Página Inicial Saúde Implanon no SUS: como funciona o implante contraceptivo – 04/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Implanon no SUS: como funciona o implante contraceptivo – 04/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (3) que o implante hormonal contraceptivo Implanon será oferecido no SUS (Sistema Único de Saúde) ainda neste ano.

Considerado altamente eficaz por especialistas, o Implanon é comercializado desde 1999 na Europa e chegou ao Brasil em 2001. Funciona a partir da liberação de etonogestrel, um derivado sintético da progestesterona, hormônio feminino essencial para o ciclo menstrual e a gravidez.

Segundo Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da comissão especializada em anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações em Ginecologia e Obstetrícia), o implante hormonal atua de duas formas como anticoncepcional: não deixa a ovulação acontecer e produz uma espécie de tampão no colo do útero que impede a chegada dos espermatozoides ao ovário.

“Por isso é um método tão eficaz, porque age de duas formas importantes para evitar a gravidez”, diz.

De acordo com a médica, um estudo já mostrou que, de cada 10 mil pacientes que usavam o Implanon, apenas 5 engravidaram. Especialistas apontam que a taxa de falha do medicamento é de 0,05%.

O implante pode ser feito em pessoas que tenham a partir de 14 anos e estejam em período reprodutivo. A principal contraindicação de uso, segundo Ilza Maria Monteiro, é para pacientes que tiveram câncer de mama, que não podem usar métodos contraceptivos hormonais.

Aplicado de forma subdérmica, geralmente próximo ao bíceps, o dispositivo pode ficar papável ao toque. A aplicação é feita com anestesia local, e o implante impede a gravidez por três anos.

“O ideal é que ele não fique profundo, para não ser difícil de retirar. Os profissionais precisam estar bem treinados”, explica a médica.

O efeito anticoncepcional começa a funcionar logo após a aplicação, feita geralmente no início do ciclo menstrual. Após a inserção do dispositivo, o ciclo leva cerca de três meses para se adaptar.

Dentre os efeitos indesejados são comuns, especialmente no início do tratamento, sangramentos irregulares e dores de cabeça.

Apesar de eficaz, a especialista diz que não é possível afirmar que o método contraceptivo seja “padrão ouro”. “Não dá para definir isso, porque nenhum método vai ser perfeito para todo mundo. O ideal é ter mais opções para uma maior satisfação”, diz.

O Ministério da Saúde afirma que a expectativa é atender 500 mil mulheres ainda neste ano e distribuir até 1,8 milhão de implantes até 2026.

O processo, contudo, não é tão rápido. Segundo a pasta, a portaria que oficializa a incorporação do contraceptivo no SUS deve ser publicada nos próximos dias e, a partir da data de publicação, as áreas técnicas terão 180 dias para efetivar a oferta —processo que envolve atualização das diretrizes clínicas, aquisição e distribuição do insumo e capacitação e habilitação dos profissionais para a aplicação do implante.

Quem usa o Implanon menstrua?

O Implanon pode provocar outras alterações no corpo, e a chance de parar de menstruar a partir da aplicação do implante é de aproximadamente 40%.

Segundo Ilza Monteiro, cerca de 75% das pessoas que optam pelo método apresentam algum tipo de alteração no ciclo menstrual —diminuição nos dias de ciclo, aumento do intervalos menstrual e não menstruação completa, por exemplo.

“É importante lembrar que não dá para saber qual será o padrão menstrual da paciente após o uso do Implanon. Existe uma estimativa de que 25% das pacientes desenvolvam um padrão menstrual não confortável após o uso”, diz a ginecologista.

Ela conta que algumas pacientes procuram o método para parar de menstruar, mas a aplicação do implante não significa que isso necessariamente vá acontecer. “Isso é uma coisa que não dá para garantir porque não sabemos em qual grupo essa mulher vai estar”, diz.

O medicamento não tem indicação para uso além do anticoncecpcional, como no tratamento de sintomas da menopausa, por exemplo. “Ainda não existe evidência para isso. Agora, com a disponibilização gratuita, talvez tenhamos conhecimento sobre mais efeitos benéficos do Implanon”, diz.

No Brasil, o único implante hormonal contraceptivo com venda permitida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o Implanon, fabricado pela farmacêutica holandesa Organon. Segundo a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), o preço máximo do medicamento pode chegar a R$ 1.267,35 em farmácias.

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