O cyberbullying em qualquer forma pode causar sintomas de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e deve ser considerado uma “experiência adversa na infância”, segundo um estudo recente.
Em um artigo no BMC Public Health, pesquisadores selecionaram uma amostra de jovens com idades entre 13 e 17 anos nos Estados Unidos, com 53,9% do grupo tendo relatado ter sofrido cyberbullying no passado.
Mais da metade dos selecionados diz ter sido vítima de comentários maldosos ou ofensivos nas redes, de boatos espalhados ou intencionalmente excluídos de grupos de mensagens ou bate-papo nas plataformas nos últimos 30 dias.
Os meninos que sofreram essas formas de cyberbullying “obtiveram pontuações significativamente mais baixas do que as meninas na escala de trauma”, e os alunos mais jovens relataram mais traumas do que os colegas mais velhos.
Quanto maior a exposição ao bullying virtual, maior o trauma relatado pelo jovem, mas o tipo de cyberbullying não estava relacionado à gravidade do trauma.
“Como nossa pesquisa demonstra claramente, o cyberbullying em qualquer forma –seja na exclusão em grupos ou ameaças diretas– pode levar a traumas significativos em jovens”, explica Sameer Hinduja, professor da Escola de Criminologia e Justiça Criminal da Florida Atlantic University e principal autor do artigo, em um comunicado.
“Ficamos surpresos ao descobrir que nenhum tipo de cyberbullying causou mais danos do que outros; todos apresentavam um risco semelhante de consequências traumáticas. Isso significa que não podemos nos dar ao luxo de descartar ou banalizar certos comportamentos como ‘menos graves’ –ser excluído ou alvo de boatos pode ser tão prejudicial quanto ataques mais explícitos”, completa o autor.
Devido à ligação entre o cyberbullying e os sintomas de TEPT, escrevem os pesquisadores, as escolas devem oferecer atendimento sensível ao trauma e desenvolvimento de habilidades para ajudar os alunos a desenvolver bons mecanismos de enfrentamento, inclusive com planos de intervenção para lidar com as importunações.
“Parece vital evitar priorizar ou banalizar qualquer tipo específico [de cyberbullying] em detrimento de outro”, concluem os especialistas.