Página Inicial Tecnologia Está pronto para os IAmigos? IA cria ‘muleta’ e afasta conexão genuína

Está pronto para os IAmigos? IA cria ‘muleta’ e afasta conexão genuína

Publicado pela Redação

Mas será que isso é uma solução ou um aprofundamento do problema? Amigos de verdade oferecem apoio mútuo, desafiam nossas ideias e compartilham experiências imprevisíveis. Um chatbot pode até simular diálogos, mas substituir conexões reais por interações algorítmicas pode atrofiar nossas habilidades sociais, tornando-nos menos aptos a enfrentar rejeições ou vulnerabilidades.

Encontrando a transcendência no ChatGPT

A promessa de conexão da IA pode ser especialmente complexa para pessoas que estão buscando sentido e validação em um mundo caótico. Um artigo recente da Rolling Stone destacou casos de indivíduos que desenvolveram delírios espirituais após interações com o ChatGPT. Uma mulher relatou que seu parceiro, após semanas usando o chatbot, passou a acreditar que era o “próximo messias”, com a IA alimentando narrativas de grandeza espiritual.

Outro caso envolveu um homem cuja esposa, após a separação, começou a “conversar com Deus e anjos” via ChatGPT, convencida de que tinha uma missão divina. Esses episódios, descritos como “psicose induzida por ChatGPT”, mostram como a IA pode amplificar tendências preexistentes.

Todos nós precisamos de histórias para dar sentido à vida. Um terapeuta, por exemplo, ajuda a construir narrativas que promovem resiliência e autocompreensão, sempre ancoradas na realidade. No entanto, a IA não tem o discernimento de um profissional e pode reforçar ideias delirantes, simplesmente porque é projetada para gerar respostas que agradem ou confirmem o que o usuário está buscando. Diferentemente de um terapeuta, que evitaria fantasias ou missões cósmicas, um chatbot pode alimentar essas ilusões, especialmente quando o usuário já está inclinado a acreditar nelas. O resultado é uma desconexão ainda maior da realidade, com impactos devastadores em relacionamentos e na saúde mental.

Calibrando as expectativas com a IA

A IA está aqui para ficar, e seu potencial é inegável — de ferramentas que auxiliam na comunicação a assistentes que simplificam tarefas diárias. Ela pode até oferecer um espaço seguro para praticar diálogos ou explorar emoções. Mas enxergá-la como um substituto para conexões humanas é um erro perigoso. A solidão não será resolvida por chatbots que simulam amizade, mas por esforços coletivos que priorizem a interação real — desde políticas públicas que promovam espaços comunitários até mudanças culturais que valorizem o esforço de construir laços.

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