativa pela reunião do Banco Central Europeu, prevista para esta semana.
Nos EUA, os futuros do S&P 500 e do Nasdaq fecharam em leve alta, com investidores atentos à temporada de balanços das grandes empresas de tecnologia. Os resultados de Google, Tesla e IBM devem ser determinantes para o humor do mercado, após o bom desempenho dos bancos na semana passada.
Analistas também destacam o impacto positivo do aumento dos gastos militares globais, com as ações do setor de defesa acumulando alta de 30% no ano. No entanto, a proximidade do prazo tarifário de 1º de agosto continua sendo um fator de risco.
No Brasil, Fleury dispara com rumor de fusão
Papéis de uma das maiores empresas da bolsa, as ações da Vale subiram quase 3%, acompanhando a valorização dos contratos futuros de minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Dalian encerrou o dia com alta de 2,08%, atingindo 809 iuanes por tonelada — o maior nível em quase cinco meses.
O maior destaque, no entanto, foram as ações do laboratório Fleury, que avançaram quase 15% após reportagem do colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, apontar negociações com a Rede D’Or para uma possível fusão de negócios.
Analistas do Santander avaliaram o potencial negócio como positivo, mas ponderaram que a Rede D’Or provavelmente não ofereceria um prêmio elevado, como ocorreu na aquisição da SulAmérica. Mais cedo, ambas as companhias negaram a existência de qualquer acordo formal até o momento.
Notas de dólar.
Dado Ruvic/ Reuters