Página Inicial Saúde Especialistas dão dicas de consumo alcoólico seguro – 23/05/2025 – Equilíbrio

Especialistas dão dicas de consumo alcoólico seguro – 23/05/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

Se ouviu dizer que vinho tinto é melhor do que cerveja ou outras bebidas destiladas, ou que destilados claros, como vodca ou gim, são menos prejudiciais do que os mais escuros, como rum ou uísque, temos más notícias.

“Álcool é álcool”, diz Jürgen Rehm, cientista sênior do Centro de Dependência e Saúde Mental de Toronto, no Canadá. Beber qualquer tipo ou quantidade de álcool faz mal à saúde.

Ainda assim, especialistas afirmam que nem sempre é razoável ou mesmo prático evitar completamente o álcool. Portanto, se for beber, existem algumas estratégias para reduzir o risco e evitar alguns dos outros efeitos desagradáveis da bebida, como as ressacas.

Por que o álcool é tão nocivo?

Quando bebemos, o corpo transforma o etanol presente na bebida alcoólica em uma substância chamada acetaldeído, que pode até danificar o DNA, explica Timothy Stockwell, pesquisador de álcool da Universidade de Victoria, no Canadá.

Muitos tecidos do corpo, incluindo os da boca, garganta, fígado, cólon e mama, são suscetíveis a esse dano. E quando esse DNA é reparado, podem surgir mutações cancerígenas.

É por isso que o consumo de álcool aumenta o risco de desenvolver pelo menos sete tipos de cânceres, explica Katherine Keyes, professora de epidemiologia na Universidade Columbia, nos Estados Unidos.

A ingestão excessiva de bebida —que inclui consumir, para mulheres, oito ou mais doses por semana e quatro ou mais doses por ocasião e, para homens, 15 ou mais doses por semana e cinco ou mais doses de uma vez— também está associado a muitas outras condições de saúde como doenças cardíacas e hepáticas, depressão, ansiedade e problemas de memória, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano.

Quanto mais etanol houver na bebida, mais prejudicial ela será, explica Keyes. Uma maneira de avaliar isso é observar o teor alcoólico (ABV), que os fabricantes devem listar nos rótulos dos produtos. Se estiver escolhendo entre duas cervejas do mesmo tamanho, por exemplo, e uma tiver 4% ABV e a outra 8%, a cerveja com 4% terá metade da quantidade de etanol.

Em geral, a cerveja tem menos etanol por volume do que o vinho que, por sua vez, tem menor teor do que destilados como vodca e tequila, diz Keyes. Mas pode haver grandes variações dentro dessas categorias, segundo Stockwell. Algumas cervejas fortes, por exemplo, têm teores alcoólicos mais altos do que os de alguns vinhos (ou mesmo de algumas bebidas destiladas, no extremo oposto).

Uma boa regra para reduzir a exposição ao álcool é, em geral, escolhendo bebidas com menor teor alcoólico, afirmam os especialistas. Mas também é importante prestar atenção à quantidade que está sendo ingerida.

Uma dose padrão de 300 ml de cerveja com 5% de ABV geralmente tem a mesma quantidade de álcool que 140 ml de uma taça de vinho com 12% de teor alcoólico ou 40 ml da dose de uma bebida destilada com 40%.

Pode ser complicado calcular o teor alcoólico de coquetéis, afirma Peng-Sheng (Brian) Ting, professor assistente de clínica médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Tulane, já que eles costumam ser feitos com refrigerantes, sucos e, às vezes, vários tipos de álcool. Por isso, ele recomenda optar por vinho ou cerveja em situações em que é necessário saber exatamente a quantidade de etanol que está sendo consumida.

Alguns tipos de álcool também são bastante calóricos, o que, quando consumido em excesso, pode aumentar o risco de ganho de peso e obesidade. E alguns drinques que levam sucos e refrigerantes podem conter açúcares adicionados, aumentando também o risco de outras condições de saúde, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.

Keyes também recomenda evitar o consumo de bebidas alcoólicas misturadas com cafeína (como martinis de expresso ou vodca com energético). O aumento de energia obtida através delas pode causar a sensação de menos embriaguez o que pode ocasionar um maior consumo alcóolico.

Embora não exista evidências de que bebidas destiladas escuras sejam mais prejudiciais à saúde do que as claras, há poucas pesquisas sugerindo que as mais escuras possam causar ressacas mais intensas, diz Damaris Rohsenow, professora do Centro de Estudos sobre Álcool e Dependência Química da Universidade Brown.

Bebidas destiladas escuras (como bourbon, rum e conhaque) tendem a apresentar níveis mais elevados de congêneres, substâncias criadas durante o processo de fermentação e que contribuem para o sabor, o aroma e a cor. Mais congêneres geralmente se traduzem em ressacas mais intensas, explica Rohsenow.

No entanto, pode haver exceções à regra de que “quanto mais transparente, melhor”, acrescenta. Algumas tequilas, que podem ser transparentes ou de cor clara, por exemplo, podem ter alto teor de congêneres e levar a ressacas piores.

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