Uma epidemia de cólera matou 70 pessoas em dois dias na capital do Sudão, anunciou nesta quinta-feira (29) o ministério da saúde local, no momento em que Cartum enfrenta um colapso dos serviços médicos após dois anos de guerra.
O ministério registrou 942 novas infecções e 25 mortes na quarta-feira (28), após 1.177 novos casos e 45 mortes na terça-feira, segundo um comunicado.
A epidemia foi declarada após semanas de bombardeios com drones —atribuídos aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido que estão em guerra com o Exército sudanês há mais de dois anos—, que provocaram o colapso do serviço de abastecimento de água e de energia elétrica na capital.
O conflito causou dezenas de milhares de mortes, deslocou 13 milhões de pessoas e provocou o que a ONU descreveu como “a pior crise humanitária” no mundo atualmente.
Em abril, o conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF) fez dois anos e, e, sem vias de um cessar-fogo, ameaça as frágeis democracias das nações no Chifre da África.
As infraestruturas do país estão em ruínas e 90% dos hospitais em zonas de conflito estão fechados.
Na terça-feira, o Ministério da Saúde sudanês anunciou uma intensificação da epidemia, com 2.729 casos e 172 mortes registradas em uma semana. O estado de Cartum concentra 90% das novas infecções.
As autoridades sudanesas consideram que 89% dos pacientes, que foram isolados, estão em processo de recuperação, mas expressaram preocupação com a falta de acesso à água potável, o que favorece a epidemia.