Atualmente, juro básico está em 14,75% ao ano, maior em quase 20 anos. O BC tem dito claramente que uma desaceleração da economia faz parte da estratégia de conter a inflação no país, e que aguarda por isso antes de pensar em reduzir o juro. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19) que faz sentido que o Banco Central mantenha taxas de juros em um patamar elevado, chamado de “mais restritivo” no jargão técnico, por um período mais prolongado de tempo.
As declarações foram dadas durante palestra no 12th Annual Brazil Macro Conference, promovido pelo Banco Goldman Sachs, em São Paulo.
Na semana retrasada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior nível em quase 20 anos. O mercado financeiro acredita que essa foi a última elevação dos juros neste ano, e prevê cortes somente a partir de 2026.
“É normal que comece um pouco a discussão sobre o prazo de manutenção da taxa de juros em um patamar restritivo, porque nesse nível que a gente está começa a ter peso maior o período que você permanece do que essa calibragem na questão da convergência para a inflação”, declarou Galipolo, do BC.
“A gente tem reforçado que, com as expectativas [de inflação] desancoradas [acima da metra central] e com o cenário que a gente tem assistido, e até com o histórico mais recente, faz sentido a gente permanecer com essas taxas de juros em um patamar mais restritivo por um tempo mais prolongado do que usualmente costuma se praticar. Estamos no quarto ano com taxa de crescimento [do PIB] acima de 3%”, acrescentou ele.
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Desaceleração da economia
O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.
Avalia que isso é um “elemento necessário para a convergência da inflação à meta [de inflação, de 3%]”.
Em março, Galípolo, avaliou que há sinais de desaceleração da economia, mas que eles ainda são muito iniciais e que é necessário manter vigilância sobre o comportamento dos preços.
O Banco Banco Central projetam um ritmo mais lento para a economia neste ano. O mercado estima um crescimento de 2,02% em 2025, contra 3,4% no ano passado. O BC projeto uma expansão de 1,9% neste ano.
▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta semana, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo. Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
▶️O Banco Central também informou que o juro alto já contribui para desaceleração da atividade e que impacto na geração de empregos deve se aprofundar.
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Entenda como age o BC
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, pode baixar os juros. Se estão acima, tende a manter ou subir a Selic.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 5,5% (com estouro da meta), 4,5%, 4% e em 3,80%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.
O BC admitiu recentemente que a meta de inflação pode ser novamente descumprida em junho deste ano, ao completar seis meses seguidos acima do teto de 4,5%.
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