Na quarta-feira, a moeda norte-americana caiu 0,46%, cotada a R$ 5,6431. A bolsa teve recuo de 1,59%, aos 137.881 pontos. Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025
Tatan Syuflana/ AP
O dólar opera em alta nesta quinta-feira (22), a R$ 5,67, com investidores reagindo à possibilidade de bloqueios no Orçamento brasileiro, para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025, e à aprovação de um enorme pacote de cortes de impostos nos Estados Unidos.
Por aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai participar, no início da tarde, da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do governo e falar sobre a eventual necessidade de fazer bloqueios nos gastos, caso as estimativas estejam piores que o previsto.
O governo brasileiro vive o desafio de manter o crescimento do país e a população empregada, mas sem que a inflação dispare. Para isso, é necessário que esse crescimento seja natural da economia, e não gerado por gastos públicos excessivos.
No cenário externo, os mercados repercutem a aprovação pela Câmara dos Deputados dos EUA de um projeto de lei proposto pelo presidente americano Donald Trump para cortar impostos.
De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, as novas medidas devem adicionar cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões do governo federal americano na próxima década, o que preocupa o mercado financeiro, já incomodado com a guerra tarifária do republicano.
Na semana passada, a dívida dos EUA levou a agência Moody’s de classificação de risco a rebaixar a nota de crédito do país, o que fez o dólar cair em relação aos seus principais rivais, após vários ganhos consecutivos.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
Às 9h22, o dólar operava em alta de 0,50%, cotado a R$ 5,6714. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda americana fechou em queda de 0,46%, cotada a R$ 5,6431.
Com o resultado, acumulou:
recuo de 0,45% na semana;
queda de 0,60% no mês; e
perda de 8,68% no ano.
a
📈Ibovespa
O Ibovespa só começa a operar após as 10h.
Na véspera, o índice fechou em queda de 1,59%, aos 137.881 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
queda de 0,94% na semana;
avanço de 2,08% no mês; e
ganho de 14,63% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A notícia do dia para os mercados globais é a aprovação pela Câmara dos Deputados dos EUA do “One Big Beautiful Bill Act” (“Um projeto grande e bonito”, na tradução), nomeado pelos republicanos em homenagem ao presidente Donald Trump.
O pacote, que agora segue para o Senado, busca tornar permanentes os cortes de impostos de renda individual e sobre herança aprovados no primeiro mandato de Trump, em 2017, além de promulgar promessas que ele fez na campanha de 2024 de não tributar gorjetas, horas extras e juros de alguns empréstimos para automóveis.
Para compensar parcialmente a perda de receita, a legislação propõe cancelar incentivos à energia verde aprovados pelo ex-presidente democrata Joe Biden e restringe a elegibilidade para programas de saúde e alimentação para os pobres.
Mesmo assim, as medidas devem adicionar cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida americana, que já corresponde a 124% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Esse foi um dos argumentos, inclusive, que a agência Moodys usou para rebaixar a nota de crédito dos EUA.
Segundo a companhia, “as sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros”.
Incomodados com essa situação, e também com as medidas tarifárias de Trump, os investidores estão vendendo cada vez mais o dólar e outros ativos americanos que constituem a base do sistema financeiro global.
Nesta quarta-feira (21), 12 estados norte-americanos entraram com uma ação judicial para suspender as tarifas do republicano, alegando que Trump extrapolou sua autoridade ao declarar emergência nacional para taxar parceiros comerciais.
E no Brasil?
Por aqui, o mercado financeiro está à espera da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do governo. Há uma expectativa de que a equipe econômica faça uma contenção significativa de despesas já nesta primeira publicação, a fim de passar a mensagem de que vai adotar as medidas necessárias para cumprir a meta fiscal de 2025.
Na última segunda-feira (19), uma fala do presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, animou os investidores. Ele disse que faz sentido manter os juros em patamar alto por mais tempo, reforçando o compromisso do BC de conter a inflação no país.
A instituição tem dito claramente que uma desaceleração da economia brasileira é um “elemento necessário para a convergência da inflação à meta”.
🔎 A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
Assim, se o governo amplia os gastos e anuncia ações para estimular a economia, pode ficar mais difícil conter as pressões inflacionárias, segundo analistas.