A vacina contra Covid-19 não é mais recomendada para crianças saudáveis ou mulheres grávidas saudáveis, anunciou o Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. na terça-feira.
As vacinas haviam sido recomendadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) desde que se tornaram disponíveis para esses grupos há vários anos.
“Não poderia estar mais satisfeito em anunciar que, a partir de hoje, a vacina contra Covid-19 para crianças saudáveis e mulheres grávidas saudáveis foi removida do calendário de imunização recomendado pelo CDC”, diz Kennedy em um vídeo que publicou na plataforma social X.
Antes de se tornar parte da administração Trump, Kennedy havia feito uma longa campanha contra a vacinação de crianças para protegê-las da Covid-19.
Kennedy diz no anúncio em vídeo que não havia dados clínicos para apoiar doses adicionais para crianças saudáveis. No entanto, pediatras apontam que os bebês mais jovens estão entre os que enfrentam maiores riscos de hospitalização, semelhante aos adultos mais velhos.
A nova política segue a decisão da FDA (órgão regulador de medicamentos americano) da semana passada de exigir novos dados antes de aprovar as vacinas para crianças. Mas o anúncio de Kennedy parece contradizer a política da FDA que inclui a gravidez na lista de condições que colocam as pessoas em alto risco de Covid-19.
No geral, os números absolutos de crianças que ficaram gravemente doentes com Covid-19 são baixos. Mas crianças menores de 4 anos continuam em alto risco da doença, e crianças com condições médicas ainda se qualificariam para a vacina.
Mulheres grávidas têm maior risco de ficarem gravemente doentes com Covid-19, serem hospitalizadas, precisarem de cuidados intensivos e morrerem, diz Denise Jamieson, que atua no comitê de imunização do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas e também é conselheira do CDC sobre vacinas.
A infecção por Covid-19 durante a gravidez também está “associada a vários resultados adversos na gravidez, incluindo pré-eclâmpsia, parto prematuro e natimorto”, especialmente entre mulheres com doença grave, de acordo com o CDC.
Considera-se que mulheres grávidas vacinadas oferecem proteção a bebês pequenos, que até os 6 meses de idade enfrentam um risco de hospitalização equivalente ao de adultos no final dos 60 e início dos 70 anos, segundo Sean O’Leary, especialista em vacinas pediátricas da Academia Americana de Pediatria.
No entanto, Kennedy não ofereceu uma explicação para a remoção da vacina da lista de imunizações recomendadas para mulheres grávidas.