A moeda norte-americana recuou avançou 0,91%, cotada a R$ 5,7180. Já a bolsa encerrou em queda de 1,09%, aos 137.027 pontos. Notas de dólar
Karolina Grabowska
O dólar fechou em alta de 0,91% nesta sexta-feira (30), cotado a R$ 5,7180. Na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 5,7403. O Ibovespa encerrou em queda de 1,09%, aos 137.027 pontos.
▶️ O principal destaque da agenda econômica de hoje no Brasil foi a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 1,4% no 1º trimestre de 2025. Os dados demonstram que a economia brasileira segue aquecida, apesar dos juros elevados. (leia mais abaixo)
▶️ Os investidores também seguem monitorando o impasse do governo em relação ao aumento do IOF. O Congresso já avalia 20 propostas para derrubar a medida, mas o ministro Fernando Haddad diz que, sem os R$ 20 bilhões previstos com a elevação do imposto, será necessário realizar novos cortes no Orçamento.
▶️ No exterior, o foco (ainda) é o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na quarta-feira, a Justiça americana bloqueou a maior parte das tarifas e os mercados reagiram bem, diante da diminuição do risco de inflação (entenda mais abaixo). No entanto, no dia seguinte, o Tribunal de apelações dos EUA restabeleceu as medidas.
▶️ Além disso, hoje, o republicano acusou a China de violar o acordo sobre as tarifas, voltando a acender os receios sobre uma guerra comercial entre as duas potências.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +1,28%;
Acumulado do mês: +0,72%;
Acumulado do ano: -7,47%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado do mês: +1,45%;
Acumulado do ano: +13,92%.
Divulgação do PIB
A alta de 1,4% no PIB do primeiro trimestre demonstra a resiliência da economia brasileira mesmo diante de taxas de juros elevadas, das incertezas no exterior e das preocupações com o equilíbrio das contas públicas.
“Tivemos forte retomada do agro através da safra recorde, depois de performance ruim em todo 2024. O mercado de trabalho aquecido propiciou manutenção dos salários em nível bastante elevado, trazendo estabilidade para o setor de serviços”, justifica José Alfaix, economista Da Rio Bravo Investimentos.
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No entanto, apesar do resultado positivo neste primeiro trimestre, os analistas do mercado financeiro acreditam que esse impulso deve ser temporário.
“A combinação de inflação persistente, juros elevados e consequente aperto das condições financeiras deve pesar sobre o desempenho da economia. Nesse contexto, a desaceleração não apenas se torna inevitável, como também necessária para a correção dos desequilíbrios atuais”, diz Igor Cadilhac, economista do PicPay.
O Banco Central tem dito constantemente que uma desaceleração da economia brasileira é necessária para controlar a inflação. Por isso, tem aumentando a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 14,75%.
🔎 A lógica é que juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e os investimentos. Com menos dinheiro circulando na economia, a tendência é que os preços cresçam em um ritmo mais lento.
Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o resultado mostra resiliência, mas não altera o diagnóstico estrutural.
“Sem equilíbrio fiscal e sem ambiente de confiança, o Brasil seguirá crescendo abaixo do seu potencial. Para o mercado, o dado é positivo, mas não muda o cenário de cautela”, afirma.
Impasse do IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio. (leia mais)
A medida foi anunciada na semana passada, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, com o objetivo de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
Desde então, a oposição e alguns parlamentares da base têm se articulado para derrubar a medida com um Projeto de Decreto Legislativo (PDL). Até agora, já foram apresentadas 22 propostas deste tipo: 20 na Câmara e 2 no Senado.
Nesta quinta, inclusive, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou ao blog da Andréia Sadi que o ambiente no Congresso é favorável à derrubada do decreto. “Se pautar [a derrubada], sem dúvida”, afirmou.
Do outro lado, o ministro Fernando Haddad diz que a revogação não está em discussão no momento. Na noite de quarta-feira, ele se reuniu com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para explicar as consequências fiscais da eventual queda do decreto.
Segundo ele, sem os R$ 20 bilhões esperados com a alta do IOF, o governo teria de promover novos cortes no Orçamento.
“Em nenhum momento se discutiu revogação da medida. O que está sendo discutido é como tratar o tema com responsabilidade, olhando para o equilíbrio fiscal e institucional do país”, disse o ministro.
Horas antes, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, havia admitido que a equipe econômica iria se “debruçar sobre alternativas” que possam substituir o aumento do imposto.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, chegou a afirmar que a avaliação do setor financeiro é que o equilíbrio das contas públicas “não deve vir de aumento de impostos, sobretudo regulatórios [como o IOF]”.
Tarifaço de Trump
O Tribunal do Comércio Internacional havia bloqueado, na noite desta quarta-feira (28), a maioria das tarifas impostas por Donald Trump desde janeiro a mais de 180 países.
Na decisão, os magistrados afirmam que o presidente excedeu sua autoridade ao impor, com base em uma lei de poderes emergenciais, taxas generalizadas sobre produtos importados de diversos países.
🔎 O bloqueio era visto de forma positiva pelos investidores, que entendem que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
A decisão, no entanto, não foi mantida. A Corte de Apelações do Circuito Federal dos EUA aceitou o recurso de Trump e restabeleceu o tarifaço.
Com isso, investidores voltaram a optar pela cautela, reacendendo os temores de que as tarifas cheguem nos preços aos consumidores e empresas norte-americanas.
Um relatório divulgado pelo Departamento do Comércio dos EUA divulgado nesta sexta-feira (30), por exemplo, indicou que os gastos do consumidor norte-americano aumentaram marginalmente em abril (+0,2%), com proprietários de imóveis optando por aumentar seus recursos na poupança, em meio à crescente incerteza econômica no país.
Apesar do aumento controlado dos preços, no entanto, a leitura dos economistas é que os efeitos inflacionários do tarifaço de Trump ainda não se manifestaram.
“Há evidências claras de que os consumidores estão se preparando”, disse Olu Sonola, chefe de pesquisa econômica dos EUA na Fitch Ratings, à Reuters. “O Fed receberá com satisfação a leitura favorável da inflação neste relatório, mas provavelmente a interpretará como a calmaria antes da tempestade.”
Além disso, outro fator que também segue na mira dos mercados é a possibilidade de uma nova onda de tensões entre EUA e China. Nesta sexta-feira, Trump afirmou que a China violou o acordo sobre as tarifas.
O republicano disse que só fechou o acordo para ajudar os chineses, para “salvá-los” de grave perigo econômico.
No meio da tarde, no entanto, Trump afirmou que conversará com o presidente da China, Xi Jinping, e disse que espera resolver suas divergências sobre comércio e tarifas, depois de acusar Pequim de violar um acordo com Washington.
“Tenho certeza de que falarei com o presidente Xi, e espero que resolvamos isso”, afirmou o republicano durante entrevista a jornalistas na Casa Branca, nesta sexta-feira.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
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