Página Inicial Saúde Educação sexual diminui impacto da pornografia em jovens – 24/07/2025 – Equilíbrio

Educação sexual diminui impacto da pornografia em jovens – 24/07/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

O quanto a exposição ao cenário atual de celulares e múltiplas telas, à disposição a qualquer hora, pode impactar no início da vida sexual dos adolescentes, especialmente quanto ao acesso que acaba sendo cada vez maior à pornografia? O que pais e responsáveis precisam saber sobre isso? Mais: como lidar com a situação?

Questões polêmicas e delicadas como essas martelam a cabeça do universo adulto, ainda mais quando não se vê uma luz no fim do túnel. Mas será que é só escuridão mesmo? Ou há, sim, muito a clarear?

Aposto na segunda opção. Há luz, sim. E nem é só no fim do túnel, mas sim em todo o trajeto. No entanto, essa claridade vai depender de cada pai, cada mãe e cada adulto responsável em compreender o seu papel de destaque na educação sexual da criança, do pré-adolescente e do adolescente.

E aqui há que se conceituar, para começo de conversa, o tema sexualidade, que é bem mais amplo do que a prática do sexo em si. Trago a ideia de sexualidade como um jeito de ser no mundo: de cada pessoa lidar com seu mundo interno (valores, crenças, limites, possibilidades) e com o mundo ao redor. Nesse sentido, os pais e as mães são os primeiros (e mais significativos) educadores sexuais dos filhos, pois são nossos modelos de como ser alguém no mundo.

É também esse conceito amplo que precisa ser trabalhado nas escolas, como sugestão dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a partir dos 6 ou 7 anos de idade. Os conceitos devem ir evoluindo à medida que a criança cresce e chega à pré-adolescência, momento em que os genitais amadurecem, as meninas começam a liberar óvulos e os meninos e produzir espermatozoides.

Isso ocorre por volta dos 11 ou 12 aos de idade. E, caso tenham relação sexual, já podem engravidar! Mas não quer dizer que devam, pois o corpo e o emocional ainda não estão prontos para isso, não é mesmo? Ou seja, nesta fase, ou até um pouco antes, já há que se explicar bem detalhadamente todo esse funcionamento reprodutivo e sexual. A escola deve fazer isso. A casa também.

Na verdade, em casa, a conversa sobre sexo deve ocorrer desde cedo, logo que surgirem aquelas perguntinhas incômodas e delicadas da infância. Claro que, para cada etapa, há uma

resposta adequada. Por exemplo, a uma criança de 5 anos que pergunta o que é sexo, os adultos em casa podem dizer algo como: “É quando papai e mamãe vão namorar”.

Às vezes, espertas que são, as crianças emendam: “Namorar pelado?” Muitos pais e mães nessa hora estremecem, mas podem responder: “Sim, namorar pelado, mas só pode fazer isso quando a pessoa for gente grande, como o papai e a mamãe”.

Assim não se desvia da pergunta, inscreve-se o sexo num campo afetivo (namorar) e dá-se uma noção adequada de limite (algo de “gente grande”). Esse também é um começo de caminho, apontam os sexólogos, para ir orientando crianças e fazendo prevenção a abusos sexuais.

Mas para quê toda essa digressão? O assunto aqui não é o cenário de múltiplas telas e o impacto do acesso ilimitado à pornografia na iniciação sexual do adolescente?

Sim, mas é justamente a educação sexual que esse jovem recebe que fará a diferença em sua iniciação sexual, ou que é a luz ao longo de todo o túnel, no cenário em que vivemos. É isso que muda toda a história e traz um impacto positivo, que faz toda a diferença.

É por meio de ter conversas e mais conversas em casa e na escola em relação a práticas sexuais saudáveis (com respeito aos próprios limites e aos de quem está ao lado), responsáveis (com uso de preservativo e métodos para evitar gravidez fora de hora) e prazerosas (com pessoas que sejam, de fato, significativas para cada um) que o jovem vai conquistando ferramentas para trilhar o cenário atual com maior bom senso e, claro, melhores escolhas.

É por meio do diálogo (o tal campo aberto para conversa que psicólogos e educadores tanto falam) que orientamos, por exemplo, que a pornografia pode ser um poderoso estimulante sexual para o mundo adulto. Mas isso é para o mundo adulto, não para o adolescente. Isso porque, no universo adulto, já se tem amadurecimento para lidar com tais conteúdos.

No mundo adolescente, um universo ainda em transição, recém-saído da infância, há que se “pegar leve” com tudo o que circunda as práticas sexuais. E isso inclui ousadias, excessos, misturas explosivas como álcool, drogas e sexo, além de, claro, consumo de pornografia.

Sabemos que adolescência é fase de experimentação. Mas é importante orientar e sugerir um adiamento de algumas práticas mais ousadas para uma etapa seguinte, a adulta, mais amadurecida e pronta a encarar melhor toda essa complexidade.

Obviamente, o trabalho de educação sexual, seja de pais e mães, de educadores, da sociedade como um todo, tem seus limites. O jovem, por si só, vai precisar ir adquirindo senso crítico para fazer as próprias escolhas e se responsabilizar por elas. Mas, como adultos, temos de fazer a nossa parte, que é oferecer educação sexual de qualidade. Você não acha?

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