Página Inicial Saúde Escala de trabalho 4×3 faz bem à saúde, diz estudo – 21/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Escala de trabalho 4×3 faz bem à saúde, diz estudo – 21/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Uma semana com quatro dias de trabalho e três de descanso faz bem à saúde. A conclusão é de um estudo conduzido pela universidade americana Boston College e publicado nesta segunda-feira (21) na revista científica Nature Human Behaviour.

Durante seis meses, os pesquisadores observaram 141 empresas na Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos que demonstraram interesse na mudança, e usaram outras 12 empresas que mantiveram a semana de cinco dias de trabalho como grupo de controle. Os salários dos 2.896 funcionários que participaram do estudo foram mantidos como se correspondessem a cinco dias de trabalho.

“Notamos que os funcionários nas empresas que reduziram os dias de trabalho tiveram reduções significativas de burnout, além de melhora na saúde mental e física”, diz Wen Fan, uma das autoras do estudo. “A satisfação com o trabalho também aumentou.” Segundo a pesquisadora, essas mudanças não foram observadas no grupo de controle.

Fan afirma que a pesquisa tem limitações, como o fato de ter sido feita com empresas que já demonstravam valorizar o bem-estar dos funcionários e que já estavam inclinadas a fazer a mudança, o que pode inflar os efeitos positivos da redução de carga horária. “Por outro lado, é possível que funcionários de empresas mais rígidas e menos propensas a fazer essa mudança observassem ganhos ainda maiores”, diz ela, acrescentando que ambas as hipóteses merecem ser exploradas.

Os impactos na saúde física, segundo a pesquisa, demandam mais tempo de estudo para serem identificados com mais clareza. De acordo com Fan, as melhorias nesse aspecto seriam notadas em condições associadas ao estresse, como hipertensão, diabetes e problemas do sono.

No Brasil, o debate sobre a escala de trabalho começou a ganhar tração no final do ano passado, com a eleição de Rick Azevedo (PSOL-RJ) para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro sob a bandeira “vida além do trabalho”. O vereador pleiteia o fim da escala 6×1, em que se trabalha seis dias na semana para folgar apenas um.

A jornada de 44 horas semanais de trabalho, distribuídas em seis dias está prevista na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e é comum em setores como o do comércio, de bares, restaurantes e hotéis e o administrativo.

A causa foi abraçada no Congresso Nacional pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que protocolou em fevereiro uma PEC (proposta de emenda à Constitução) com a implementação da escala 4×3, de quatro dias de trabalho para três de descanso.

O tema foi mote que uniu centrais sindicais no 1º de Maio deste ano.

Segundo a pesquisadora Fan, existem diferentes formas de implementar uma escala de trabalho com três dias de descanso. Cada ramo e empresa vão ter diferentes necessidades —em algumas, a produtividade de cinco dias de trabalho pode ser mantida com o aumento de eficiência. A eliminação de reuniões desnecessárias é um exemplo.

Mesmo com redução de produtividade, o esquema pode compensar pela melhoria no bem-estar. “Mais de 90% das empresas que reduziram a jornada de trabalho para o estudo decidiram continuar com esse modelo”, conta Fan.

Os pontos positivos para funcionários são óbvios: menos casos de burnout, melhoria na saúde mental e física, mais satisfação com o trabalho e mais tempo com a família e em atividades de lazer.

Para os empregadores também existem vantagens. “Um ponto positivo é o papel no recrutamento e na retenção”, afirma Fan. Ela conta que uma das empresas que participou do estudo que tinha problemas para atrair talentos passou a ser visada por potenciais funcionários.

Isso porque a semana de trabalho mais curta é valorizada. “Alguns funcionários disseram que nem mesmo um aumento salarial os faria voltar para a semana de cinco dias”, diz.

“Muitos empregadores se importam de verdade com o bem-estar de seus funcionários, o que pode aumentar a produtividade e o lucro”, acrescenta.

Testes feitos com empresas brasileiras apontaram até mesmo aumento de produtividade.

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