Página Inicial Negócios Dólar opera em queda em meio a crise do IOF, nota da Moody's e tarifas; Ibovespa fica estável

Dólar opera em queda em meio a crise do IOF, nota da Moody's e tarifas; Ibovespa fica estável

Publicado pela Redação


Na sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,91%, cotada a R$ 5,7180. Já a bolsa encerrou em queda de 1,09%, aos 137.027 pontos. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar opera em queda de 0,78% nesta segunda-feira (2), cotado a R$ 5,6734 às 10h19. O Ibovespa subia 0,03% no mesmo horário, aos 137.067 pontos.
▶️ O mercado segue monitorando o impasse do governo em relação ao aumento do IOF. Em meio a pressões do Congresso para derrubar a medida, o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fora da agenda oficial na noite de sexta-feira (30) para discutir o assunto.
Hoje, Haddad disse acreditar que será possível “melhorar” a regulação do IOF com novas alterações, assim como “corrigir outras distorções” relativas a tributos do sistema financeiro. Ele disse que esses ajustes têm de ser tratados em conjunto com reformas estruturais. (leia mais)
▶️ Por aqui, os investidores também repercutem a revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s, que passou de “positiva” para “estável”, por causa da dificuldade do governo de controlar os gastos e pagar a dívida pública.
▶️ No exterior, o mercado reage ao vai e vem das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na semana passada, a suspensão da maioria das taxas pela Justiça americana trouxe alívio aos investidores, diante da diminuição do risco de inflação (entenda mais abaixo), mas as medidas logo foram restabelecidas, e o mercado voltou a atuar com cautela.
Além disso, Trump anunciou que planeja dobrar as tarifas sobre o aço importado pelo país, de 25% para 50%, e acusou a China de violar o acordo sobre o tarifaço. Em resposta, o Ministério do Comércio chinês disse que as acusações são “infundadas” e prometeu tomar medidas energéticas para proteger seus interesses, ampliando os temores de uma guerra comercial entre as duas potências.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: +1,28%;
Acumulado do mês: +0,72%;
Acumulado do ano: -7,47%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado do mês: +1,45%;
Acumulado do ano: +13,92%.
Impasse do IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio. (leia mais)
A medida foi anunciada no último dia 22 de maio, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, com o objetivo de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Nesta segunda-feira (2), Haddad disse que os ajustes em tributos, necessários para fechar as contas do orçamento de 2025, têm de ser tratados em conjunto com reformas estruturais — ou seja, com mudanças permanentes em regras para gastos públicos.
“Nós sabemos o que precisa ser feito. Precisamos tomar uma decisão política do que será feito. E, diante do que eu ouvi, acredito que nessa semana a gente possa resolver e melhorar tanto a regulação do IOF, mas aí combinado com as questões estruturais. Não dá para dissociar mais uma coisa da outra”, afirmou.
“Eu tenho duas alternativas. Uma é, com uma medida regulatória, resolver o problema de forma paliativa para cumprir as metas do ano. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar para as reformas estruturais. Em 2023, várias foram feitas, nós ganhamos nota com as agências de risco, ganhamos prestígio, os investimentos voltaram”, declarou.
Classificação da Moody’s
A agência de classificação de risco Moody’s anunciou na sexta-feira (30) a revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de “positiva” para “estável”. Apesar da mudança, o rating soberano do país foi mantido em Ba1, um nível abaixo do chamado grau de investimento.
Segundo a agência, a piora na perspectiva está relacionada às contas públicas, especialmente à “deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida”.
Além disso, a Moody’s citou:
o avanço mais lento do que o esperado na redução da rigidez dos gastos públicos e na construção de credibilidade fiscal;
a capacidade limitada do governo de reduzir significativamente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar a dívida no curto prazo;
e a estrutura da dívida pública, atrelada a juros variáveis e à inflação, o que torna o perfil fiscal altamente sensível às oscilações das taxas de juros.
Para a Moody’s, esses desafios limitam o potencial de crescimento do investimento e do Produto Interno Bruto (PIB), além de dificultarem o avanço das reformas econômicas “que, em geral, apoiam a qualidade do crédito do Brasil”.
Após a divulgação, o Ministério da Fazenda reafirmou seu compromisso “com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais, essenciais para garantir o maior crescimento econômico de longo prazo e assegurar o equilíbrio das contas públicas”.
O vai e vem das tarifas
Na semana passada, investidores chegaram a reagir com otimismo após o Tribunal do Comércio Internacional bloquear a maior parte das tarifas impostas por Donald Trump desde janeiro a produtos de mais de 180 países.
🔎 A decisão foi vista como positiva pois o mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Mas o alívio durou pouco. A Corte de Apelações do Circuito Federal dos EUA aceitou o recurso de Trump e restabeleceu o tarifaço no dia seguinte.
Assim, investidores voltaram a optar pela cautela, reacendendo os receios de que as tarifas cheguem nos preços aos consumidores e empresas norte-americanas.
Além disso, os temores aumentaram ainda mais depois que Trump acusou a China de violar o acordo sobre as tarifas. O republicano disse que só fechou o acordo para ajudar os chineses, para “salvá-los” de grave perigo econômico.
Em resposta, nesta segunda-feira (2), o Ministério do Comércio da China afirmou que as acusações são “infundadas” e prometeu tomar medidas enérgicas para proteger seus interesses, sem entrar em detalhes sobre possíveis medidas que poderia tomar.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse no domingo que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, provavelmente se reunirão em breve e que “isso será resolvido”.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Tarifaço de Trump volta a valer após tribunal aceitar recurso

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